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Líder, Corolla Hybrid entrega o esperado, mas possui pontos de atenção
A TARDE Autos avaliou carro durante uma semana e trás veredito
Por Gabriel Moura
O mercado dos sedans médios no Brasil já foi ocupado por modelos como VW Jetta, Renault Fluence, Citroën C4 Pallas, Honda Civic, Nissan Sentra e Ford Fusion. Veículos diversos, mas unidos por uma semelhança: a incapacidade de vencer em vendas o Toyota Corolla. O japonês domina o segmento há 26 anos e, hoje, mistura tradição e modernidade para manter a hegemonia.
A versão que mais representa esse aparente paradoxo é a Altis Hybrid Premium, equipada com tecnologias a exemplo do painel digital e conexão Android Auto e Apple Car Play Sem fio, ao mesmo tempo em que é o único da categoria com o jurássico freio de mão tradicional – isso cobrando R$ 198.890 ao consumidor.
Para avaliar o que o tradicional traz de novo, o A TARDE Autos testou o veículo por uma semana e traz uma análise completa.
Motor híbrido e consumo
O grande diferencial da versão é a motorização. Trata-se de um híbrido tradicional – não ‘plug-in’ –, que é recarregado de forma automática pelo próprio veículo. É até possível andar apenas com o motor elétrico ao pressionar o botão HEV ao lado do câmbio, mas a baixa capacidade da bateria torna o sistema útil apenas em curtíssimas distâncias, como ao estacionar em uma garagem ou durante um breve congestionamento.
Na prática, o condutor expeciencia uma rotina igual a de um carro à combustão padrão, com idas apenas ao posto de gasolina e não à tomadas. Ao dirigir, a diferença mais sensível é auditiva, com a menor quantidade de ruídos emitidos graças ao silencioso motor elétrico.
O próprio carro alterna entre o sistema elétrico e a combustão. Geralmente, quanto menor a velocidade, maior o uso dos dois motores elétricos. Ao pisar fundo, entra em ação o 1.8 aspirado.
Sendo didático: trata-se de um carro ‘comum’, porém muito econômico.
Nos nossos testes, o veículo chegou a fazer 23,1 km/l em trajetos sem trânsito, andando em uma média de 60 km/h. O mais surpreendente, no entanto, é a performance em engarrafamentos, onde uma média de 14 km/l foi atingida. Uma média geral no trajeto urbano foi de 19 km/l, andando majoritariamente no modo Eco e sempre com gasolina.
Em comparação, o Corolla tradicional, equipado com o motor 2.0 aspirado, possui uma média na cidade de 12,3 km/l abastecido com gasolina.
O ponto de atenção é o desempenho na estrada. Como em rodovias as frenagens são raras, diminuindo a recarga da bateria e consequente uso dos motores elétricos, o sedan funciona quase que 100% com o motor a combustão, aumentando o consumo.
No circuito rodoviário, abastecido com gasolina, o carro teve uma média de 15,6 km/l. Em comparação, a versão tradicional do Corolla tem média de 14.9 km/l.
Aí entra em ação a calculadora. À rigor, a única diferença entre o Corolla Altis Hybrid Premium e o Corolla Altis a combustão é o consumo, pois a lista de equipamentos é basicamente idêntica. Então, para compensar os R$ 14 mil de diferença entre os veículos, o consumidor precisa avaliar não apenas o quanto o condutor irá rodar, mas os principalmente trajetos percorridos para analisar se a economia mensal com combustível compensará o investimento a mais na compra.
Alguém que roda na cidade e gasta R$ 1 mil por mês em gasolina compensará o valor a mais na hora da compra em pouco mais de um ano, por exemplo. Já quem mora próximo ao trabalho e pouco sai aos finais de semana terá apenas o conforto a mais de um motor silencioso como benefício. Isso com a ressalva de que o 0 a 100 km/h do híbrido é aproximadamente 2 segundos maior que o a combustão.
Esse cálculo escancara o motivo do Corolla Hybrid ser o modelo dos sonhos da maioria dos taxistas e motoristas que miram em um público premium.
No geral, 1.8 aspirado segue com 98/101 cv e 14,5 kgfm de torque. Nos dois motores elétricos, 72 cv e 16,6 kgfm. Combinados, a potência é de 122 cavalos.
Mundo à parte
Além da filosofia conservadora da Toyota, o próprio Corolla é ocasionalmente refém do próprio sucesso, encontrando pouco espaço para inovações mais radicais. Por isso o veículo, mesmo na versão mais cara, não possui itens como freio de mão eletrônico, presente em carros como o Renault Kardian intermediário, que custa R$ 80 mil a menos.
Outras ausências sentidas são uma central multimídia mais recheada de funções, como a do novo concorrente BYD King, a janela fechar automaticamente após o travamento das portas, e um piloto automático adaptativo com o sistema “anda e para”.
Por outro lado, o Corolla entrega uma segurança que nem veículos mais caros são capazes de entregar. Segurança em todos os sentidos: garantia de um alto valor de revenda, baixa preocupação com manutenção e tranquilidade que só um pedigree como a Toyota é capaz de entregar.
E é justamente isso que os fieis consumidores do Corolla buscam: se locomover do ponto A ao B no carro mais confortável e confiável possível. E o híbrido ainda possui o ‘plus’ de ser mais econômico que um Renault Kwid.
E para o público mais idoso, os populares ‘vovôrollas’, mudanças tecnológicas drásticas podem ser de difícil assimilação, fazendo a montadora ser mais reticente ao aplicar equipamentos que em 2024 são padrões em carros até de entrada.
Equipamentos do Corolla Hybrid
Feita a ressalva, o Corolla tem um pacote de equipamentos com alerta de colisão com frenagem automática, alerta de saída de faixas, farol-alto automático, alerta de ponto-cego, 7 airbags, alerta de tráfego traseiro e retrovisor fotocrômico. Ou seja: no quesito segurança, o carro é completo.
Para conforto e design, o banco do motorista vem com todas as regulagens eletrônicas, rodas de aro 17’’, teto solar, painel de instrumentos em uma tela de 12,3", a central multimídia com tela de 9" chegou com espelhamentos sem fios, ar-condicionado de duas zonas, com direito a saída para os passageiros no banco de trás.
O acabamento é primoroso como usual, acompanhado de detalhes em ‘black piano’ no console central, controle eletrônico de estabilidade e de tração, assistente de subida em rampa, acionamento automático dos farois e limpadores, bancos em couro e carregamento do celular por indução.
O grande problema é o conforto para o passageiro no banco de trás. O repórter possui 1,85 de altura e sofreu ao se posicionar no assento. Primeiro o telo solar rebaixa ainda mais o já miúdo teto, tornando impossível ficar em posição ereta sem pressionar a cabeça com o teto. Até a distância até o banco da frente era econômica, fazendo a perna roçar com o assento.
O que o Corolla Hybrid Altis Premium tem de conforto para o condutor esmaga o passageiro, caso esse seja um pouco mais alto. Uma solução é comprar a versão sem teto solar, mas não resolve muita coisa.
Veredito
O Corolla segue imbatível no que se propõe a ser. Até por isso, na 12ª geração do carro, presente desde 2019, ele é um único sedan imune à febre dos SUVs, permanecendo entre os 10 mais vendidos do país.
Tudo que ele não entrega em esportividade e ‘empolgação’ ao dirigir o Corolla Hybrid compensa naquilo que realmente importa para a ampla maioria dos compradores de um veículo 0 km, conforto, segurança e economia.
Mais do que isso: permanece quase que inalcançável para aqueles que ainda insistem em concorrer com o líder japonês. O novo rival que se apresenta no ringue é o BYD King. Será ele páreo?
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