AGRICULTURA
Abelhas sem ferrão ajudam a melhorar a produção de morango
Raquel Maluf e Priscila Miranda, pesquisadoras da Uesb, desenvolvem o estudo
Por Leilane Suzarte*
Os agricultores familiares do Sudoeste baiano têm buscado investir cada vez mais na produção de morangos pelo rápido retorno financeiro e baixo custo de investimento. Para garantir produtividade sem desperdícios, as pesquisadoras da Universidade do Estado da Bahia (Uesb) Raquel Maluf e Priscila Miranda vem desenvolvendo o estudo “Serviços ecossistêmicos de abelhas em cultivo de morango no Planalto da Conquista”. A pesquisa busca avaliar a utilização das abelhas sem ferrão no melhoramento da produção do fruto, gerando, assim, uma melhor aceitação no mercado.
De acordo com a professora Raquel Maluf, orientadora do estudo no Programa de Pós-Graduação em Agronomia da Uesb, o morango se beneficia bastante com a polinização feita pelas abelhas sem ferrão. “Nós percebemos que o morango tem uma necessidade grande de uma boa polinização para que tenha frutos bons, bem formados. Quando a polinização no morango não ocorre de maneira adequada, o fruto fica mal formado e ele perde valor de mercado”, explica.
Esse estudo foi realizado pela engenheira agrônoma Priscila Miranda, orientada por Raquel Maluf, e contou com a parceria da Casa do Mel, que emprestou colônias de abelhas sem ferrão de duas espécies diferentes, e com produtora familiar do município Barra do Choça, localizado no Sudoeste baiano e situado a 27 km de Vitória da Conquista e a 524 km de Salvador.
“A pesquisa, inicialmente, começou no ano de 2022 e foi realizada durante o ano todo, nas quatro estações, intercalando uma com a outra. Além disso, foi feita em uma área pequena, de 30 por 30 metros quadrados, em túnel baixo e que apresentava 11 linhas de plantio. Nós colocamos em frente ao plantio 8 caixas no total, 4 caixas de cada espécie de abelha. Foram usadas abelhas das espécies popularmente chamadas de Iraí e Jataí”, informa Priscila.
A doutora em Ciências Agrárias e especialista em Meliponicultura, Generosa Sousa, mais conhecida como Genna Sousa, conta que disponibilizou as caixas das duas espécies de abelhas para realização da pesquisa em campo e que ela é uma das principais criadoras de abelha Iraí (Nannotrigona testaceicornes) na Bahia. “Essa abelha é bem promissora na polinização porque elas visitam bastante as plantas e costumam juntar muito pólen em suas colônias e acaba consequentemente realizando a efetividade da polinização do morangueiro e de outras culturas agrícolas”, frisa.
Genna diz ainda que “no Brasil, nós temos cerca de 350 espécies de abelhas sem ferrão catalogadas até o momento, sendo que podemos ter mais. Dentre essas espécies, nós temos algumas que existe um protocolo para criação e manejo, como a Iraí e Jataí, por exemplo. Na Bahia, nós temos hoje mais de 5 mil criadores de abelhas sem ferrão que têm buscado o conhecimento nas técnicas de criação e manejo”.
Lucro maior
Quem disponibilizou o seu plantio para realização do projeto foi a produtora de morango do município Barra do Choça, Sorlange Gomes. Ela conta que no começo estava um pouco apreensiva por ser algo novo, mas que se surpreendeu com o resultado. “A cultura do morango é muito exigente e por conta da presença das abelhas sem ferrão nos morangueiros eu precisei diminuir o uso de fertilizantes e nem utilizar os agrotóxicos porque senão mata as abelhas. No final, eu me surpreendi, porque com as abelhas na roça consegui ter um padrão ainda melhor do que eu já tinha, pude economizar e ter um lucro melhor”, explica.
Sorlange relata também que pretende ter suas próprias abelhas na próxima plantação de morangos. “A abelha não me dá gasto nenhum, melhora a qualidade do meu morango e ainda no final me dá um mel de qualidade”, destaca a produtora.
O projeto conta com o apoio da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (Uesb), do Programa de Pós-Graduação em Agronomia e da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado da Bahia (Fapesb).
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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