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Delivery amplia demanda por utilitários

Publicado quarta-feira, 10 de junho de 2020 às 06:00 h | Atualizado em 21/01/2021, 00:00 | Autor: Lúcia Camargo Nunes
Está em alta o táxi pet de Ângela, que aprova o Renault Kangoo | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
Está em alta o táxi pet de Ângela, que aprova o Renault Kangoo | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE -

Uma pesquisa nacional do Sebrae realizada em abril indica que entre as micro e pequenas empresas que tiveram crescimento de receita durante a crise, cerca de 48% mudaram o modo de funcionamento, apostando mais em entregas e serviços na internet. A sondagem analisou 14 segmentos, e 92% das empresas do setor de alimentos e bebidas, que aumentaram o faturamento, adaptaram o negócio ao modelo de entregas.

Com o carro adequado, ou não, às novas demandas, pequenos empreendedores de Salvador inovam e se adaptam ao cenário atual. Maria Amélia Cunha já trabalhava com delivery em sua lavanderia antes da pandemia, mas não como agora. “Nossa lavanderia fica numa avenida de passagem, e como a maioria dos clientes antes da crise não morava aqui no Rio Vermelho, ficamos sem eles. Então resolvemos mudar o negócio: anunciamos mais na internet e redes sociais e conquistamos novos clientes”, afirma Amélia, que detectou aumento de 50% no delivery.

Uma das estratégias adotadas por ela e sua irmã, Maria Esther Cunha, foi oferecer novos tipos de pacote. “Percebemos que muita gente havia dispensando suas funcionárias temporariamente de casa. Então fizemos uns pacotes emergenciais e baixamos os valores para as roupas de cama e banho”, explica.

Fiat Doblò

Amélia e a irmã usam os próprios carros para fazer as entregas: os sedãs Renault Logan e Fiat Siena. Nos amplos porta-malas elas acomodam apenas as roupas sujas e as limpas vão no interior. “A gente ia comprar um Fiat Doblò às vésperas da pandemia, mas achamos difícil vender o meu Logan para pegar outro nessa situação. Depois disso tudo, vamos voltar com esse plano. Não será um modelo zero, porque montamos a lavanderia sem financiamento, então não queremos ter dívida”. Amélia aponta o Doblò como um modelo versátil, que ela poderá usar para o trabalho e também para passear com a família.

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A Toro e a Honda Bros 150 no delivery da farmácia de Pinho | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE

Usar seu veículo de passeio para entregas também tem sido a estratégia de Antônio Lázaro Barreto de Pinho, farmacêutico e proprietário da Farmácia Duda & Gabi, no Barbalho. “Dependendo da entrega, usamos nosso carro mesmo, uma Fiat Toro 19/20 a gasolina. Se for um pequeno volume, temos uma Honda Bros 150. Cerca de 95% das entregas são feitas de moto”, explica Pinho, que acrescenta que a Bros não é voltada ao delivery, mas, como já tinha uma, ele a aproveitou para seu negócio. “Para entregas, as empresas usam mais a CG 125”.

A Toro de Pinho tornou-se útil no delivery de produtos mais pesados e volumosos, como fraldas geriátricas, que vão na caçamba. “A picape é particular, mas precisando para a farmácia também a utilizamos. Minha esposa era apaixonada por ela e queria uma. É muito espaçosa e confortável”, afirma. A demanda por entrega de sua farmácia aumentou mais de 200% após a quarentena, relata.

Até caminhão

Os negócios também motivaram o empresário Anísio Marques a vender sua picape Toyota Hilux para investir em um Kia Bongo 2014. Ele é dono do Mercado Super Marques, que foi ampliado recentemente dentro de um condomínio, em São Marcos. “Por ser um veículo de luxo, levar mercadoria, peso e às vezes usar o banco de trás, acabava depreciando a Hilux. Já o Bongo é para trabalho mesmo. Só não dá para passear com ele”, conta Marques, que para essa função ele diz estar satisfeito com seu Renault Sandero. “O Bongo é difícil dar problema, só tem a diesel, não precisa mudar a classe da carteira, pode ser a B, é uma picape, aí o IPVA fica mais em conta”.

Ele também utiliza bicicletas no delivery. “Eu ampliei meu mercadinho com padaria, e houve a necessidade de ter um carro maior para fazer minhas compras, tanto na Ceasa quanto nos distribuidores”. E Marques pretende ampliar a frota, após a pandemia.

Ter um carro da empresa foi uma decisão acertada para Rejane Duarte Barros, dona da Lúcia Lavanderia, no Periperi, que já atua com delivery há 20 anos. A escolha mais recente foi por um Renault Kangoo 2018, utilizado só para esse fim. A demanda por coleta e devolução de roupas aumentou cerca de 20% na pandemia. “As pessoas trocam mais de roupa e procuram por uma higienização adequada”, afirma Rejane.

Com o Kangoo, ela faz um roteiro pré-programado em alguns bairros naquele dia, quando as roupas são coletadas e devolvidas. São de 17 a 20 clientes atendidos por dia. A decisão pelo Renault, comprado zero-quilômetro, foi por sua funcionalidade. “É um modelo que facilita nosso trabalho, pois tem porta lateral que ajuda bastante, além de ser um veículo econômico e com boa capacidade de carga. Na época que compramos, não encontramos a versão Cargo do Fiat Doblò. E tínhamos a preferência de comprar um veículo zero. Tem dado certo, sua manutenção está em dia e funciona bem para a gente”, avalia a empresária. Essa versão utilitária do Doblò a que ela se refere saiu de linha em 2016. E o Kangoo deixou de ser produzido em 2018.

Táxi pet no Kangoo

A pandemia também fez aumentar o trabalho da empresária e ativista Ângela Junqueira, dona do Táxi Pet Bionicão, serviço especializado no transporte e tutoria de animais de estimação. Ela comprou em 2015 um Renault Kangoo seminovo. “Ele tem uma capacidade maravilhosa. Como resgato e busco animais de clientes e os transporto, eu uni o útil ao agradável. Faço meu trabalho social e também meu serviço, que é um táxi. Ontem mesmo transportamos 28 gatos de uma senhora, comprei várias caixas e usei tapetes emborrachados. Naquele espaço cabe até um dog-alemão e um fila que faço o transporte”, conta.

Durante a quarentena, a demanda aumentou bastante. “Com a pandemia da Covid-19, houve um crescimento da procura em 30%. Muitas pessoas resistem em sair, mas não abrem mão de cuidar do filho peludo. Daí contratam meu transporte e serviço de acompanhamento, que consiste em levar o pet para uma consulta, exames ou procedimento e entregá-lo com o relatório do atendimento”, conclui Ângela.

Opções diferenciadas

As picapes pequenas, Fiat Strada, Volkswagen Saveiro e Chevrolet Montana, são alternativas para quem oferece o serviço de pronta entrega. Entre as médias estão a Fiat Toro e a Renault Oroch. Se a opção for o tipo furgão, as mais em conta são a Fiat Fiorino e a Peugeot Partner. Se a opção for investir em picapes maiores para trabalho, existem versões de cabine simples da Chevrolet S10, Toyota Hilux e Ford Ranger. Há ainda os furgões maiores, que custam mais, porém são mais adequados a entregas de volumes e pesos maiores. Nessa categoria estão diversas versões do Citroën Jumpy, Fiat Ducato, Iveco Daily, Mercedes-Benz Sprinter, Peugeot Expert e Renault Master. Do segmento de pequenos caminhões, a Kia comercializa o Bongo, e a Hyundai, o HR.

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