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ATARDE AGRO

Agrotóxico é esperança para conter praga da traça-do-tomateiro

A praga é responsável por causar danos às plantas do tomateiro, afetando desde as folhas até os frutos

Por Júlia Isabela*

21/11/2022 - 7:42 h
Tomates e plantações afetadas pela traça-do-tomateiro.
Tomates e plantações afetadas pela traça-do-tomateiro. -

A traça-do-tomateiro (Tuta absoluta) é uma das pragas mais comuns nas plantações de tomate. Ela aparece principalmente durante períodos mais secos e é responsável por causar danos significativos às plantas, afetando desde as folhas até os frutos, o que gera prejuízos econômicos severos aos horticultores.

Geralmente, o combate à praga é feito através do uso de agrotóxicos, com parcimônia, para não agravar a situação. O recomendado por especialistas é que as dosagens sejam feitas a partir das orientações do fabricante e que princípios ativos sejam usados de forma alternada, para assim retardar o aparecimento de insetos resistentes.

No entanto, um recente estudo feito pela Embrapa Hortaliças (DF) comparou, no enfrentamento à praga, o uso exclusivo de agrotóxicos com o uso de agrotóxicos seletivos associado a um inimigo natural (controle biológico) da Tuta absoluta, o Trichogramma pretiosum, um parasitoide de ovos.

Os resultados concluíram que unir agrotóxicos seletivos a um inimigo natural da traça-do-tomateiro é mais eficiente no que tange o controle de infestação da praga do que utilizar os produtos químicos de forma isolada.

“O tratamento utilizando somente agrotóxicos foi eficiente, mas, quando associado ao uso do parasitoide, a redução da praga foi mais significativa, mantendo a infestação próxima dos níveis de controle – 20% de folhas atacadas e 5% de frutos lesionados”, pontua o entomologista Alexandre Pinho de Moura, pesquisador da Embrapa Hortaliças e autor da pesquisa.

No caso dos frutos, as porcentagens de ataque da traça-do-tomateiro foram de 6,67% para o tratamento com utilização conjunta de agrotóxicos seletivos e T. pretiosum, e de 20% para o tratamento apenas com agrotóxicos.

As larvas da Tuta absoluta formam minas nas folhas do tomateiro e se alimentam delas, o que pode levar à destruição completa das mesmas e tornar os frutos da planta imprestáveis, provocando perdas de 25% a 50% dos frutos. O ataque da traça-do-tomateiro também pode colaborar para a contaminação por patógenos, o que facilita o apodrecimento das frutas.

Para saber o momento certo de adotar medidas adicionais de controle, foi feito um monitoramento semanal da população da praga durante o estudo, tanto nas folhas (no estágio vegetativo da planta) quanto nos frutos (na frutificação).

O pesquisador Alexandre Pinho de Moura recomenda que o produtor faça o mesmo na sua propriedade e tenha atenção na escolha dos químicos utilizados. “É necessário que a aplicação do agrotóxico em conjunto com o inimigo natural seja feita de forma compatível, por meio de produtos seletivos, que são eficientes no controle da praga, mas não causam nenhum dano ao inimigo natural”, ressalta.

Picos de infestação

O Brasil produziu 3.679.160 toneladas de tomate em 2021, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), utilizando uma área de 51.907 hectares (ha), o que representa uma produtividade média de 70.880 kg/ha. O estado de São Paulo é o maior produtor no âmbito nacional.

Porém, segundo Moura, picos de infestação pela traça-do-tomateiro têm sido recorrentes no país e ainda não foi possível identificar os fatores que determinam essa sazonalidade. O que se sabe é que as infestações são mais comuns nos períodos mais quentes e secos do ano, quando a praga completa seu ciclo mais rapidamente e as gerações se multiplicam em um curto período de tempo.

Heliab Bomfim, engenheiro agrônomo e tomaticultor, conta que a traça-do-tomateiro é o principal inseto praga nas áreas de produção de tomate na região oeste da Bahia. Para ele, uma das principais dificuldades enfrentadas pelos produtores é a falta de um manejo integrado nas áreas de produção.

“Mesmo que um produtor consiga manejar e controlar de forma adequada, esse controle pode não ser eficiente, pelo fato da praga migrar de uma área mal manejada para outra onde o controle é realizado de forma correta”.

“Em diversas áreas, a produção chega a ser inviabilizada em épocas mais propícias ao desenvolvimento da traça-do-tomateiro, com prejuízos chegando a 100% em algumas lavouras, visto que, se a população desse inseto for elevada, o ataque pode ocorrer desde a planta jovem, recém transplantada, com danos severos nas folhas, até a sua fase reprodutiva com danos direto nos frutos, o que os tornam impróprios para a comercialização”, completa Bomfim.

Em 2021, a Bahia produziu 261.404 toneladas de tomates em 4.784 hectares, de acordo com o IBGE. O estado teve o terceiro maior valor de produção do país, o equivalente a R$ 741.082 mil. A cidade de Mucugê foi a que mais produziu em solo baiano.

O tomaticultor ainda pontua que a utilização de inseticidas seletivos com agentes de controle biológico, como microvespas parasitóides, é uma realidade em outros estados, mas que na Bahia, mais especificamente na região oeste, esse manejo ainda é incipiente.

“Acredito que é uma tecnologia eficiente e que os produtores poderiam se beneficiar com a sua utilização, desde que fosse realizado um trabalho de conscientização em relação a forma correta de combinação entre controle químico e biológico”, diz Bomfim.

No Distrito Federal, produtores de tomate relatam perdas de até 50% na safra 2022. “Este ano a infestação está muito superior à do ano passado, eu perdi metade da produção, e alguns plantios tiveram que ser abandonados, porque economicamente não era viável colher”, conta o produtor Maurício Severino Rezende.

A situação se agravou por conta do baixo preço oferecido pelo tomate, já que no plantio de 2021 os preços estavam altos e, por isso, o mercado conseguia absorver um produto de qualidade um pouco inferior, como explica Rezende.

“Nesta safra, com o preço quatro vezes menor, R$ 40,00 a caixa contra R$ 160,00 do ano passado, a seleção teve que ser muito mais rigorosa. Com isso, boa parte da produção virou ração animal ou, simplesmente, foi descartada”.

*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló

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