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OPINIÃO

Operação Fênix Dourada ou o resgate de Bolsonaro

Artigo de Jolivaldo Freitas sobre a situação do ex-presidente do Brasil

Jolivaldo Freitas*

Por Jolivaldo Freitas*

12/09/2025 - 13:20 h
Jolivaldo Freitas
Jolivaldo Freitas -

Parecia um quadro impressionista. Quem olhava podia apreciar a boca da madrugada e foi um dia de belo crepúsculo em Brasília que pintava o céu de tons de laranja e roxo. Por trás da escura noite de nuvens pesadas que determinavam sombras como paisagem vinha a aparição silenciosa do V-22 Osprey cortando os céus, sem transponder, vinda de uma rota não convencional sobre o Pantanal.

Dentro, doze fuzileiros navais dos EUA, o esquadrão mais discreto da unidade Devgru (o famoso SEAL Team 6), vestidos com roupas civis escuras e equipamentos de assalto de última geração. Estavam silenciosos, mas não tensos, acostumados com tais operações inteiras.

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Sem um sinal sequer, conferiam seus silenciadores e drones de reconhecimento pela última vez. A difícil missão, autorizada por uma ordem executiva classificada do ex-presidente Donald Trump, era uma só: localizar, descer, entrar e extrair Jair Bolsonaro de sua casa em Brasília. O Supremo Tribunal Federal acabava de condenar o ex-presidente a mais de 27 anos de cadeia.

A inteligência, fornecida por um simpatizante infiltrado na cúpula do governo brasileiro, era alarmante. Um grupo interno do próprio governo, sob a gerência de um ministro influente que era uma espécie de Cavalo de Troia bolsonarista, garantia a ação com segurança na travessia escondida, mas não inusitada de parte do país, vez que todos os dias os traficantes de drogas usam o mesmo expediente.

Foi nessa rota dos traficantes que vinha o helicóptero americano sem identificação. O líder da equipe, comandante Chase, sussurrou no rádio intra-auricular: "Águia na escuta. Bravo Team, confirme a situação do alvo.” Uma voz calma respondeu: "Bravo aqui. O alvo está confinado no segundo andar da residência. Dois guardas na entrada principal, quatro patrulhando os jardins. Sistema de câmeras de baixa qualidade. Parecem relaxados. Nenhum indício de que sabem que estão sob vigilância externa."

Eles pousaram em um campo aberto a cinco quilômetros de distância, cobertos pelo manto da funda noite que se instalara. Movendo-se como fantasmas através de matas fechadas e terrenos baldios, evitaram estradas principais. Usando um pequeno drone de reconhecimento, identificaram um ponto cego na cerca traseira da propriedade do ex-presidente, longe das luzes do condomínio de sua morada.

Enquanto isso, dentro da casa, Bolsonaro olhava pela janela de seu escritório. Seu rosto, outrora marcado pela bravata, estava pálido e tenso. Ele sentia os fios da teia se fechando ao seu redor. Seus próprios parentes pareciam evitar seu olhar. Não tinha celular. Os celulares do pessoal, bem como dos agentes federais que tomavam conta da casa, não tinham sinal há horas – um bloqueador tinha sido usado pela equipe de apoio em terra aos SEALs americanos.

A operação de infiltração foi um balé de precisão mortal. Dois soldados, com equipamento de supressão de áudio, neutralizaram os dois guardas nos fundos com dardos tranquilizantes, arrastando-os para a vegetação decorativa do condomínio. Um hacker da equipe, em uma van estacionada a um quilômetro de distância, invadiu o sistema de segurança interno, colocando as câmeras em um loop de imagens vazias. O porteiro do condomínio e os seguranças particulares também foram neutralizados.

Galgando por uma parede de pedra com garras de ascensão, o comandante Chase e seu segundo, "Coyote", alcançaram a varanda do segundo andar. A porta de vidro deslizante estava trancada. Um corte rápido com uma ferramenta a diamante e eles estavam dentro. Os vizinhos nada percebiam.

Bolsonaro ouviu o ruído quase imperceptível e se virou, nervoso. Tinha uma caneta na mão. Seus olhos arregalaram-se ao ver os dois homens vestidos de preto, de rostos cobertos, entrando em seu escritório. "Quem são vocês?", ele sussurrou, a voz rouca pelo medo. Chase puxou para baixo a gola que cobria seu rosto o suficiente para ser reconhecido e mostrou uma foto de Trump em um tablet com a mensagem: "Precisamos falar. Confie neles. - DT".

Um misto de alívio e incredulidade tomou conta de Bolsonaro. Ele acenou com a cabeça rapidamente. "Não temos tempo, senhor. Vamos agora", disse Chase, sua voz firme. Em claro português com sotaque hispânico. O plano de fuga era descendo até o jardim e através do ponto cego na cerca. Mas quando eles saíram no corredor, as luzes principais se acenderam.

Um grupo de quatro outros agentes federais que não tinha sido percebido apareceu e bloqueou a saída, pistolas à vista. O líder, um homem de físico imponente, sorriu. "Parece que pegamos uns ratos tentando sequestrar o ex-presidente. Rendam-se.” O suspense pairou no ar por uma fração de segundo. Chase calculou os ângulos. A ação explodiu num instante. "Down!", ele gritou, empurrando Bolsonaro para trás, dentro do escritório.

Os SEALs reagiram com velocidade sobrenatural. Coyote lançou uma granada de flashbang que cegou e ensurdeceu os agentes momentaneamente. Dois pops silenciosos de rifles de precisão vindos de fora atingiram os agentes da frente no ombro e na perna – tiros não letais, mas incapacitantes. Chase e Coyote avançaram, usando técnicas de combate corpo a corpo para neutralizar os outros dois com eficiência brutal. Em menos de dez segundos, a ameaça estava imobilizada no chão.

"Plano B! Agora!", Chase ordenou pelo rádio.

O plano B era mais audacioso. Do lado de fora, o som de motores rugindo encheu o ar. Uma picape preta, dirigida por outro membro da equipe, arrebentou o portão lateral da propriedade, derrapando no gramado logo abaixo da varanda. “Vamos, senhor!", Chase agarrou Bolsonaro, que, surpreendentemente ágil, pulou na caçamba da picape junto com dois SEALs. Coyote e os outros cobriram a retirada, disparando para o alto para dispersar os outros guardas que, confusos, olhavam a cena se protegendo.

A perseguição foi intensa. Carros de segurança tentaram seguir a picape, mas um segundo veículo, uma van, surgiu de uma rua lateral, fechando o caminho e causando uma pequena colisão que bloqueou a estrada. Havia um certo movimento de carros, mas não intenso. A picape desapareceu na escuridão de Brasília, trocando de placas em movimento e entrando em uma garagem subterrânea onde traficantes e assaltantes escondiam cargas roubadas e que tinham sido cooptados por agentes da embaixada dos Estados Unidos. Lá, eles transferiram Bolsonaro para uma van comum, irreconhecível.

Pareciam estar livres. Respiravam aliviados.

Foram conduzidos para um armazém seguro na periferia da cidade, onde o helicóptero de transporte os aguardava para levá-los a uma base americana secreta no Norte do Brasil. Dentro do armazém, o clima era de triunfo contido. Bolsonaro, ainda ofegante, olhou para Chase.

"Obrigado. Diga a Trump que não esquecerei disso.”

"A operação foi um sucesso completo", falou o comandante com alguém pelo rádio numa frequência privada. Ninguém sabia quem tinha “resgatado” Bolsonaro. Com certeza, quando a notícia se espalhasse, diriam que ele fora sequestrado. Era o plano. Bolsonaro falou também pelo rádio com a pessoa do outro lado, observando que, com a ação praticada sigilosamente, não seria um fugitivo. “Para todos agora, principalmente para a imprensa e meus seguidores, sou um estadista vítima de um sequestro. O caos político que isso causará será a minha escada de volta ao poder, com uma onda de apoio nacionalista como nunca se viu, tenho certeza.”

Ficaria um bom tempo escondido. Ninguém saberia que houve uma invasão clandestina em solo brasileiro. O comandante Chase olhou para os rostos sorridentes de Bolsonaro e da equipe. Pelo rádio do helicóptero ouviu sobre a chegada, no condomínio de Bolsonaro, de um outro helicóptero, agora do Exército Brasileiro, buscando saber o que acontecera. Já estavam longe. Sumiram no Pantanal. Sem transponder e sem comunicação até mesmo para a base sigilosa no Norte do Brasil.

Agora a maior batalha seria das narrativas.

*Jolivaldo Freitas é escritor e jornalista. Membro da Academia de Cultura da Bahia e da Associação Bahiana de Imprensa

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