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Encontro vai debater níveis de incidência do bicudo do algodoeiro

Workshop acontecerá no dia 7 de fevereiro, na sede da Abapa, em Luís Eduardo Magalhães

Publicado segunda-feira, 29 de janeiro de 2024 às 07:11 h | Autor: Miriam Hermes
Luiz  Bergamaschi, da Abapa: ‘Estamos com a praga quase erradicada’
Luiz Bergamaschi, da Abapa: ‘Estamos com a praga quase erradicada’ -

Mais conhecido como bicudo-do-algodoeiro, o besouro Anthonomus grandis está perdendo a guerra para o trabalho conjunto e contínuo entre produtores, pesquisadores e órgãos estatais. O combate à praga reunirá em fevereiro diversos segmentos envolvidos nesta commoditie, que na safra passada produziu 615 mil toneladas de pluma no estado.

O bicudo é o maior inimigo dos cotonicultores brasileiros desde a década de 1980, exigindo monitoramento constante dentre outras medidas dentro e fora das lavouras, que no estado são coordenadas pela Comissão Técnica Regional do Algodão (CTR do Algodão), composta por oito entidades representativas desta cadeia produtiva.

Originário da América Central, o bichinho tem mandíbulas afiadas que facilitam a perfuração dos botões florais no início da fase reprodutiva da planta, quando fura os botões para se alimentar e depositar seus ovos. Com este ataque, ao invés de se transformarem em pluma, apodrecem e caem, reduzindo a produtividade. Uma estimativa aproximada é que entre 20% e 30% dos investimentos em uma lavoura de algodão são destinados ao controle deste besouro.

A previsão para a safra 2023/24 é semear 327 mil hectares (ha) até o dia 10 de fevereiro, dos quais cerca de 25% irrigados. Para atualizar os conhecimentos dos profissionais envolvidos com a cultura no estado, a Associação Baiana dos Produtores de Algodão (Abapa) promoverá o Workshop Bicudo do Algodoeiro na Bahia.

O encontro acontece dia 7 do próximo mês no Centro de Treinamento e Tecnologia da entidade, em Luís Eduardo Magalhães, e pretende reunir cotonicultores, consultores, agrônomos, técnicos e gerentes das fazendas, proporcionando a troca de conhecimentos entre os participantes.

Com envolvimento da Agência de Defesa Agropecuária da Bahia (Adab), da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), fazendas e do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), o evento vai contar com apresentações de resultados de monitoramento e de pesquisas, de manejo e boas práticas.

Também vai abordar a legislação fitossanitária da cultura, a situação e previsões climáticas para o algodão baiano durante o evento climático El Niño, que continua vigorando neste ano de 2024. A estimativa para a safra 23/24 é a produção média de 1.913 quilos (kg) de pluma por hectare (ha). A queda na comparação com a safra anterior, quando média foi de 1.968 kg pluma ha, se deve ao clima.

A praga foi uma das principais responsáveis pelo declínio da cotonicultura no estado, quando ocupava propriedades no sudoeste baiano na década de 1980. No oeste, as grandes propriedades começaram as experiências com a pluma a partir da década de 1990, levando a Bahia ao título de segundo maior produtor brasileiro nos últimos anos, com trabalho no campo e pesquisas, usando alta tecnologia.

De acordo com o presidente da Abapa, Luiz Carlos Bergamaschi, a vigilância e o manejo com diferentes armadilhas permite acompanhar se há bicudos na lavoura e necessidade de combate com defensivos. A região tem apresentado resultados no monitoramento indicada na cor azul, que aponta baixo índice de infestação, na classificação: vermelho, amarelo, azul (baixa infestação) e verde.

Ele pontuou como fundamentais, o controle cultural com destruição dos restos das plantas colhidas e eliminação das tigueiras (involuntárias). Para o dirigente, vale a consciência coletiva com respeito às normas para uso do mínimo de defensivos. “No Brasil, estamos com a praga quase erradicada”, afirmou, salientando que na Bahia existem 18 Núcleos Regionais de monitoramento semanal, facilitando o acompanhamento para adoção de medidas com celeridade.

Aumento no consumo

Com produção da fibra mundial maior que a demanda no ano passado, os cotonicultores sofreram com redução de preços, mas esperam aumento no consumo para puxar os valores para cima este ano. “Os produtores rurais são movidos pela esperança”, disse Bergamaschi, pontuando que eles têm feito sua parte com bons tratos culturais e boa gestão, alcançando uma fibra da melhor qualidade.

Diretor de Defesa Vegetal da Adab, Vinícius Videira ressaltou a importância do setor produtivo “abraçar o Programa (Fitossánitário do Algodão), e participar ativamente de todas as medidas necessárias, porque esse trabalho precisa do envolvimento de todos”. Ele explicou que, se uma entre diversas propriedades com lavouras de algodão não seguir as regras, o empenho dos demais será prejudicado.

Uma das regras assimiladas há anos é o período do Vazio Sanitário, quando fica proibida a presença de plantas, voluntárias ou não nas propriedades, bem como na beira de estradas, nascidas de sementes que caem dos veículos que fazem o transporte do algodão bruto ou das sementes.

Na safra atual, por causa do El Niño, a janela do plantio foi alterada a pedido dos cotonicultores com aprovação da CTR do Algodão. A solicitação foi tema de debates na Comissão que conta com representantes além da Adab e Abapa, também da Segri, Embrapa, Fundação Bahia, Ministério da Agricultura (Mapa), Fundeagro, Aiba e Agrolem.

Com o consentimento deste colegiado, a Adab editou duas portarias para a safra em curso. A 086 adiantou o fim do Vazio Sanitário para 11 de novembro de 2023 e a 087, que estendeu o prazo para o fim do plantio até dia 10 de fevereiro para melhor adequação com as precipitações pluviométricas nesta temporada.

Segundo Videira, diversos aspectos foram avaliados, desde a classificação de infestação apontando controle, até a relevância social e econômica da atividade em suas diversas etapas, considerando a capacidade de geração de emprego e renda desta cadeia produtiva.

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