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ARMANDO AVENA

O Senhor das Moscas

Uma reflexão sobre “O Senhor das Moscas”, de William Golding, e os perigos do poder sem lei

Armando Avena*

Por Armando Avena*

05/09/2025 - 8:02 h
Belzebu: o mal primitivo que habita o homem
Belzebu: o mal primitivo que habita o homem -

O avião caiu em uma ilha deserta deixando um enorme rastro na floresta. Nenhum adulto sobreviveu, apenas as crianças. São meninos, alguns maiores, com doze e treze anos, outros, a maioria, menores, mas todos meio apavorados naquela ilha cheia de mistérios. Aos poucos, percebem que terão de cuidar de si mesmos, arranjar comida, proteger-se dos animais selvagens e até acender uma fogueira para que os aviões que passarem percebam que eles estão ali e possam salvá-los. Mas como fazer isso? Como ordenar essa sociedade, sem adultos?

E vão aparecendo as lideranças. Um deles, Ralph, tem certo pendor político e buscando estabelecer alguma ordem, organiza, a partir de um símbolo, uma concha, um ritual que reúne a todos para, através do voto, tomarem as decisões. Com o som da concha, convoca todos para a assembleia e cada um pode pedir a concha e de posse dela dar sua opinião. Ele apoia-se em outro menino, muito inteligente e que induz o grupo a agir racionalmente, mas sem qualquer carisma, um prato feito para o bullying e cujo apelido, Porquinho, já induz isso. A liderança de Ralph, ainda que aceita num primeiro momento, é contestada muitas vezes por Jack, aquele que caça melhor e que comanda os meninos caçadores.

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Como sempre ocorre nas sociedades humanas, há sempre alguém que se destaca por ter uma visão mais espiritual e não buscar o poder.

Simon, um menino introspectivo e misterioso, mas solidário e que cuida das crianças menores.

Os desafios são enormes e o medo maior ainda. A busca pela comida, as doenças, o desejo que tudo se resolva rapidamente vão minando a confiança inicial dos meninos e a partir de certo momento um medo irrefreável passa a dominar as crianças. Eles têm medo de uma criatura misteriosa que acreditam existir na ilha: The Beast.

Simon alerta que o “mal está dentro de nós”, mas Jack, alimentando o medo da besta, aproveitando a insatisfação de muitas crianças e cansado de tanta discussão em torno da concha, decide tentar assumir a liderança, através de uma eleição na assembleia de meninos. Perde a eleição, não aceita a derrota e monta seu próprio grupo, um clã de caçadores, com rituais violentos e centrados na força. A polarização toma de assalto o grupo de crianças perdidas na ilha.

O que vem depois é Belzebu. E não vou contar ao leitor, para não tirar dele o prazer de ler O Senhor das Moscas, de William Golding, uma alegoria sobre os caminhos que pode tomar a sociedade humana quando precisa viver em grupo. Uma fábula sobre os descaminhos do poder autoritário.

Belzebu vem do hebraico e significa exatamente O Senhor das Moscas. Está no Antigo Testamento, no Livro dos Reis, e representa a decomposição e a podridão, próximas ao lixo e à morte e sempre rodeadas de moscas. Belzebu é o mal primitivo que domina o homem quando ele passa a viver sem lei e sem justiça.

* Armando Avena é escritor, jornalista e economista, membro da Academia de Letras da Bahia – ALB.

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