OPINIÃO
Bruno Reis na berlinda
Cientista político Claudio André de Souza analisa como a perda de capital político em Salvador altera o tabuleiro sucessório na Bahia

Por Cláudio André de Souza*

A pesquisa AtlasIntel publicada na semana passada oferece um panorama sobre o desempenho de governadores e prefeitos de capital em 2025, ajudando a analisar o nível de disputa eleitoral a se intensificar a partir de 2026.
O primeiro retrato mostra os desafios do governador Jerônimo Rodrigues (PT) no estado. A sua aprovação ficou em 51% e 45% de reprovação, ficando em 11º lugar no ranking, patamar próximo a outro governador de um grande colégio eleitoral, Tarcísio de Freitas (56%), mas ambos ficaram distantes de Romeu Zema (42%) e Cláudio Castro (41%). O governador baiano ainda subiu duas posições em relação ao ranking de 2024.
Outros dados consolidam uma preocupação ainda mais contundente ao petista, já que, apesar do forte alinhamento nacional com o presidente Lula como o maior capital político do governador para a sua reeleição, o desempenho por área mostra o governador petista ainda com uma avaliação negativa próximo aos 50% (Segurança Pública, 45%; Saúde, 47%; Educação, 47% etc.), o que obriga o governo baiano a perseguir uma melhora emergencial a curto prazo na percepção das principais políticas públicas do estado.
A AtlasIntel também avaliou os prefeitos de capital e no ranking geral de prefeitos de capital, o prefeito ficou em 10º lugar com 56% de aprovação, um patamar muito próximo ao obtido pelo governador Jerônimo em toda a Bahia. Vale ressaltar, que o prefeito saiu da eleição de 2024 com 78% dos votos válidos. Em tese, o prefeito perdeu cerca de 30% do seu capital político adquirido nas urnas, assim como sete posições no ranking da Atlas (2024-2025).
No entanto, o resultado catastrófico para o prefeito veio na avaliação do seu governo com uma avaliação positiva de 27%, sendo que 57% acham o seu governo regular e 15% fazem uma avaliação negativa do segundo mandato do prefeito Bruno Reis. Em linhas gerais, o prefeito derreteu o seu capital político, parecendo que abandonou as bases e está sofrendo uma espécie de “paralisia administrativa”. Se temos 57% das pessoas avaliando que o governo eleito com 78% de votos está regular, podemos inferir que há um sentimento se espraiando que o segundo governo de Bruno Reis está muito abaixo do que foi o primeiro.
A estratégia de ACM Neto para ser novamente candidato a governador em oposição ao PT perpassa em elevar a chance de votos nas maiores cidades para permitir que a sua derrota nos pequenos municípios não ameace seus planos em derrotar Jerônimo em 2026. O resultado da pesquisa em Salvador acende o sinal de alerta se o prefeito ajudará ou atrapalhará a disputa estadual em um momento difícil para a oposição, já que o governo do estado avança com entregas e realizações estratégicas nas maiores cidades baianas. Bruno Reis começará 2026 na berlinda.
*Professor adjunto de Ciência Política da UNILAB e pesquisador do Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da UFRB. E-mail: [email protected]
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes
