OPINIÃO
O tarifaço americano e a economia baiana
Secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia comenta decisão de Trump
Por Ângelo Almeida*

Sabemos que as relações comerciais entre países são cruciais para o funcionamento da economia de ambos os lados. Isso inclui parcerias estratégicas, acordos internacionais e participações em cadeias de valor globais, com impactos no desenvolvimento econômico dos países. O anúncio do presidente americano Donald Trump sobre a aplicação de uma tarifa de 50% sobre importações de produtos brasileiros, a partir do dia 1º de agosto deste ano, ameaça fortemente a competitividade do Brasil e da Bahia, já que nossos produtos ficarão consideravelmente mais caros no mercado norte-americano.
O jogo de manipulação por parte do governo Trump para atingir objetivos políticos, afrontando a soberania de um país, é inadmissível, e os efeitos podem ser catastróficos — como a retração do crescimento econômico brasileiro, a desvalorização do dólar e o aumento da inflação interna.
Os Estados Unidos são parceiros comerciais importantes para a Bahia, sendo o terceiro destino internacional das exportações do estado. Só em 2024, foram exportados US$ 882 milhões (valor FOB) para o mercado norte-americano, com destaque para produtos como pneumáticos, manteiga de cacau, óleos de petróleo ou minerais betuminosos, frutas e café não torrado, de acordo com o ComexStat (2025).
A taxação que o governo Trump quer impor aos produtos brasileiros — inclusive aos produtos baianos — nos torna mais vulneráveis. Os custos elevados pelas tarifas reduzirão a competitividade, diminuindo os volumes exportados, causando queda nas receitas e acúmulo de estoque. Entre 2019 e 2022, a Bahia sofreu com o governo nefasto de Bolsonaro, que impactou negativamente a economia baiana ao reduzir os investimentos de bancos públicos em financiamentos produtivos no nosso estado. E, neste momento, vemos a possibilidade de a Bahia perder competitividade mais uma vez.
Paradoxalmente, estamos vendo líderes políticos da extrema-direita comemorarem a medida tarifária do presidente americano, mesmo quando um dos setores mais atingidos será o agronegócio — justamente o que lhes deu lastro político para chegar ao poder e fazer tão mau uso do mesmo.
Estamos em posição de alerta neste contexto de conflito tarifário. A economia do estado deve ser afetada em diversas frentes estratégicas, para além do impacto direto nas exportações baianas. Vamos monitorar possíveis impactos na indústria local, já que a Bahia importa dos Estados Unidos insumos essenciais e, em caso de retaliação do Brasil, novas tarifas podem ser impostas pelo governo Trump, acarretando aumento de custos na produção e risco de desaceleração industrial.
Entretanto, acima de qualquer decisão unilateral e intransigente, está o compromisso do Governo da Bahia com o desenvolvimento do nosso estado e a defesa da nossa soberania, lado a lado com o Governo Lula. Somos a Bahia — um estado forte, resiliente e corajoso.
*Ângelo Almeida é secretário de Desenvolvimento Econômico do Estado da Bahia
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