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Os demônios do século XXI

Confira a coluna de Armando Avena, que é escritor, jornalista e economista, membro da Academia de Letras da Bahia – ALB

Por Armando Avena

27/06/2025 - 6:52 h | Atualizada em 27/06/2025 - 8:35
Armando Avena, economista e colunista de A TARDE
Armando Avena, economista e colunista de A TARDE -

Se Ariel, o espírito aprisionado por Próspero, visse o que se passa na terceira década do século XXI, certamente diria novamente: “O Inferno está vazio e todos os demônios estão aqui”.

O mundo vive um período de desordem, polarização e crises — ambientais, políticas, éticas — e já não há estadistas capazes de enfrentar esses tempos com visão, coragem e valores. Restaram, infelizmente, apenas demônios interessados em poder e dinheiro, sem se importar com o custo, na busca por manter seus cargos e privilégios.

No século XX, mesmo em tempos sombrios, os líderes não eram movidos simplesmente pelo desejo de poder a qualquer preço. Havia neles a grandeza, a coragem e um espírito público voltado ao bem comum — o desejo de deixar uma marca positiva na história.

Quem não se lembra de Winston Churchill, que, apesar de suas posições conservadoras, entendeu a importância da liberdade e foi a voz da resistência contra o nazismo? Ou de Mahatma Gandhi, que libertou a Índia sem usar armas, sustentado apenas por sua fé e ética? E de Nelson Mandela, que, após 27 anos na prisão, escolheu o perdão em vez da vingança, unindo a África do Sul sob a esperança de reconciliação?

Mesmo líderes controversos, como Margaret Thatcher, de direita, ou François Mitterrand, de esquerda, tinham um ponto em comum: acreditavam em ideias, defendiam projetos de sociedade — não agiam ao sabor de seus interesses momentâneos. Tinham raízes ideológicas, goste-se delas ou não, e ideias moldadas por valores sólidos.

Hoje, essa essência desapareceu. Os valores e as ideias se esvaíram, e os demônios tomaram o poder em todo o mundo. Eles mudam de opinião conforme interesses políticos, interesses mesquinhos e pesquisas de opinião.

A guerra entre Israel e Irã revelou a pequenez desses demônios. O “shed” israelense, que necessita de conflito para manter o poder; o “sheytân” iraniano, que promove matanças de mulheres e cultiva armas nucleares para perpetuar sua dominação; e um “pathetic demon”, líder da maior potência mundial, que negocia honra e valores como se fossem moedas de troca.

Poucas vezes se viu cenário tão patético quanto essa guerra combinada, na qual os Estados Unidos avisaram o Irã com antecedência que atacariam suas fortalezas nucleares; e o Irã, por sua vez, devolveu o golpe, atacando a base americana. Tudo isso sob o olhar belicoso do “shed” israelense, que comparou o sacrifício do povo de Israel — com seus filhos mortos e sequestrados pelos terroristas do Hamas — ao sacrifício de sua própria família, que teve de adiar o casamento do seu filho.

O povo de Israel, que teve líderes como Ben-Gurion e Yitzhak Rabin, pode até se unir na guerra, como deve ser, mas não merece ser liderado por Satan.

O histórico povo persa não merece a cruel ditadura dos aiatolás, assim como os americanos não fazem jus ao “clownish devil”, que se autodenomina Rei da América.

Hoje, não há estadistas de verdade no século XXI. As grandes nações foram entregues a homens deformados, demônios risíveis, seduzidos pelo poder e pela ambição.

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