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Lula e o trem suicida

Confira o artigo de Emiliano José desta segunda-feira, 6

Emiliano José*

Por Emiliano José*

06/10/2025 - 5:45 h
Presidente Lula (PT)
Presidente Lula (PT) -

Não enxerga quem não quer: o mundo vive uma crise sem precedentes. Estamos a bordo de um trem suicida, diria Michael Löwy. Célere em direção ao abismo, na direção de um impasse civilizatório, a envolver a miséria e a fome de milhões de pessoas e uma óbvia catástrofe ecológica, climática. Tudo fruto da civilização moderna, do capitalismo. A tarefa revolucionária desse tempo é parar esse trem, ou perecermos todos. Exagero? Não.

No meio dessa crise, como o novo não tem força, o velho não quer largar o osso, surgem os monstros. A extrema-direita cresce, com toda ferocidade. Querendo mais e mais neoliberalismo, mais e mais fome, mais e mais guerra, capitaneada pelos EUA, um império em óbvia decadência, dobrando a aposta, aprofundando a catástrofe, e levando à frente genocídios terríveis, como o de Gaza.

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Foi este o mundo encarado por Lula, no discurso dele, na ONU, no dia 23 de setembro do ano da graça de 2025. Bastaram escassos 19 minutos para ele defender, de modo cristalino e irrefutável, a soberania, o multilateralismo, o meio ambiente e a paz, tudo isso inseparável do combate às obscenas desigualdades exibidas mundo afora. Calou fundo o contraste entre a fala de um estadista mundial e a de Trump, recheada de fake news, se não quisermos chamar de mentiras, propaganda destinada a aprofundar a catástrofe da humanidade.

Defendeu o Brasil a democracia conquistada depois de 21 anos de ditadura, criticou duramente o tarifaço de 50% imposto pelo presidente norte-americano, defendeu a independência do Poder Judiciário. Desancou, sem citar nome, o filho do ex-presidente, típico traidor da pátria como eu gosto de chamá-lo, com propriedade. Recusou trocar pacificação por impunidade. Registrou: pela primeira vez na história um ex-presidente é condenado por atentar contra o Estado Democrático de Direito.

E o tal ex-presidente foi condenado com amplo direito de defesa, prerrogativa negada pela ditadura, sempre, e aqui é a palavra de um sobrevivente, condenado a oito anos de prisão, quatro deles cumpridos na Penitenciária Lemos Brito, em Salvador. Lula não deixou quaisquer dúvidas: a democracia e a soberania brasileiras são inegociáveis.

E democracia, insistiu o presidente, é inseparável da redução das desigualdades e do acesso a direitos básicos, sem o que não será democracia. A barbárie em Gaza não ficou de fora – Lula repetiu a condenação àquele genocídio. Não se trata, ele disse, somente do crime bárbaro da tentativa do extermínio de um povo, mas de uma guerra a tentar aniquilar o sonho de uma nação.

Lula não cumpriu um protocolo apenas: ao falar, mais uma vez, revelou-se como liderança mundial, a contribuir, com palavras tão densas, para deter o trem suicida em direção ao abismo. Depende de muita gente. Mas, dele nunca se espere indiferença. Segue na trilha do pessimismo da inteligência, otimismo da vontade.

*Emiliano José é jornalista e escritor.

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