ARTIGOS
Patrimônio de Salvador caindo aos pedaços
Tragédia na Igreja de Sâo Francisco é triste capítulo para o patrimônio artístico, memorial e cultural da cidade
Por Jolivaldo Freitas*
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O desabamento do teto da Igreja de São Francisco, na cidade de Salvador, Bahia, é um capítulo ainda mais triste na história das perdas do patrimônio artístico, memorial e cultural de Salvador. Não se trata, porém, de um fato isolado; trata-se, antes de tudo, do sintoma de um mal maior: a falta de investimento e de cuidado com a memória e a história da cidade.
A Igreja de São Francisco, famosa pela arquitetura barroca e pela decoração rica, é um marco da identidade cultural de Salvador. A perda do teto da igreja equivale, portanto, à perda de um pedaço importante dessa identidade. Do mesmo modo, serve como um alerta para a urgência de ações voltadas à preservação do patrimônio histórico e cultural da cidade.
Assim como a Igreja de São Francisco, vários outros prédios de importância histórica e cultural em Salvador foram destruídos ao longo dos anos, seja por desabamentos, incêndios ou demolições. A falta de conservação e de investimento nesses prédios contribui para a perda da memória da cidade e da riqueza cultural que ela possui.
Diante dessa situação, é urgente a união da sociedade civil, do poder público e das instituições responsáveis pela preservação do patrimônio histórico e cultural de Salvador. Em face do que ocorreu com a Igreja de São Francisco, a mais famosa da Bahia depois da Igreja do Bonfim, é necessário investir em projetos de restauração e conservação, além de conscientizar a população sobre a importância de proteger a memória da cidade. Também é fundamental que as autoridades cobrem firmemente dos proprietários a responsabilidade pela manutenção desses bens.
A tragédia da Igreja de São Francisco, com a morte de uma turista e ferimentos em várias outras pessoas, deve servir de advertência para evitar novas perdas. É tempo de agir, de garantir que as próximas gerações possam ter acesso à história e à cultura de Salvador, uma cidade que, a cada dia, vê minadas suas características — aquelas que a tornaram famosa, admirada e invejada.
Enquanto isso, fica a pergunta: neste caso, isoladamente, a culpa é da Ordem de São Francisco, que não preservou? Qual o papel da Arquidiocese de Salvador? Qual a responsabilidade do Iphan? Da Defesa Civil?
A quem cabe a preservação quando um imóvel se torna patrimônio? (A Unesco reconheceu o valor excepcional da Igreja de São Francisco, tombada pelo Iphan.) A Igreja Católica — sem querer ser cruel, mas apontando o dedo — é uma instituição riquíssima.
*Escritor e jornalista. Autor do livro “Histórias da Bahia – Jeito Baiano”
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