AGRONEGÓCIO
Bambu é alternativa de fonte de renda para agricultores familiares
Com cerca de 200 espécies no Brasil, a planta apresenta crescimento rápido e alta produção
Por Leilane Suzarte*
Existem no Brasil em torno de 200 espécies de bambu. Elas são encontradas com maior variedade e tipos diferentes na Floresta Amazônica e Mata Atlântica. Pelo seu crescimento rápido e sua alta produção, a planta gramínea se destaca como grande potencial econômico e fonte de renda para os agricultores familiares.
No entanto, os produtores da Bahia encontram dificuldades para plantar e cultivar o bambu devido a falta de recursos financeiros para manter esse tipo de cultura na plantação, bem como o conhecimento das técnicas utilizadas e equipamentos mais adequados para processar o vegetal. Porque, depois de tratado, o material pode ser usado para construir casas, fazer móveis, artesanatos e na área da alimentação.
O francês arquiteto Oscar Pont, que vive atualmente em Salvador, criou uma associação chamada Bambu sem Fronteira, com o apoio do Centro Brasileiro Inovação e Sustentabilidade (Cebis). Ele tem uma plantação, que fica localizada em Abrantes, com mais de 700 mudas de 8 espécies de bambu. Segundo o viveiro, a ideia surgiu quando percebeu a inexistência do cultivo da planta na capital baiana e no estado. “Eu não consegui encontrar o bambu na Bahia e fiquei assustado com isso. Então, se ninguém quiser fazer, eu vou plantar para incentivar a expansão desse cultivo em Salvador. Porque o bambu na Ásia é considerado como madeira do futuro e aqui é visto, às vezes, como praga”, explica.
O bambu é um dos principais produtos florestais não madeiráveis, que tem a capacidade de sequestrar rapidamente o carbono atmosférico e apresenta ótimas características físicas, representando, assim, uma alternativa promissora à madeira em atividades que buscam o desenvolvimento sustentável.
A presidente do Centro Brasileiro Inovação e Sustentabilidade (Cebis), Katiane Gouvêa, afirma que “na região da Baía de Todos os Santos, Recôncavo Baiano e Região Metropolitana de Salvador, existe um potencial para área de plantio e mercado de bambu. Então, o produtor pode processar essa planta para artigos ou construção civil e vender para o comércio local”.
É o caso do bambuzeiro, Getúlio Soares, que plantará no ano que vem uma variedade de espécies de bambu na sua fazenda em São Sebastião do Passé, no Recôncavo baiano. “Será uma média de 6 a 8 mil pés plantados, que depois de 6 anos, eu vou ter disponibilizado esse bambu tratado para oferecer ao mercado. Além disso, daqui a 2 ou 3 anos, vou começar a fazer um viveiro de mudas de bambu porque a dificuldade na Bahia, principalmente, é saber onde e como comprar essa planta”.
É necessário que haja políticas públicas também para incentivar o plantio do bambu na Bahia. “Projetos dentro de Áreas de Proteção Ambiental (APAS), trabalhos de educação ambiental e capacitação ajudam a desenvolver a economia do bambu para atender o setor hoteleiro, de construção civil, móveis e de mobiliário urbano como ponto de ônibus, estrutura para administração pública, escolas, centros comunitários, entre outros”, diz Katiane.
Mercado global
Para se ter uma ideia, o mercado mundial do bambu movimenta US$ 60 bilhões por ano, em produtos industriais, brotos comestíveis e matérias-primas, de acordo com dados da International Network for Bamboo and Rattan (INBAR). Sendo assim, o produtor familiar que investe na plantação do bambu consegue ter lucros devido a inúmeras aplicações que o vegetal pode proporcionar para o comércio interno e externo. Para isso, é de extrema importância que haja apoio do poder público, de outros agricultores e/ou pessoas que trabalham há mais tempo no setor.
Nivaldo Feliciano, consultor técnico do CEBIS, esclarece que “ainda é recente no país a credibilidade ao uso do bambu, principalmente na construção civil. Os brasileiros conhecem a madeira, mas não têm essa cultura do bambu. Já temos algumas normas a nível de estado e de Brasil para utilização do vegetal, mas falta muito na propagação de informação e aplicação dessa planta nos diferentes ramos da economia”.
Vale lembrar que na preparação do bambu utilizam-se ferramentas e equipamentos desenvolvidos para o manejo do vegetal. Por isso, são necessários mais estudos a respeito dos consórcios dos bambus com diferentes espécies. “Para plantar o bambu tem que ter conhecimento, pois tem todo um processo entre o plantio, a colheita, o tratamento e a manufatura da planta. Se o agricultor não sabe disso, é ideal que contrate um profissional especializado em plantação de bambu”, enfatiza Feliciano.
*Sob supervisão da editora Cassandra Barteló
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