AUTOS
C3 Aircross zera a nota no Latin NCAP
Teste revela que impacto frontal mostrou proteção fraca para o peito do passageiro da frente, no impacto lateral houve intrusão no habitáculo
Por Núbia Cristina
Na semana passada, o Programa de Avaliação de Veículos Novos para a América Latina e o Caribe, Latin NCAP, divulgou a quarta rodada de resultados de 2024 destacando a nota zero obtida para o Citroën C3 Aircross (Novo Aircross). Especialistas e consumidores atentos destacam que é importante prestar atenção no resultado dos testes de segurança, e avaliar cuidadosamente esse aspecto, na hora de comprar carro.
O C3 Aircross (Novo Aircross), que oferece dois airbags e Controle Eletrônico de Estabilidade (ESC) como equipamento padrão, obteve 33,01% em Ocupante Adulto, 11,37% em Ocupante Infantil, 49,57% em Proteção de Pedestres e Usuários Vulneráveis da Estrada e 34,88% em Assistência à Segurança. E após teste de auditoria do Latin NCAP obteve a decepcionante nota zero estrela.
Segundo o programa, o carro foi testado em impacto frontal, impacto lateral, chicotada cervical (whiplash), proteção para pedestres e ESC. “O teste de impacto lateral de poste não foi realizado e obteve zero pontos devido à falta de proteção lateral para a cabeça nas filas dianteira e traseira, que nem sequer é oferecida como opcional”.
Ainda de acordo com a avaliação, “o impacto frontal mostrou uma proteção fraca para o peito do passageiro da frente. O teste de impacto lateral apresentou uma intrusão relevante no habitáculo, aumentando os riscos de lesões aos ocupantes. O teste de chicotada cervical (whiplash) obteve proteção deficiente para o pescoço do adulto”.
Em relação à segurança das crianças o resultado é preocupante. “A proteção dinâmica para crianças não obteve pontos porque a sinalização das ancoragens Isofix não cumpre com os requisitos do Latin NCAP, e o Latin NCAP não foi informado pelo fabricante sobre os planos para atualizá-la. A maioria dos Sistemas de Retenção Infantil (SRI) testados na instalação falharam e não é possível desativar o airbag do banco do passageiro dianteiro ao colocar um SRI voltado para trás nessa posição”.
E ainda:” A proteção de pedestres apresentou proteção marginal, adequada e fraca para a cabeça, com uma área limitada de boa proteção”. O lembrete de cinto de segurança também não cumpre com os requisitos do programa. “O modelo não oferece Sistemas de Assistência à Velocidade, como padrão, Sistemas de Suporte de Pista e Frenagem Autônoma de Emergência, nem mesmo como opcionais”.
A TARDE entrou em contato com a Stellantis, que tem a marca Citroën no seu guarda-chuva, e a fabricante respondeu em nota sobre o resultado dos testes do Latin NCAP. “A Stellantis reforça seu compromisso com a Segurança Veicular e que seus modelos comercializados atendem todas as regulamentações vigentes. A segurança de um carro é um conjunto pensado desde o início do desenvolvimento, e vai muito além da oferta individual de itens de segurança ativa e passiva. A variante da plataforma CMP permite ao Aircross ter uma carroceria robusta com ampla proteção ao habitáculo.”
Não é prioridade
Para o advogado e engenheiro Israel Freire, o consumidor brasileiro não pensa na segurança que o veículo oferece na hora de comprar o carro. “Levam em conta a beleza, espaço e conforto interno, tecnologia, valor de revenda, e o item segurança não é prioridade”, avalia. “As marcas que investem muito em segurança e comunicam isso, como a Volvo, para a maioria é percebida como uma marca cara”, comenta.
“Desconheço qualquer pessoa que já tenha comprado um carro, porque ele tinha um alto índice de segurança, tinha uma nota 5 nos testes Latin NCAP, por exemplo”, afirma Freire. “Vejamos os exemplos dos carros da Stellantis, que é líder de mercado com a marca Fiat, têm as piores notas nos testes do Latin NCAP e vendem muito bem, as pessoas compram e nem prestam atenção nisso”.
Israel Freire destaca ainda que os testes são importantes porque avaliam a efetividade dos itens de segurança. “Muitas marcas oferecem os itens para cumprir a legislação, mas sem efetividade. Em caso de acidente, em geral se coloca a culpa no condutor, na chamada falha humana, mas nunca se observa se os veículos, sobretudo os carros menores, foram projetados para evitar os acidentes”.
“A Stellantis, mais uma vez, é apontada como displicente e até irresponsável pelo resultado obtido pelo C3 Aircross, muito inferior a diversos outros modelos, zerando totalmente o teste, que é classificado em estrelas, como nota máxima 5 estrelas, para carros que têm uma proteção melhor aos ocupantes”, observa o especialista Anderson Magalhães, fundador da Carrocash.
“Nesses testes são avaliados, em caso de acidentes, o dano causado em algumas áreas do corpo humano, como cabeça, região do tórax, membros superiores, inferiores, porque, a depender da região afetada, você tem um agravamento ou não, por conta do nível de proteção que o carro oferece. O que ficou grave no caso da avaliação do C3 é que, além dos índices baixíssimos de proteção, avaliados lá em percentual, o carro zerou as estrelas em relação ao que ele oferece de proteção aos ocupantes do veículo”, destaca Magalhães.
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