AUTOS
Mercado de motos projeta recorde de vendas
Produção de motocicletas no Brasil tem o melhor resultado em 12 anos e revendas projetam crescimento histórico em 2024
Por Núbia Cristina
Revendedores de motocicletas da Bahia celebram o aumento recorde na produção nacional e preparam os estoques, ainda que modestos, para vender muito no último trimestre do ano. As fábricas de motos instaladas no Polo Industrial de Manaus (PIM), AM, produziram 163.960 motocicletas em agosto, a maior produção mensal do ano e o melhor resultado para o período desde 2012, de acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Motocicletas, Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (Abraciclo).
O volume é 11,4% superior ao registrado em julho e muito próximo ao registrado no mesmo mês do ano passado. No acumulado do ano foram produzidas 1.179.161 motocicletas, alta de 12,1% em relação ao mesmo período de 2023, melhor resultado alcançado em 12 anos.
“O mercado segue aquecido, com lançamentos para atender ao consumidor que quer adquirir uma motocicleta nova”, disse o presidente da entidade, Marcos Bento.
Em agosto, os emplacamentos totalizaram 163.929 unidades, alta de 4,5% em relação a julho e 14,8% na comparação com o mesmo mês do ano passado. Segundo a Abraciclo, esse é o melhor resultado para mês nos últimos 13 anos.
A categoria mais emplacada foi a Street, com 50,1% de participação no mercado. Em segundo lugar, ficou a Trail (18,8%), seguida pela Motoneta (14,2%).
Em Salvador
Nas revendas de Salvador o clima é de otimismo e as metas de vendas estão ousadas. “Os números apresentados pela Abraciclo são, de fato, animadores. O recorde de produção em agosto, aliado ao crescimento acumulado no ano, demonstra pujança significativa do setor de duas rodas no Brasil. A motocicleta tem se mostrando uma solução para diversos problemas enfrentados pela sociedade, entre eles temos o aumento do custo de combustível, engarrafamentos e aumento pela busca dos serviços delivery”, comenta o diretor comercial do Grupo Motopema (Honda), Kidy Cordeiro.
Ele destaca que as projeções de vendas do grupo para o fechamento do ano de 2024 são ainda mais positivas, com a expectativa de um crescimento superior a 16% em relação a 2023. “O aumento dos preços de veículos nos últimos anos e o forte crescimento do delivery, principalmente no pós-pandemia, foram fatores determinantes para a alta do mercado de motocicletas, porém, posso citar outros fatores, como aumento do preço dos combustíveis e baixo custo de manutenção das motocicletas”, explica o diretor.
Yamaha
“Os números da Abraciclo correspondem ao mercado de motocicletas geral do Brasil, mas para a Yamaha este crescimento é mais acentuado, pois a Yamaha, assim como outras marcas, vem ganhando mercado para a líder do setor, e isso é uma grande vantagem para o consumidor. Vamos fazer uma analogia: antigamente, no mercado de automóveis do Brasil, existiam quatro grandes marcas, e todos se lembram delas, hoje, qualquer pessoa, por mais que não se interesse por marcas de carros, é capaz dizer facilmente dez marcas de automóveis. Isso trouxe maior concorrência, desenvolvimento dos produtos, evolução tecnológica, o que só beneficia o cliente”, analisa o sócio diretor do Grupo Motofácil (Yamaha), Cláudio Cotrim.
“No mercado motociclístico, a situação era bem pior: havia uma marca com 90% do mercado e a Yamaha com 8%. Essa hegemonia não é benéfica ao consumidor. Hoje, a marca líder [Honda] ainda detém 60% do mercado nacional, porém a Yamaha já passou de 20% e em muitas praças é líder de mercado, além do crescimento de outras marcas, e quem ganha é o cliente, pois quanto mais concorrência, menor será o preço e maior será o desenvolvimento do produto”, completa o empresário. Ele pontua que “se o mercado de motocicletas está crescendo aproximadamente 12%, para as marcas menores, esse crescimento é bem maior, chegando a superar os 20% em relação ao mesmo período do ano anterior”.
“E se contarmos o mercado relevante para nós, ou seja, a fatia onde a Yamaha tem produtos que competem, o market share da marca chega a 35%. Até o final do ano, o mercado nacional irá chegar próximo a 2 milhões de motos comercializadas, a Yamaha projeta crescer mais de 23% este ano”, antecipa Cotrim. Ele destaca ainda o aumento de vendas entre o público feminino e os jovens. “A motocicleta é uma perfeita opção de mobilidade: econômica, prática e eficiente, para um ou dois usuários, que melhora a vida do trabalhador ou do usuário para o lazer”.
Seca
Apesar do cenário positivo, a indústria de motos está apreensiva por causa da estiagem. Segundo o presidente da Abraciclo, as montadoras estão aumentando os estoques de componentes e buscando alternativas para escoar a produção. “Mesmo com todos os esforços realizados pela fábrica ainda temos modelos com falta, devido à grande procura, porém na grande maioria dos modelos conseguimos atender aos nossos clientes em um curto espaço de tempo”, explica o diretor do grupo que revende a marca Honda.
O sócio-diretor do Grupo Motofácil pontua: “Devido ao incremento de vendas observado até agosto deste ano, nem a fabricante [Yamaha] nem os concessionários conseguiram fazer um estoque regulador. Isso é o que nos preocupa muito, nós estamos vendendo tudo o que temos, consequentemente se a seca na Bacia Amazônica atrapalhar novamente, como foi o ano passado, teremos um forte desabastecimento das nossas lojas, o que irá afetar nossos resultados. Mas várias medidas foram tomadas pelas autoridades e muitas ações emergenciais já foram implementadas de forma a minimizar os efeitos da seca: dragagem do leito mais profundo do rio, implantação de portos flutuantes mais afastados das margens rasas e todo um recálculo logístico para distribuir os embarques e desembarques por mais horas do dia e mais atracadouros. Esperamos algumas dificuldades, mas, com certeza, menos severas que o ano passado”, opina Cláudio Cotrim.
Dicas para não errar na compra da moto
- Defina sua necessidade de uso, para saber qual modelo atende melhor
- Faça teste ride, para ter certeza de que o modelo escolhido é o ideal
- Busque informações de mercado sobre as marcas e modelos
- Ouça opinião de outros motociclistas
- Analise o custo x benefício de cada modelo
- Busque informações sobre o pós-venda (principalmente disponibilidade de peças)
- Verifique custo de manutenção e valor de revenda
MOTOCICLETAS
Frota nacional: acima de 34,3 milhões de unidades *
Produção anual: 1,6 milhão de unidades
6º maior produtor mundial
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