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A TARDE BAIRROS

Pituba: o bairro planejado que é sonho de moradia em Salvador

Conheça a história e o desenvolvimento de um dos bairros mais valorizados e completos da capital baiana

Joana Lopo

Por Joana Lopo

17/09/2025 - 9:27 h

A Pituba é o bairro planejado que é sonho de moradia na capital. Local se consolidou como ponto estratégico no processo de desenvolvimento socioeconômico da capital baiana. Com origem no tupi, o nome Pituba é derivado do termo “pitu’a”, que remete a bafo, maresia ou brisa forte. Era essa corrente de vento vinda do mar, atravessando os coqueirais da orla, que batizou a região e moldou sua identidade costeira.

Oficialmente, a Pituba foi instituída como bairro pela Lei nº 9.278 de 2017, mas sua formação urbana remonta ao início do século XX, quando começou a ser desenhada como espaço planejado. Hoje, está situada na Prefeitura-Bairro VI (Barra/Pituba), com área aproximada de 232,8 hectares, fazendo fronteira com bairros como Amaralina, Itaigara e Costa Azul.

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A tabeliã Conceição Gaspar, moradora há mais de três décadas, lembra as mudanças vividas de perto. “Quando vim morar aqui, a Pituba era essencialmente residencial, e comercial apenas nas avenidas Manoel Dias da Silva e Paulo VI”, relata.

Ela destaca que, ao longo dos anos, a verticalização modificou a paisagem. “As residências unifamiliares foram desaparecendo e deram lugar aos espigões. Isso trouxe população, serviços e também problemas, como a violência. Ainda assim, é um bairro maravilhoso para se morar, porque aqui se encontra tudo, de padaria a farmácia, igreja e cartório. É um bairro completo”, resume.

Da fazenda ao plano urbano

A história do bairro está ligada ao processo de expansão da cidade. O historiador Rafael Dantas lembra que, entre os séculos XVIII e XIX, a região era formada por fazendas e áreas de mata atlântica, afastadas do centro de Salvador, que concentrava o comércio e as residências. Essa configuração se manteve até o início do século XX, quando Manoel Dias da Silva e seu cunhado Joventino Pereira da Silva adquiriram a Fazenda Pituba e idealizaram o Plano Cidade-Luz.

Inspirado em Belo Horizonte, o projeto previa ruas largas e quadras organizadas, abrindo caminho para um bairro moderno. Oficializada em 1964, a Avenida Manoel Dias da Silva tornou-se o principal eixo de desenvolvimento. Segundo o historiador, ali começaram a surgir os primeiros edifícios residenciais e estabelecimentos comerciais, que deram nova dinâmica à região.

Parque Júlio Cesar
Parque Júlio Cesar | Foto: Cedoc A TARDE

Nas décadas seguintes, o crescimento urbano de Salvador se direcionou para a orla atlântica, e a Pituba se consolidou como ponto estratégico desse processo. O desmembramento de antigas chácaras e áreas privadas viabilizou loteamentos, acelerando a urbanização.

O grande marco da transformação ocorreu entre o fim dos anos 1960 e o início dos anos 1970, com a construção da Avenida Antônio Carlos Magalhães (ACM). A via impulsionou a verticalização e atraiu empreendimentos residenciais e comerciais, como o Parque Nossa Senhora da Luz e o Parque Júlio César.

“A ACM foi um divisor de águas no contexto econômico de Salvador e transformou a Pituba em polo de valorização”, avalia Dantas. A orla também teve papel importante. A Avenida Otávio Mangabeira conectou a Pituba a bairros vizinhos e se transformou em via estratégica para a mobilidade urbana.

A Pituba está no centro da cidade hoje, ligando-se às principais regiões e mantendo-se como área desejada para a classe média e alta
Rafael Dantas - historiador

Segundo o arquiteto e urbanista André Pavie, a década de 1970 marcou o início da verticalização mais intensa. “A Pituba se tornou uma referência de urbanização vertical em Salvador. Essa transformação trouxe dinamismo, serviços e lazer, mas também desafios como o aumento do tráfego e a pressão sobre a infraestrutura”, observa.

O bairro em números e novos desafios

Com o passar das décadas, a Pituba se consolidou como um dos bairros mais populosos e valorizados de Salvador. O Censo de 2022 aponta 57,9 mil habitantes, com destaque para a alta proporção de idosos (28,7%) e predominância feminina (54,4%). É uma das áreas de maior densidade demográfica da cidade, atrás apenas de Itapuã e Pernambués. O perfil socioeconômico é de classe média e alta, e a diversidade racial reflete 36,6% de autodeclarados brancos e 20,3% de população preta.

O bairro também concentra uma ampla rede de serviços. São 1.354 bares e restaurantes, que movimentam a vida noturna e a economia local, 522 clínicas e centros estéticos e 148 academias.

Praça Belo Horizionte - Pituba
Praça Belo Horizionte - Pituba | Foto: Cedoc A TARDE

A presença de escolas tradicionais reforça sua importância educacional, com unidades como o Colégio Militar de Salvador, Anchieta, Oficina, Gregor Mendel, Integral, Versailles, Drummond, Bernoulli, Módulo e os colégios estaduais Raphael Serravalle, Sátiro Dias e Professor Nogueira Passos.

No campo religioso, a Paróquia Nossa Senhora da Luz atua como referência comunitária.

No setor comercial, a Pituba é atendida por grandes shoppings, como o Shopping da Bahia, Salvador Shopping, Shopping Iguatemi e Shopping Itaigara, que recebem diariamente milhares de visitantes. Esses empreendimentos reforçam a vocação da região como polo de consumo, lazer e serviços, atraindo moradores de toda a cidade.

Shopping Iguatemi (hoje Shoppinga da Bahia)
Shopping Iguatemi (hoje Shoppinga da Bahia) | Foto: Cedoc A TARDE

O crescimento acelerado trouxe também pressões sobre a mobilidade. Segundo a Transalvador, foram implantados 150 semáforos inteligentes no bairro, a maioria na Avenida Manoel Dias. O órgão também lançou o projeto Trânsito Calmo em 2019, com medidas de engenharia viária voltadas para reduzir a velocidade e aumentar a segurança de pedestres e ciclistas.

“As zonas acalmadas e as requalificações buscam tornar o trânsito mais humano”, revela o superintendente, Diego Brito.

A prefeitura também tem investido em requalificações urbanas e novos equipamentos públicos. Entre eles, o Corredor Verde da Avenida Manoel Dias, com plantio de 115 árvores, a revitalização da Lagoa dos Patos e a reforma das praças Ana Lúcia Magalhães e Marcelo Caribé.

O Parque da Cidade, um dos pulmões verdes de Salvador, também passa por intervenções. O bairro ainda recebeu a Arena Aquática, que sediou o Mundial Sub-20 de Polo Aquático, e integra o traçado do BRT, considerada a maior obra viária da capital.

Bairro da Pituba
Bairro da Pituba | Foto: Cedoc A TARDE

Referência em moradia

No mercado imobiliário, a valorização segue uma tendência de alta, com a Pituba se firmando, ainda mais, como região de lançamentos de médio e alto padrão. De acordo com a corretora Lorena Araújo, o bairro permanece como referência absoluta para moradia.

“É o sonho residencial de muitas famílias. Desde os velhos aos novos empreendimentos, o bairro é marcado por projetos com áreas de lazer completas. E oferece tudo em um só lugar”, ressalta.

Com mais de 50 anos de história e totalmente consolidado, a Pituba atrai investidores e moradores pela infraestrutura urbana completa e amplas opções de lazer. De acordo com análises do setor, as oportunidades para novos lançamentos surgem, majoritariamente, a partir da demolição de residências antigas para a construção de novos empreendimentos.

Diante disso, o sócio da MVL Incorporadora Ltda e Diretor da Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi-BA), Marcos Vieira Lima, explica que a localização é um dos fatores decisivos para a dinâmica do mercado no local.

“A Pituba é um bairro já consolidado, completo, com toda infraestrutura, urbanização e lazer. Por ter esse perfil, é um bairro que atrai as pessoas; o próprio bairro compra o próprio bairro. Ele está entre os principais de Salvador do ponto de vista de interesse dos clientes e também dos incorporadores”, destaca.

Rua Bahia, na Pituba
Rua Bahia, na Pituba | Foto: José Simões/Ag A TARDE

O diretor da Ademi detalha, ainda, a origem das oportunidades atuais: “Fora raríssimas exceções de alguns terrenos, as oportunidades de lançamento estão através da demolição de algumas casas antigas, que estão sendo ou serão edificadas para o surgimento de um novo empreendimento”.

A tipologia dos imóveis lançados reflete o perfil multifacetado do bairro. Os empreendimentos são classificados como de alto padrão, com forte característica residencial, mas também atendem a um público jovem e profissional. Não à toa que Marcos Vieira Lima destaca o valor do m²: R$ 10 mil a R$ 11 mil. Já para os lançamentos, o valor médio é entre R$ 13 mil e R$ 15 mil.

“Os lançamentos na Pituba são de dois e três quartos, e também de estúdio e quarto-sala. É um bairro que possui muitas escolas, é central e recebe pessoas jovens do interior para estudar e também para trabalhar, devido à proximidade com a Avenida Tancredo Neves, o centro financeiro e empresarial de Salvador”, complementa o diretor.

A qualidade de vida é outro pilar da atratividade local. Principais vias como as avenidas Manoel Dias da Silva, Paulo VI, Magalhães Neto e ACM estruturam o bairro, que é cortado por ruas planas – uma característica valorizada em uma cidade conhecida por suas ladeiras. Aos domingos, a Magalhães Neto é fechada para atividades de lazer, reunindo famílias, ciclistas e corredores, um reflexo da vocação da Pituba para a convivência e adaptação às novas demandas urbanas.

Entre o passado e o presente, o bairro demonstra uma capacidade ímpar de se reinventar, conciliando tradição, verticalização, comércio vibrante e serviços. Uma história que começou com a brisa do mar – que inclusive lhe deu nome – e que continua a se renovar a cada novo ciclo de desenvolvimento da cidade, mantendo-se como um dos endereços mais dinâmicos e desejados de Salvador.

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