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Igreja do Bonfim e final de ano

Bonfim e ano novo: recomeço, fé e o sentido da lavagem das escadarias

Rafael Fachinetti Brandão*

Por Rafael Fachinetti Brandão*

10/12/2025 - 9:17 h
Na foto, Rafael Fachinetti Brandão
Na foto, Rafael Fachinetti Brandão -

Dezembro chega e todo final de ano é igual.

O ano se despede em passos mansos, e nós, que carregamos o peso e a leveza dos meses vividos, fazemos a velha reflexão: guardamos o que deu certo, soltamos o que feriu, e deixamos nascer, com muita expectativa, a esperança de um ano que ainda irá chegar.

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E o que tem a igreja do Bonfim com isso?

Em Salvador, quando o calendário anuncia o fim, os caminhos se voltam para a Sagrada Colina.

Uns sobem para agradecer, outros para pedir, alguns para pagar promessas, e há quem vá apenas para sentir o corpo em movimento, naquele treino gostoso de fazer. Motivos variam, mas a alma é a mesma: a fé que anda, porque “quem tem fé, vai a pé”.

O Bonfim e o ano novo conversam entre si há séculos — ambos falam de recomeços.

Depois de tantos anos subindo aquela colina, -iniciei com meu mestre Ricardo Gordilho, que todo ano desfila com sua equipe G3-, encontrei em Jorge Amado uma revelação que ilumina a famosa lavagem das escadarias.

Como eu não sabia — talvez alguns também não —, vale a pena dividir o descobrimento , sendo quase um gesto de fé.

Em “O Sumiço da Santa”, indicação de meu grande amigo Antônio Carneiro (poeta moderno e conhecedor de boas historias), o velho Amado narra que Oxalá — pai de Oxóssi, Ogum e Xangô — desceu ao mundo para sentir de perto o reino de seus filhos.

Vestiu-se de mendigo para enxergar a humanidade sem máscaras.

Mas foi confundido, maltratado, preso por vadiagem.

Ali, em condições sub-humanas, foi até dado como morto.

Até que, anos depois, Oxóssi o encontrou.

Retirou-o às pressas, chamou as baianas, que o receberam com todas as honrarias, acalmaram seu espírito e lhe deram o banho que afastava o mal e abria caminhos para o bem.

Assim, de acordo com o velho e gênio Amado, nasceu o sentido da famosa lavagem das escadarias:

limpar o que o mundo mancha, renovar aquilo que a vida insiste em derrubar, abrir espaço para o que é novo e o que dá esperança.

E não é disso que falamos quando o ano termina?

Ano novo e Bonfim partilham o mesmo gesto:

afastar o que há de ruim, permitir que o que é bom se aproxime, entregar o coração ao que ainda pode ser.

Por isso, qualquer que seja o motivo — agradecer, pedir, pagar promessa, se desculpar — vá ao Bonfim.

E vá mesmo, na forma sagrada ou profana, especialmente na lavagem, que em 2026 será no dia 15 de janeiro.

Deixe que a fé lave o que precisa ser lavado, renove o que precisa renascer, e lembre-se sempre: “quem tem fé, vai a pé”.

*Rafael Fachinetti Brandão é advogado e sócio do BFC advogados.

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