UM CARRO PARA DOIS
Dia dos Namorados: casais que dividem carros contam desafios da rotina
Casais falam da rotina com o carro e a organização para as demandas do dia a dia
Por Núbia Cristina
A estudante de medicina, Alice Mascarenhas, e o engenheiro Igor Mascarenhas estão juntos há 12 anos: são quatro de namoro, oito de casados e eles compartilham o mesmo carro há dez anos. O VW Jetta Highline 2.0 TSI é o transporte para o trabalho, a faculdade, para a escola de Maria Júlia, filha de 7 anos, e o companheiro de viagens da família, que gosta de pegar a estrada. É desafiador gerenciar a rotina com o carro e conciliar as demandas do casal, mas o amor e a parceria superam os obstáculos.
“Usamos o veículo para tudo, trabalho, faculdade, escola de Maria, médico, supermercados e lazer nos momentos de folgas. Até para mudança de residência, nós usamos o carro”, comenta Alice. O casal já compartilhou vários modelos: Fiat Palio, Fiat Punto, Ford Focus (sedan), Honda H-RV, Renault Sandero Stepway. O modelo atual foi aprovado por Maria Júlia; aventureira, ela também gosta de viajar. “Por causa dela já tivemos que trocar de carro, porque ela não gostava, mas o atual ela adora, principalmente com o teto aberto, para ver o céu”, conta a mãe.
“Igor trabalha à noite, em esquema de plantão. Tem semanas que trabalha três dias e na outra quatro dias seguidos. Nesses dias a prioridade é ele estar com o carro e eu faço a programação de usar o carro baseado nisso. Como eu faço faculdade, assim que Igor chega em casa pego o carro para ir para aula; faço as demandas que forem surgindo até o horário dele voltar para o trabalho. E nas folgas dele eu uso mais o carro”, descreve Alice.
Terapia
Para Igor Mascarenhas, dirigir é terapia, seja na estrada ou na cidade. E ele roda bastante de carro, inclusive na estrada, porque trabalha na BR 324. “Quando viajamos, é sempre ele que dirige, mas eu também tenho experiência em pegar estrada. Nós dois gostamos muito de dirigir, porém, ele gosta mais”, afirma Alice.
Igor é mais apegado ao carro e cuida do veículo. Está sempre atento às manutenções preventivas e à higienização. “Igor sabe todos os detalhes do carro, olha o carro todos os dias. Conhece cada arranhão que tem, não gosta de nenhum ruído e nem de andar com carro sujo”.
O casal tem histórias de viagens. “Uma vez fomos para um aniversário em uma fazenda e estacionamos o carro em um lugar bom, na sombra, e só tinha o nosso carro lá. Quando vimos o carro estava atolado, era um terreno de massapé e não sabíamos”, conta Igor.
“Outra vez, passando em um quebra-molas na estrada próximo de Santo Amaro, a gasolina baixou muito rápido, aí paramos. Tinha soltado uma peça embaixo do carro, aí pegamos cadarço do tênis e Igor amarrou esse lugar. Graças a Deus que estávamos perto de Santo Amaro e achamos uma única oficina aberta, era um domingo”, lembra Alice.
Quais os desafios?
Igor tem 1,86 de altura e Alice 1,50 e por causa desse “detalhe” é preciso fazer o ajuste do banco na troca de motorista. No início, para Igor, o desafio de dividir o carro com outra pessoa foi maior. Mas as vantagens, que para o casal é a redução de custos, superam os desafios. “Tem suas desvantagens: quando preciso ir para a faculdade em horário em que ele ainda está no trabalho. Mas conseguimos organizar tudo para todos”, comenta Alice.
O diretor de negócios da Quinto Energy, Ricardo Galvão, compartilha o carro com a esposa, Patrícia Galvão, há dois anos. “O carro fica mais tempo com Patrícia, usamos juntos nos finais de semana. No dia a dia, eu uso o carro da empresa para trabalhar ou Uber Corporativo. Nós dois gostamos de dirigir, eu na estrada e Patrícia na cidade”. Galvão conta que o casal não tem dificuldade alguma por compartilhar o mesmo carro.
“Decidimos ter apenas um carro pela redução de custos financeiro e, principalmente, por uma questão de consciência ecológica”, comenta o empresário. Galvão adora dirigir, o que ele compara às práticas de mindfulness, “me dá a sensação de foco no presente, atenção plena, liberdade”, afirma. “Muitas vezes este estado me faz resolver problemas de forma criativa”.
Ele gosta muito de picapes, mas trocou uma Chevrolet S10 por um carro híbrido da BYD. “Seria incongruente trabalhar numa empresa de energias renováveis e continuar usando um de motor a diesel”, explica.
Memória afetiva
Casados há 10 anos, a fisioterapeuta Larissa Bahia e o jornalista Vinícius Costa têm uso compartilhado do carro desde a pandemia, em 2020. O Hyundai HB20 é utilizado para trabalho, lazer, viagens.
“O carro fica mais tempo comigo. Fico com ele durante a semana por conta do trabalho (faço atendimento domiciliar) e meu marido usa transporte público ou, quando posso, levo e pego ele no trabalho”, conta Larissa.
“Eu não gosto muito de dirigir, dirijo pela necessidade do trabalho, e nos finais de semana, ele dirige. Mas acho que sou mais apegada ao carro”. O casal tem um filho e a família viaja uma ou duas vezes por ano para Ilhéus, pois Larissa tem família lá. E costumam pegar a Linha Verde, para curtir o Litoral Norte. Ela não tem hábito de dirigir na estrada. “Tenho memória afetiva das nossas viagens para Ilhéus com nosso filho”, conta.
A dificuldade maior em compartilhar é quando o casal tem compromissos diferentes nos finais de semana. “A vantagem é a economia. Antes, cada um tinha seu carro. Hoje só pagamos os custos de um carro, o que nos deu mais “folga” para gastar com outras coisas”, pondera. Na hora da compra do carro, “a escolha foi conciliada entre os dois, mas a escolha final foi minha, já que eu uso mais para trabalhar”, conta Larissa.
Casados há 10 anos, dois filhos, a designer Bárbara Gesteira e o profissional de TI, Paulo Nascimento, compartilham o carro há três anos: o Creta Limited é usado para trabalho, lazer e para viajar. “O veículo passa mais tempo comigo, pois ele trabalha home office. A rotina fica puxada quando fico presa no trabalho, na hora de buscar as crianças na escola”, conta Bárbara.
Aventureiros, costumam colocar o carro na estrada. “Ele dirige mais, e nas rotas longas nós dividimos”. Bárbara conta que o marido cuida mais do carro: leva para manutenção, lava, mantém a rotina dos cuidados automotivos.
“A dificuldade é quando ambos têm alguma necessidade de carro no mesmo dia. Isso acaba embolando um pouco. E a maior vantagem é a economia. Como ele trabalha home office, manter dois carros não faria sentido”, resume Bárbara.
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