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Saiba como evitar problemas com a customização do carro

Publicado quarta-feira, 15 de setembro de 2021 às 06:05 h | Autor: Lucia Camargo Nunes
Detran precisa saber se houver mais de 50% de mudança na cor | Foto: Divulgação
Detran precisa saber se houver mais de 50% de mudança na cor | Foto: Divulgação -

A customização de veículos é uma prática comum em todo o Brasil. Não faltam oficinas especializadas e auto centers, para quem deseja investir em itens de personalização. Na Bahia, os serviços mais procurados são a troca de rodas e pneus, o rebaixamento de suspensão e a modificação do som, que pode ganhar potência de paredão. Mas as alterações estão sujeitas à aprovação dos órgãos de trânsito, e nem tudo é permitido.

Incrementar o som do carro é um dos fortes negócios da customização. Maicon Soares Piton, dono de uma loja de distribuição de itens de som, observa que hoje uma das tendências é equipar ou complementar os sistemas que “vêm crus de fábrica”. Sua loja também é especialista em fazer uma acústica ambiente dentro do carro.

“Muita gente compra carro de entrada sem acessórios, porque isso o encarece muito e pesa na hora de financiar. Por exemplo, pedem central multimídia, sensor de estacionamento, tela no encosto de cabeça para crianças e o próprio som”, explica.

Piton diz que o segmento de som sofre pela discriminação, e os problemas aumentaram devido às aglomerações promovidas pelas festas de paredão, desrespeitando leis estaduais e municipais na pandemia. Ele explica que a customização que emprega som muito grande nos carros é taxada de forma pejorativa de ‘festa paredão’.

“Concordo que o dono do carro não deve fazer uso disso de forma desordenada”, defende o empresário, que busca apoio do governo e da prefeitura para a regulamentação do setor. O empresário afirma que em outros estados existem espaços e arenas delimitados, onde os usuários podem se encontrar e expor seus decibéis.

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Carlos Filho personaliza carros premium

Vistorias

Toda customização de carro precisa passar por vistorias e as modificações estão sujeitas à aprovação dos órgãos de trânsito, lembrando que nem tudo é permitido. O coordenador de cursos no Senai Dendezeiros, engenheiro e especialista em tecnologia automotiva, Felipe dos Anjos, diz que uma das modificações mais comuns é a parte estética das rodas.

“Muito proprietários que compram um carro com roda aro 15 querem trocar por uma jante de aro 17. Pelas normas do Contran, é possível aumentar o tamanho das rodas, mas é preciso compensar no perfil do pneu. O diâmetro total do conjunto roda-pneu precisa ser do tamanho do original”, explica.

Ele dá como exemplo, um carro com aro 15 e pneu perfil 65. “É preciso calcular o novo pneu para manter o diâmetro externo. Então aí, seria usar um pneu 40 ou 45. Tem toda uma construção que precisa ser observada para manter a segurança e a estabilidade nas curvas”, completa.

A mudança da suspensão do veículo, segundo a lei, deve obedecer à altura mínima de 10 cm do solo. “É permitido trocar molas e instalar uma suspensão fixa, mas não rebaixar o carro de forma indevida, como cortar elos da mola, o que pode comprometer a estabilidade”, diz.

O engenheiro também aponta que mudanças na potência do veículo, alterando o módulo de injeção, podem danificar e até fundir o motor.

Perda da garantia

Outro ponto de atenção é tudo o que se refere à parte elétrica do carro: as modificações precisam atender à capacidade da bateria e o proprietário estar ciente de que, se o carro estiver na garantia de fábrica, qualquer serviço feito fora da rede autorizada pode gerar perda dessa garantia. Faróis de LED e xenônio e adição de turbo no motor são vetados.

Todas as mudanças devem ser informadas ao Detran, para que o carro seja vistoriado e posteriormente as alterações sejam indicadas no documento. Se houver mais de 50% de mudança de cor do veículo (pintura ou envelopamento), o proprietário também deverá comunicar. Caso não faça essa regularização, está sujeito a multa grave (R$ 195,23), cinco pontos na CNH e até uma possível apreensão do veículo.

Carros premium

Até donos de carros premium gostam de instalar itens diferenciados. Essa é a maior demanda de Carlos Barata Filho, dono da By Carlinhos Custom Garage, em Salvador. “Recebo pedidos desde pintura da pinça de freio, modificação da iluminação, película, forração de couro nos bancos, acabamento em black piano etc. Não existe esse negócio do carro vir completo de fábrica, não. A customização é a extensão da personalidade do proprietário”, define Carlinhos.

Também de Salvador, a oficina Suzarte é conhecida pelo trabalho que realiza em suspensão. “Fazemos rebaixamento, seja suspensão a ar, regulável ou preparada - a famosa torre fixa – que é o trabalho de redução de molas e amortecedores do veículo. A altura mexe com a estética do carro”, detalha o dono da oficina, Panfilo Suzarte. Ele diz que recebe veículos novos e mais antigos, e que os valores dos serviços variam de R$ 500 a R$ 12 mil.

Mudar rodas e pneus é outra modificação muito pedida, segundo Suzarte. Os tamanhos variam de aros 13 a 24 polegadas e nos SUVs e picapes as preferências são de 22 a 24 polegadas. “Sedãs pedem aro 20, carros de menor porte usam aro 18”, explica.

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