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Mercado de luxo supera a crise

Clientes de marcas premium ignoram a crise e aumentam a fila de espera nas concessionárias

Publicado quarta-feira, 30 de março de 2022 às 06:06 h | Autor: Núbia Cristina
A Porsche vai inaugurar concessionária da marca em Salvador no segundo semestre, mas já tem fila de espera
A Porsche vai inaugurar concessionária da marca em Salvador no segundo semestre, mas já tem fila de espera -

Na contramão da turbulência econômica global, sem medo da crise potencializada pelos desafios da pandemia e pelos horrores da guerra entre Rússia e Ucrânia, as vendas de veículos premium crescem ao redor do mundo. Está claro que os consumidores de alto poder aquisitivo não adiam o sonho da posse de carros que ostentam os atributos de marcas como Porsche, BMW, Volvo, Audi, Ferrari e Rolls-Royce.

Apesar da escassez mundial de semicondutores (chips) e do aumento dos custos de produção, a Rolls-Royce Motor Cars teve os maiores resultados anuais de vendas em seus 117 anos de história, em 2021. A montadora entregou 5.586 automóveis a clientes em todo o mundo, um aumento de 49% em relação ao mesmo período de 2020. O total inclui vendas recordes na China, nas Américas e na Ásia.

No Brasil, marcas de luxo, como a Porsche, também registraram resultados memoráveis no ano passado. A marca ostentação do Grupo Volkswagen teve em 2021 o melhor ano de vendas da sua história. No total, 301.915 unidades foram vendidas no mundo, um crescimento de 11%, que ultrapassa as vendas no pré-pandemia. Na América do Norte foram 70.025 carros zero vendidos, 20% a mais em relação a 2020. Entretanto, no Brasil, o crescimento em 2021 foi ainda maior, com emplacamento de 3.079 carros novos, uma alta de 24% na comparação com 2020.

Em Salvador

Os apaixonados pela marca Porsche que moram na capital baiana podem celebrar uma boa notícia. No segundo semestre deste ano, será inaugurada a primeira concessionária. O Porsche Center Salvador, que será localizado na Avenida Tancredo Neves, 2022, ocupará área de 2.573 metros quadrados, oferecendo estrutura completa de vendas e assistência técnica. O grupo Bamaq, que entre outros negócios na área automotiva, opera o Porsche Center Belo Horizonte, desde 2018, é responsável pela revenda.

O head da Divisão Automotiva do Grupo BAMAQ (Porsche em BH e Salvador), Marcelo Rohlfs, afirma que é alta a expectativa pela abertura da concessionária Porsche na capital baiana. “Já existe uma legião de fanáticos pela marca no estado, principalmente em Salvador, e temos uma lista de espera de clientes baianos”, comenta. “Fizemos um jantar de apresentação do grupo para o Porsche Club da Bahia. E os fãs da marca ficaram felizes com o anúncio da nossa chegada, que além das vendas, dará um suporte importante no pós-vendas”, afirma Rohlfs.

O presidente do Porsche Club da Bahia - que agrega os clientes da marca -, Clóvis Andrade, comenta que gostou da novidade. “Uma concessionária vai promover o aumento da frota de veículos da marca na Bahia e dará um apoio fundamental em relação a serviços e manutenção. Hoje temos 253 veículos Porsche emplacados na Bahia e não temos concessionárias”, comenta.

Rohlfs afirma que há um grande interesse por toda a linha Porsche. “Não apenas pelo icônico esportivo 911, que carrega o DNA da marca e é sonho de consumo dos fãs, mas a linha inteira, passando pelos SUVs, Macan e Cayenne, pela gama de modelos 718, Taycan e Panamera, todos os modelos são bastante procurados”. 

A escassez de semicondutores, um problema que afeta a indústria automobilística global desde 2020, também teve impacto na marca.  Rohlfs explica que ainda não é possível prever o impacto da guerra entre Rússia e Ucrânia, na produção, mas “vai haver algum reflexo, até porque são dois países produtores de muitas commodities e de peças para indústria automotiva, mas com certeza a Porsche vai buscar uma solução para que o impacto seja o menor possível”.

O diretor comercial do Grupo GNC, Aurivalter Junior, confirma que o segmento premium vive um “momento muito bom na Bahia, e estou me referindo às marcas com as quais a gente trabalha: BMW, Volvo, Lexus”. Ele acredita que os desafios gerados pela pandemia acabaram impulsionando a compra de clientes do mercado de luxo. “A gente percebe que as pessoas de maior poder aquisitivo não estão adiando o sonho de ter um carro com mais requinte e atributos de luxo, estão se permitindo essas conquistas”. 

Nas revendas do Grupo GNC há modelos BMW para pronta entrega
Nas revendas do Grupo GNC há modelos BMW para pronta entrega |  Foto: Divulgação
 

BMW e Volvo

“A BMW, por exemplo, que tem uma linha extensa e produção no Brasil, não sentiu, ou sentiu muito pouco, o impacto do aumento dos custos ou as dificuldades logísticas provocadas pela guerra”, explica Aurivalter Jr. Ele diz que não há fila de espera para o modelo premium mais vendido no Brasil, o BMW 320i, fabricado em Araquari (SC), e para o BMW X1. 

Já quem deseja comprar modelos X3, X4, X5, X6 ou BMW M3 precisa esperar cerca de 90 dias para receber o veículo. “Hoje a gente trabalha com pedidos, para um público bem específico, e nossa carteira desses modelos está praticamente toda vendida. Temos essa fila de espera”. O BMW Group teve crescimento de 15,1% em vendas no mercado brasileiro em 2021, comparado a 2020. No passado, foram emplacados 27.844 unidades de automóveis e motocicletas das marcas BMW, Mini e BMW Motorrad, ante 24.177 unidades registradas no ano anterior. 

Nas revendas do Grupo GNC há fila de espera também para a compra do novo Lexus NX 350h, que acaba de chegar ao Brasil. “Temos uma lista de interessados, e a previsão de entrega é três meses. Já o Lexus UX 250h temos para pronta-entrega, explica o diretor. Aurivalter Jr explica que as montadoras têm disponibilizado soluções financeiras que garantem ao cliente as melhores condições para a compra do carro premium. 

O mesmo acontece com os lançamentos da Volvo XC60 e XC90, que têm lista de espera de 90 dias. “Para pronta entrega temos o XC40 e o Crossover 100% elétrico C40, que são lançamentos direcionados para a eletrificação”. O executivo de vendas da GNC Suécia, Jardel Almeida, lembra que a meta da Volvo é disponibilizar, até 2030, uma gama totalmente elétrica, e desde 2021, a marca passou a comercializar apenas modelos híbridos ou elétricos. 

“As vendas no segmento premium estão muito aquecidas. E há dois fatores: alta procura, com uma desaceleração da produção, em decorrência da crise de semicondutores, e até do impacto da guerra na indústria”, afirma Almeida.

O empresário Azevedo Filho, que em 2021 comprou um Audi A5, confirma que o consumidor de marcas premium não desiste da compra, por causa de crises econômicas ou aumento de preços. “Sou cliente da marca há muito tempo, a Audi tem um design muito moderno, com esportividade, em um carro com muitos atributos de luxo”, diz. 

Em relação à dinâmica do mercado, Azevedo pondera que os clientes de alta renda, não deixam de trocar de carro, pela alta dos preços ou pelo aumento do combustível. “Neste segmento a compra é para atender necessidades. Eu mesmo, quando retirei meu carro na concessionária, tive uma oferta de compra por um valor maior do que o que eu paguei”, conta.

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