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A TARDE BAIRROS

Margareth, Armandinho e mais: os afetos da Cidade Baixa revelados em depoimentos

Confira depoimentos emocionantes de quem viveu na Cidade Baixa

Divo Araújo

Por Divo Araújo

22/10/2025 - 7:19 h
Imagem ilustrativa da imagem Margareth, Armandinho e mais: os afetos da Cidade Baixa revelados em depoimentos
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A Cidade Baixa é um território marcado por memórias e afetos. Do Forte do Monte Serrat à Ponta do Humaitá, passando pela Boa Viagem, pelo Bonfim e pelas ruas da Ribeira, cada depoimento revela como a geografia da região molda experiências pessoais e coletivas, preservando a energia única de um lugar que continua a inspirar música, fé e cultura para quem o chama de lar.

Para Margareth Menezes, ministra da Cultura, a Península de Itapagipe é, como um todo, o epicentro de sua história. Cada canto guarda lembranças de sua infância e juventude, memórias que ela preserva com carinho e que moldaram sua identidade.

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Lucas, do CBX Notícias, site com sua identidade profundamente ligada à Cidade Baixa, destaca a Ribeira como seu bairro preferido. “Viver na Ribeira é uma grande gratificação, especialmente por estar sempre próximo ao mar, que traz paz, inspiração e qualidade de vida”, afirma.

Confira os depoimentos

‘Eu sou Itapagipe’ - Margareth Menezes, ministra da Cultura

Qual o meu lugar preferido na Cidade Baixa? Eu tenho vários, porque nasci ali. Minha mãe morava na Boa Viagem. Minha mãe e meu pai se conheceram na Avenida Luiz Tarquínio. Meu pai trabalhava num bar em frente a Vila Operária.

A Igreja da Boa Viagem é a igreja que tive a minha primeira comunhão. Participei do coral da Congregação Mariana. Fui líder de um grupo jovem, Grupo Jovem Tula, Todos Unidos Levando o Amor. Fiz teatro. A minha escola, o Centro Integral de Educação Luiz Tarquínio era fantástica, com quadras de esporte, teatro e laboratório de ciências. Era uma escola maravilhosa. Toda essa área dali é muito preciosa para mim, da minha memória, da minha infância.

A praia da Boa Viagem foi onde meu pai ensinava a gente a nadar — a mim e à minha irmã Rita. Tenho uma memória afetiva muito grande com a Península de Itapagipe, especialmente ali. E tem a Ribeira, onde minha mãe levava a gente para mariscar. O primeiro lugar que minha mãe morou foi justamente na Ribeira, no Porto dos Tainheiros. E a Igreja do Bonfim. Todo ano eu vou. É uma profissão de fé que a gente faz. Isso tudo me contempla.

Sem falar no Forte do Monte Serrat, que é um lugar também que eu sempre gostei. Ia pescar ali com meus irmãos. É um lugar lindo demais.

Ou seja, pra mim é muito difícil escolher. Eu escolho a Península de Itapagipe como um todo.

Essa é a minha identidade. Eu sou uma pessoa que tem o maior prazer em dizer que sou itapagipana, soteropolitana, baiana e latino-americana. E afropop. Eu sou Ribeira. Eu sou Itapagipe.

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‘Emoção muito forte’ - Milton Moura, historiador

Sempre acompanhava a missa na Igreja do Bonfim. E é uma emoção gigante. Não existe nenhuma vez que você vá que seja igual a anterior, pela densidade espiritual daquela frequência. É muito forte.

Mas, agora, como pertencimento, morei no Monte Serrat, eu acho que lá tem algo diferente de qualquer coisa. Por exemplo, da minha janela, era um apartamento pequeno, de dois quartos, eu via a palmeira que tem na Praça Castro Alves, que ficava ali junto do antigo cinema Guarany, hoje Glauber Rocha. Então, o Monte Serrat é qualquer coisa. A visão que você tem dali é de uma concavidade.

Para quem está, por exemplo, no Porto da Barra, você tem uma concavidade muito suave que vai até o Monte Serrat. De lá você vê bem essa concavidade, quer dizer o contorno interno da Baía de Todos-os Santos na sua face oriental, que corresponde a face ocidental da cidade de Salvador. Aquilo ali é lindo demais. As cores do crepúsculo. É tudo muito lindo.

Monte Serrat continua muito bonito, mas o problema é a segurança. Eu me lembro que na sexta-feira tarde o pessoal ia para os colégios ali perto, ia todo mundo ou porque o pessoal filava aula ou porque ia mesmo, ia para o Humaitá, e os casais ficavam apaixonados ali, esperando o pôr do sol, que é um dos lugares mais bonitos da Bahia. Para mim, a visão da Bahia de Todos-os-Santos, que você tem do Monte Serrat, de lá de cima do forte, como também da plataforma, essa é uma das mais bonitas, como também daqui de Itaparica, junto do cemitério de Itaparica, tem uma visão fabulosa.

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‘Momentos festivos’ - Armandinho, músico

A minha vivência em Itapagipe, da infância à adolescência, tem momentos que eram muito importantes e festivos, como a Festa da Ribeira. Aí passava toda aquela galera pela minha rua, na frente de casa. Era uma festa, o trânsito parava. Eram grandes momentos festivos. Emendava a festa do Bonfim com a festa da Ribeira, depois vinha a festa da Boa Viagem. Vira e volta apareciam também os trilhos elétricos, os pequenos da época.

E tinham aquelas caminhadas pela Ribeira, sorveteria da Ribeira, passeio na Penha, no dique velho que ficava na Penha. A gente ia para balaustrada, fazer uma serenata na adolescência. São momentos assim que ficam na memória desses tempos que eram muito mais tranquilos, nada comparável ao que se vê hoje em toda aquela região Itapagipana, principalmente nas praias.

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‘É uma maravilha’ - Jolivaldo Freitas, jornalista e escritor

Há quem diga que o melhor ponto da Cidade Baixa é a Ponta do Humaitá. Mas só que tem dois pontos conjugados que para mim são os mais bonitos, aliás, os mais bonitos de todos os 35 quilômetros de orla que tem em Salvador. Que são a paisagem vista de cima do Forte do Monte Serrat e o Largo da Boa Viagem, onde está a Igreja de Nossa Senhora da Boa Viagem. Desses dois pontos, você vê ao lado direito a ilha, em frente o mar aberto e à esquerda você vê Cidade Baixa e Cidade Alta bem delineadas.

Sem falar que a Praia da Boa Viagem é a praia mais gostosa para tomar banho de Salvador, porque ela é a mais clara e tranquila que tem hoje na cidade. O Porto da Barra se aproxima um pouco. Mas lá você tem uma grande paisagem e uma área excepcional para tomar banho de mar. Inclusive, quando a maré está baixa, você pode andar até os recifes. É uma maravilha.

Merecia há muito tempo um trabalho de urbanismo que transformasse aquela região numa área turística. Interessante é que quando a maré está enchendo, as correntezas vão todas para o lado da Boa Viagem e entrando para a Ribeira e em direção à Ilha de Maré.

Em épocas de grandes tempestades, vários navios foram parar lá na Boa Viagem, nesses pontos que eu acabei de dizer. Isso é interessante. E também as baleias se perderam muitas vezes por lá . É bonito por tudo e pelas suas histórias.

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‘Brincava no forte’ - Fred Menendez, músico

O Forte de Monte Serrat é um local que frequento desde pequeno. Inclusive, não só área externa, como a interna. Então, pelo fato da gente ter muita amizade com o quartel do Exército, existia aquela ligação da gente poder brincar dentro do forte.

Hoje ele está estruturado para uma outra situação, mais militar. Aberto ao turismo. Mas, na época da gente, teve uma época que ele ficou fechado. E existia uma casa ali junto. Então, o pessoal tomava conta. Foi uma infância naquela área ali do Forte, brincando e tal. Depois ele ficou bem abandonado. Mas é um local que me agrada.

É um local que, quando a gente tem qualquer tipo de situação que precisa energizar, eu fico por ali. É uma área que eu gosto. É uma coisa muito pessoal. Tem aquele visual maravilhoso. Tem a Igreja do Bonfim, etc, mas eu prefiro o Forte. Eu já fiz até apresentação ali. É um lugar que poderia ser bem mais aproveitado. É o local que defendeu a nossa cidade. Todos os fortes da cidade têm suas histórias. Mas, esse daqui, mais pela pelo fato que meu pai me levava, minha mãe, é o que mais me agrada. É uma questão afetiva.

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‘É o meu lugar’ - Laurinha Arantes, primeira vocalista da banda Cheiro de Amor

A região de Monte Serrat, da Igreja de Boa Viagem, subindo até a Ponta do Humaitá. É o meu lugar. Eu fazia parte do coral da Igreja da Boa Viagem e participava dos grupos das leigas. Elas não eram freiras. Se chamavam leigas italianas.

A gente fazia som também. Eu era do coral e circulava muito por ali. Eu andava sozinha. Ia da minha casa ao catecismo e não precisava a minha mãe levar. Porque a gente não corria nenhum perigo.

Depois fui crescendo e na pré-adolescência começaram as leigas e a catequese. Aí eu participava com elas. A casa delas ficava no caminho que vai da igreja para o Monte Serrat. A gente ficava lá no quintal da casa que era a praia. E fazia roda de violão. Todo mundo cantando. Tenho lembranças também da gente com meu pai.

Meu pai sempre foi muito presente. E ele tinha essa coisa de me fantasiar toda. Me lembro muito das festas da Boa Viagem. Meu pai ia de paletó e gravata e minha mãe super bem-vestida. Ele me levava para a roda-gigante, no Monte Serrat. E a gente ia caminhando até a Ponta do Humaitá. Fora os meus amigos, que tenho contato até hoje.

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‘Lugar de muita paz’ - Jackson Dantas, músico da primeira formação da Banda Mel e dono do espaço cultural ‘Janela do Jack’

O Forte do Monte Serrat e a Ponta do Humaitá. É praticamente um conjunto arquitetônico que fica na mesma ponta da praia. A gente tem ali o visual pra ilha de Itaparica toda. Temos também a visão da cidade, do Comércio, do Porto de Salvador.

A gente tem tanto o lado da ilha de Itaparica quanto o lado da cidade. Por isso, é um ponto muito específico. Fui criado aqui, tomando banho de praia, dando mergulho. Até hoje, saio para fazer minhas caminhadas. É um lugar que ainda tem muita paz. E agora está com potencial turístico bem elevado. Entrou na rota do turismo e está sendo bastante visitado aqui também.

Justamente por conta desse mirante que nós temos aqui, que é o forte. Que tem esse acesso a todo esse visual da Baía de Todos-os-Santos.

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‘Energia única’ - Rafa Barreto, vocalista do Jammil

Sem dúvida, meu lugar preferido na Cidade Baixa é a Ponta do Humaitá, especialmente no horário do pôr do sol. Existe algo mágico naquele momento em que o céu se transforma em uma aquarela de cores e o mar reflete toda essa beleza com serenidade.

É como se o tempo desacelerasse, como se a cidade respirasse fundo e nos convidasse a contemplar. A Ponta do Humaitá tem uma energia única. É um ponto de encontro entre fé, história e natureza. Ali, sinto uma conexão profunda com minha essência, com minha música e com tudo que me inspira.

Foi justamente nesse cenário que nasceu o projeto Pôr do Sol na Ponta do Humaitá. Transformar aquele espaço em palco foi mais do que uma escolha estética, foi uma escolha afetiva.

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‘Memórias especiais’ - Zeca Forehead, desenhista, redator e locutor

É difícil para mim apontar apenas um lugar favorito na Cidade Baixa de Salvador, já que nasci e fui criado nesta parte da cidade, mais especificamente em Periperi no subúrbio ferroviário. Adoro a praia de São Tomé de Paripe. Além de ser extremamente bela e agradável, de lá guardo memórias especiais, como vir pelo caminho no marajó de minha mãe ouvindo Prefixo de Verão da Banda Mel.

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Tags:

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