ARTIGOS
Pode nomear parentes em Cargos Políticos?
Favorecimento dos vínculos de parentesco nas relações de trabalho, emprego ou cargo público são práticas de nepotismo
Por Ricardo Oliveira Rebelo de Matos

Todo início de gestão pública municipal, o assunto se volta para a possibilidade de contratação de parentes para assumir cargos públicos, bem para a possibilidade desses se tornarem alvos de apuração nos órgão fiscalizadores.
O favorecimento dos vínculos de parentesco nas relações de trabalho, emprego ou cargo público, são práticas de nepotismo. Essas práticas suprem a ponderação pelo mérito para o exercício da função pública pela valorização de laços de parentesco, o que viola, na administração pública, o dever constitucional de impessoalidade administrativa.
A Sumula Vinculante nº 13 estabelece que, a “nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de função gratificada na administração pública direta e indireta em qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, compreendido o ajuste mediante designações recíprocas, viola a Constituição Federal.”
Ocorre que, os cargos políticos, de regra, não estão sujeitos à regra da vedação acima mencionada.
Assim, esposa, filhos e irmãos do Prefeito, por exemplo, podem ser nomeados secretários municipais, ressalvados os casos de inequívoca irrazoabilidade e manifesta ausência de qualificação técnica ou inidoneidade moral.
Insta frisar que essa possibilidade, deve observar a aptidão, a qualificação técnica para a função de confiança que o parente fora nomeado, ou seja, deve existir compatibilidade da pasta pública com a formação do parente nomeado.
Noutro giro, importante frisar que, no caso de cargo de subsecretário, ou de secretário adjunto, estas, não possuem natureza política, mas sim a natureza administrativa. Por isso, o nepotismo se aplica sim aos subsecretários e aos secretários adjuntos de segundo escalão.
A transgressão a essa regra implica em improbidade administrativa, a teor do disposto no art. 11, XI da lei nº 8.429/92.
Constantemente vem a tona nesse início de mandato aos novos gestores esses questionamentos, e por isso, é sempre bom lembrar a permissibilidade pacificada nos Tribunais no que tange a contratação dos parentes acima mencionados.
Era o que cumpria evidenciar neste início de exercício.
*Ricardo Oliveira Rebelo de Matos é advogado municipalistaCompartilhe essa notícia com seus amigos
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