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Lugar de mulher é no agro

Elas dirigem 25% das propriedades rurais na Bahia

Publicado terça-feira, 17 de outubro de 2023 às 04:00 h | Autor: Miriam Hermes
Em sete anos, as ações do Núcleo Mulheres do Agro do Oeste alcançaram 33.741 pessoas em 32 municípios
Em sete anos, as ações do Núcleo Mulheres do Agro do Oeste alcançaram 33.741 pessoas em 32 municípios -

De coadjuvantes nas antigas fazendas ou pequenas propriedades a protagonistas do agronegócio. As mulheres desempenham hoje papel de comando no setor e representam uma força poderosa na labuta da classe.

Os mais recentes dados oficiais são do Censo Agropecuário 2017 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), que contabilizou 194.533 mulheres na direção de propriedades rurais da Bahia, sem distinção de tamanho, representando 25,6% da ocupação destes postos no período.

Em todo Brasil, foram identificadas 947 mil mulheres em um universo de 5,07 milhões dirigindo propriedades rurais na época. Isso representa 19% do total dos empreendimentos rurais, de acordo com dados de um trabalho conjunto entre IBGE, Mapa e Embrapa.

Foi neste contexto que surgiu,  em 2016, o Núcleo Mulheres do Agro do Oeste da Bahia, com o objetivo de congregar o contingente de produtoras rurais e outras mulheres inseridas na cadeia do agronegócio regional.

O movimento atua em diversas frentes e, em evento realizado em setembro passado, reuniu produtores e especialistas em parceria com a Associação dos Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), para debater sobre o tema ‘Desafios do Agronegócio no Oeste da Bahia para os próximos anos’.

De acordo com a presidente do Núcleo, Suzana Viccini, elas também provocam reflexões sobre as temáticas de interesse das mulheres, levando informações sobre questões práticas da atividade, com muita troca de experiências. “Quando sentimos necessidade, convidamos especialistas e abrimos o convite para a comunidade”, pontuou.

O grupo é conhecido na região também por programas de cunho socioeducacional desenvolvidos nos municípios do Oeste, como o ‘Plante Amor, Salve Vidas’ e ‘Algodão que Aquece’, que só este ano distribuiu mais de 11 mil agasalhos de algodão para alunos da cidade de Barra.

“O agasalho é apenas uma ferramenta. Faz parte do projeto pedagógico que visa disseminar informações sobre a agricultura e aumentar a conscientização sobre as atividades do setor”, explicou.

Em sete anos, com apoio de entidades e empresas, as ações do Núcleo alcançaram 33.741 pessoas, em 213 escolas de 32 municípios, somando as iniciativas sociais e educacionais, além dos eventos para a classe produtora.

Mulheres do Agro do Oeste da Bahia é um núcleo similar a outros formados em diferentes regiões produtoras do país, com pretensões semelhantes. Neste quesito, o estado se destaca pela atuação da produtora Carminha Missio, liderança do setor agropecuário como um todo.

Ela foi a primeira mulher a presidir o Sindicato dos Produtores Rurais de Luís Eduardo Magalhães (SPRLEM). Atualmente, é vice-presidente da Federação da Agricultura da Bahia (Faeb), sendo também a primeira mulher a ocupar o cargo.

A produtora também faz parte da Comissão Nacional das Mulheres do Agro da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA). No próximo dia 17 de novembro, ela vai dirigir o lançamento da Comissão Estadual das Mulheres do Agro da CNA, dentro da programação da feira E- Agro, em Salvador.

Bahia é exemplo

De acordo com a presidente da Comissão Nacional, Stéphanie Ferreira, de Três Lagoas (MS), a organização das mulheres fortalece o agro, pois prepara a força feminina para assumir o protagonismo na atividade. Para ela, a Bahia é exemplo no país pelos números do Censo Agropecuário 2017 e pelo trabalho desenvolvido nos últimos anos.

“A mulher é agente transformador da sociedade, pela sua sensibilidade, organização e capacidade de trabalhar em conjunto”, afirmou, salientando que a comissão nacional da CNA atua com 54 grupos já organizados através de encontros presenciais e virtuais, com grande foco no despertar e no preparo de lideranças.

Presidente do SPRLEM, Greice Fontana Klein pontuou ser positivo “ver as mulheres ocupando lugares nas instituições e associações de classe, em que são discutidas e defendidas as políticas do setor”.

Ela lembrou que “dentro da porteira”, a mulher já desempenha várias atividades com grande capacidade e resultados, seja na operação de máquinas pesadas ou na gestão. “Ainda temos muitos caminhos a percorrer, mas com capacitação e competência chegaremos em todos os lugares”, projetou.

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