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A TARDE BAIRROS

Gastronomia da Pituba: um roteiro entre acarajé histórico e bares inusitados

Entre a mesa e o copo, o bairro de Salvador mistura pontos históricos com novidades

Madson Souza

Por Madson Souza

17/09/2025 - 5:34 h
Tour gastronômico e boêmia na Pituba
Tour gastronômico e boêmia na Pituba -

Entre a mesa e o copo, a Pituba mistura tradição e novidade quando o assunto é gastronomia e boêmia. Com suas ruas com nomes de estados do país, o bairro abriga desde pontos históricos, como o acarajé da Chica, em atividade há 59 anos, e o Djalma's Drinks, referência boêmia há quase quatro décadas, até bares contemporâneos, como o Purgatório. Quando o assunto é comer e beber, o servidor público e morador do bairro “desde pequenininho”, Jean Bitencourt, 52, diz que “aqui, na Pituba, procurando se achar do que quiser”.

Tanto se acha, quanto se fica e fica o bastante para virar tradição. Esse é o caso do aposentado Ícaro Pep, de 80 anos, que é cliente assíduo do Djalma's Drink há tanto tempo, que já nem se lembra mais. Afeito ao caranguejo e a lambreta do local, Peu conta que a relação começou quando saía do futebol aos sábados com os amigos e iam tomar uma cerveja. Hoje, a relação com o point é de familiaridade.

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“Os amigos gostam. É um lugar aberto, bem ventilado, estacionamento fácil, conheço todos os garçons. Tudo é bom! A família vem também. É um lugar muito familiar e continua o que era. Não mudou nada! Só trocou a telha”, diz. O que hoje é familiar, antes era um sonho do falecido Djalma, garçom que trabalhou por 10 anos no já extinto Bar Popular - também na Pituba. Foi em 1988 que Djalma deixou o trabalho antigo e decidiu pôr em prática o sonho de ter um boteco simples e aconchegante.

Denominado originalmente “Perdidos na Noite” por ficar aberto madrugada afora, logo o nome foi alterado para uma versão mais próxima da usada pelos clientes: “Bar do Djalma”. A viúva de Djalma e herdeira do point, Maria de Souza, vulgo dona Mara, fala que a mudança na nomenclatura foi por conta também do perfil mais familiar que o bar foi ganhando. Com o passar dos anos ela viu as mudanças no Djalma’s e no bairro.

“Quando chegamos aqui tinha uma casinha aqui e outra lá, não tinha esses prédios todos. São 37 anos de história é algo que faz parte da minha vida. Criei meus filhos aqui”, diz. Ela ressalta que entre tantas mudanças, a clientela do estabelecimento segue fiel. “É a mesma galera que vinha desde as antigas. Agora já vem os netos e até os filhos que vinham lá atrás. Muitos clientes já faleceram, mas ainda tem gente que segue aqui desde que abriu”, diz.

Acarajé da Chica

Outro ponto tradicional da Pituba é o Acarajé da Chica com seus 59 anos de história no bairro. Mesmo após tanto tempo, o local ainda é descoberto pelos moradores da região, como é o caso do servidor público Jean Bitencourt, 52, que cresceu na Pituba, mas só conheceu o ponto faz cinco anos. “Esse lugar tem um diferencial incrível que são as pessoas, um atendimento muito diferente”, comenta.

Fundado por Maria Francisca do Nascimento dos Santos, mais conhecida como Chica, hoje o estabelecimento é tocado por seu filho Gervásio dos Santos, que gerencia o negócio. Parte da história e da gastronomia da Pituba, o Acarajé da Chica também é a história de uma família. Gervásio lembra que antes do acarajé sua mãe trabalhou como doméstica aos nove anos de idade e depois com a venda de tira gostos. “Até que ela conheceu uma moça chamada Dona Maria, que ensinou ela a fazer o acarajé”, diz.

Foi através do famoso quitute da gastronomia baiana, que Chica criou seus filhos sozinha. “Ela criou os filhos com o acarajé e todos os filhos sempre ajudaram ela. Desde pequeno ela já ensinava a gente a fazer as coisas, botava para trabalhar e estudar, e graças a Deus formou todos os filhos”, conta o empreendedor.

Acarajé da Chica
Acarajé da Chica | Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE

O (Bar) Purgatório da Pituba

Uma das novas faces da Pituba é o - com nome provocativo - Bar Purgatório, criado em 2022, que é inspirado nos conceitos de bares clandestinos, que são escondidos, e na obra Divina Comédia, do filósofo Dante Alighieri, que é dividida em Paraíso, Purgatório e o Inferno de Dante. Com fortes luzes vermelhas, decoração chamativa, drinks às cegas (com todos os cuidados de questões alérgicas) e uma entrada pouco convencional, o estabelecimento apresenta uma experiência diferente do comum do bairro da Pituba. A nomenclatura do local foi um desafio, segundo o sócio, Peu Magalhães.

“Percebemos que o baiano é um pouco conservador. Quando lançamos o Purgatório todo mundo achou que era um puteiro ou uma casa de swing e a gente resolveu brincar com isso. Escrevi lá na frente This is not a strip club - traduzido ‘isso não é um clube de strip’ -, para a galera olhar, dar uma risada, e nem se ousar a perguntar se é um cabaré ou não”, conta. Com inspirações boêmias e filosóficas, a ideia do local é ter uma imersão completa do cliente no espaço.

Por isso, uma das ideias caras ao ambiente é o da figura de Caronte, barqueiro de Hades - deus da mitologia grega -, que é o nome do atendente do estabelecimento no Whatsapp. A figura mitológica é a responsável por levar as almas dos mortos através dos rios do submundo e essa liberdade no destino é parte da ideia do Bar Purgatório. “O barqueiro simboliza o que a gente quer passar no Purgatório. A ideia, no fim das contas, é passar uma mensagem de que a gente tem que se despir do preconceito, do profano e do sagrado, e que cada um vai escolher ser o que quiser”, comenta Peu.

MUITO
Chefs em ascensão, vamos fotografar o chef de cozinha Eduardo Moraes. A matéria vai trazer perfis de jovens Chefs que prometem se tornar os novos grandes nomes da gastronomia baiana . 
Na foto: Eduardo Moraes chef do Bar Purgatório na Pituba.
Foto: José Simões/Ag A TARDE.
Data: 06/02/25.
MUITO Chefs em ascensão, vamos fotografar o chef de cozinha Eduardo Moraes. A matéria vai trazer perfis de jovens Chefs que prometem se tornar os novos grandes nomes da gastronomia baiana . Na foto: Eduardo Moraes chef do Bar Purgatório na Pituba. Foto: José Simões/Ag A TARDE. Data: 06/02/25. | Foto: José Simões/Ag A TARDE

Um dos charmes do estabelecimento é a cartela de drinks originais rotativos cujos ingredientes não são revelados - antes é questionado se o cliente possui alguma alergia e suas preferências. Esses detalhes têm atraído um público que varia entre jovens adultos e clientes um pouco mais maduros, segundo Peu. O empreendedor enxerga a Pituba como um espaço importante para seu negócio hoje e para seus planos futuros.

“Acredito muito que por uma questão geográfica, de centralização de raios, concentração de classe média, o que afeta também obviamente, a Pituba é o bairro que mais concentra restaurantes do mesmo perfil econômico. Esse foi um dos motivos da gente escolher a Pituba”, diz. Os planos futuros são de tornar a rua Alexandre Herculano, na Pituba, uma central dos empreendimentos do grupo RED, que se somariam aos outros empreendimentos já presentes, como o Bar Purgatório, a hamburgueria RED, e o restaurante Casa Iryna, de comida italiana.

“Sempre acreditei num ecossistema de negócios que fossem todos muito próximos um do outro. Para que o cliente ao invés de escolher para onde vai como loja, escolha um destino. Acredito que as pessoas têm cada vez mais problemas com escolhas, indecisão, então nossa ideia como grupo é ter o máximo de opções de negócios nessa rua para que o cliente venha pra cá, ao invés de para um negócio específico”, aponta.

Essa variedade de opções do bairro é um exemplo do caráter plural na gastronomia e boêmia do bairro, de acordo com o responsável pelo perfil do Instagram @portal.pituba, Gilberto Martins. “Cada pessoa encontra seu lugar aqui”, diz Gilberto. Entre planos para o futuro da gastronomia e boêmia do bairro e as tradições que seguem vivas, como o Djalma’s Drink e o Acarajé da Chica, a Pituba segue como uma das caras de Salvador quando o assunto é comer, beber e se divertir.

Bolo da Luz

O que começou como uma parceria entre a Paróquia Nossa Senhora da Luz e a empreendedora Joélia Simples, entre 2008 e 2009, com o passar dos anos se transformou em um empreendimento de sucesso. O Bolo da Luz que era vendido na porta da igreja e atraia os fiéis após as missas de sábado e domingo, hoje além de funcionar como um café também vende bolos para diversas redes de supermercados.

A ideia surgiu do fundador da Pastoral do Empreendedor e frei da Paróquia na época, Rogério Soares, que sugeriu que os bolos fossem feitos na cozinha industrial do Centro Comunitário da Pituba e vendidos na porta da igreja. Entre a grande procura por bolos de chocolate e goiaba, os lucros eram divididos entre a confeiteira e a igreja. O pároco lembra a experiência.

Joélia Simples, do Bolo da Luz
Joélia Simples, do Bolo da Luz | Foto: Uendel Galter/Ag. A TARDE

“Foi um sucesso. Os bolos eram feitos na cozinha industrial que tínhamos acabado de montar no Centro Comunitário da Pituba e combinamos que depois de pagar todo o custo o lucro seria dividido entre a igreja e ela. Assim, nasceu o Bolo da Luz com referência à paróquia no nome. Deu muito certo. A gente vendia muito e lembro que esse lucro ajudava muito a paróquia”, comenta.

Poucos anos depois o Frei foi transferido e posteriormente a produção encerrada na paróquia. Ainda presença constante na Nossa Senhora da Luz, Joélia viu o sucesso do empreendimento e decidiu seguir em frente abrindo seu próprio ponto - próximo a igreja -, na Rua Mato Grosso, 174. No começo havia apenas a venda de bolos e mais tarde o negócio se tornou um café também. Joélia explica que o Bolo da Luz é uma empresa familiar, que não usa nenhuma pré-mistura ou aditivo químico, que o que eles fazem é tudo caseiro, como comida de vó.

Para a empreendedora, a relação da Pituba com o Bolo da Luz é um casamento de sucesso. “Moro aqui desde que me entendo por gente. Sou da Pituba, paroquiana da Igreja Nossa Senhora da Luz, meus filhos participam da missa, então é um bairro que me acolhe. Tenho uma relação muito boa com a paróquia. É como se fosse a minha casa. A Pituba e o Bolo da Luz, eu digo que é um casamento indissolúvel”, afirma.

Tour gastronômico

Bolo da Luz

Comida simples e saborosa. O Bolo da Luz é o lugar para se comer um bolo com ingredientes naturais no café da manhã ou no fim de tarde. Sem pré-mistura, o bolo de laranja é feito a partir de laranjas espremidas. A dica do Frei Rogério Soares são os bolos de chocolate e de doce de goiaba.

  • Endereço: R. Mato Grosso, 174

Ponte Aérea Bar

A resenha no Ponte Aérea Bar começa já no almoço às 11h. São 33 anos de história do point da Rua São Paulo reconhecido pela cerveja gelada, tábua de petiscos, carnes na chapa e por ser um bom cenário para acompanhar jogos de futebol

Endereço: R. São Paulo, 404

Jeanne Garcia Confeitaria

O que começou com Jeanne Garcia vendendo doces e bolos dentro de casa se tornou a Jeanne Garcia Confeitaria. O local é buscado para um macarron no fim de tarde sossegado ou para começar bem o fim de semana de folga.

  • Endereço: R. Ramalho Ortigão, 30

Acarajé da Chica

Crocante como manda o regimento, o Acarajé da Chica é cheio de textura e sabor. Dona Neuza, que hoje faz as iguarias, tem a manha de colocar alho enquanto os bolinhos são fritos para subir o cheiro que vale mais que qualquer propaganda. O bolinho de estudante do local também é muito procurado.

  • Endereço: R. Território do Acre

Cantina Cosa Nostra

O gnocchi artesanal de batata com molho sugo é a dica para quem vai à Cantina Cosa Nostra. Alegre, descontraído e acolhedor, o local é o ponto de encontro para reunião de famílias e amigos tanto no horário de almoço quanto no jantar. A decoração típica da Itália e as pizzas da Cantina também chamam a atenção.

  • Endereço: Rua Bahia 144

Puxadinho Restaurante

Eleito como melhor ambiente de Salvador para encontros românticos pelo prêmio Melhores da Gastronomia, o Puxadinho Restaurante promete cozinha autoral e energia para animar a noite. Inspirado em grandes restaurantes nacionais e internacionais.

  • Endereço: Rua Guillard Muniz, 650

Casa Iryna

A fonte de Aperol Spritz - coquetel italiano conhecido pela sua vibrante cor laranja e sabor cítrico - logo na entrada da Casa Iryna é a cara do ambiente. A italiana homônima do restaurante trouxe sua cultura de Siena e Florença para a Bahia com o restaurante.

  • Endereço: R. Alexandre Herculano, 57

Djalma Drinks

Além da tradição do Djalma Drinks, o local é bem servido de churrasco na brasa, mariscos, rabada, ensopado de carneiro, dobradinha, sarapatel e mais. Não à toa os que vão, voltam há 37 anos.

  • Endereço: R. Minas Gerais, 352

Preto

Com mesas na calçada, música ao vivo, petiscos e drinks, o Preto Bar é um dos points badalados da Pituba. O clima animado do boteco fez do lugar parte da rotina da juventude do bairro.

  • Endereço: Rua Guillard Muniz, 771 - loja 6

Purgatório

Com luzes vermelhas intensas e atmosfera provocativa, o Bar Purgatório é uma experiência boêmia particular. A entrada discreta é parte da mítica de “bar clandestino” do local e é completada pelos drinks às cegas e a ousada decoração.

  • Endereço: R. Alexandre Herculano, 45

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