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Editorial - Ação solidária

Confira editorial do Jornal A TARDE deste domingo, 30

Por Redação

01/12/2024 - 5:00 h

O entusiasmo e o estresse gerados pela promoção Black Friday já estão no passado, e embora a temporalidade afetiva da alegria do consumo perdure como nostalgia e siga rumo ao período de festas, o calendário já aponta datas nas quais o valor da ação solidária corre em paralelo ao ímpeto individual da compra, pois trata-se de alegrar-se com a alegria do outro, com algum mimo e alimento.

Quem ama, dá sem hesitar; quem não ama, pode ser generoso, produzindo um bem sem reivindicar nada em troca; quem não ama e nem é generoso, ainda pode ser solidário, quando convergem os interesses de fazer uma família, uma criança, um pedinte feliz, ao menos por alguns átimos de segundo.

De pé, ó vítimas da fome, a Terra ainda conserva seus senhores, resultando em absurdas desigualdades, dir-se-ia um furto ancestral hoje banalizado com legitimidade das instituições, acrescentando ao ideário da normatividade das forças reativas o fato de multidões famélicas tentarem catar migalhas dos restos de panetone da burguesia.

Justifica-se, destarte, de sobeja, o esforço de A TARDE em destacar o tema em reportagem de manchete, no sentido de proteger a prática virtuosa da caridade, tanto mais valiosa quanto não se sabe o destinatário dos bens, não cabendo o cabotinismo, defeito moral com potência para derreter-se na vaidade.

Ao começar dezembro, é possível permitir-se exercitar o raciocínio acerca da filosofia moral legada por Jesus Cristo, para quem não bastava estar bem, ter se alimentado, era preciso incluir toda a coletividade, como bem demonstrou ao multiplicar e distribuir 5 mil pães e igual quantidade de peixes.

Há classes sociais, desde as remediadas às rentistas, nas quais o queijo suíço e o peru são garantidos e até desperdiçados, tal a fartura, no entanto, é preciso articular a rede de organizações e pessoas pré-dispostas ao dom da empatia, na luta por fazer da expressão “Feliz Natal” algo verdadeiro e pautado em realidade objetiva, em vez da saudação vazia de sentido preferida pelos autocentrados.

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