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Saiba como minimizar riscos ao dirigir na chuva

Adote a direção defensiva e não trafegue em vias alagadas

Publicado quarta-feira, 17 de abril de 2024 às 05:00 h | Autor: Núbia Cristina
É preciso evitar passar por áreas alagadas
É preciso evitar passar por áreas alagadas -

Dirigir na chuva, enfrentando congestionamentos e enchentes é um risco que deve ser evitado, mas nem sempre é possível. Em Salvador, a falta de escoamento adequado em vários pontos da cidade tem elevado os perigos e os prejuízos para os motoristas. Segundo informações do Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet), a capital baiana entrou em alerta laranja, o que sinaliza chuvas e ventos fortes, com maior risco de alagamentos.

Essa previsão indica que, para o motorista, é tempo de redobrar os cuidados ao dirigir, e, se possível, evitar sair de carro. Se não tiver jeito, o condutor deve usar todas as estratégias possíveis para evitar vias alagadas. “Em dias chuvosos, muitos são os riscos para os condutores, principalmente em áreas com pontos de alagamento. Por isso, se há a possibilidade de evitar sair, a recomendação é aguardar passar a tempestade e sair depois”, recomenda o gerente regional de pós-vendas do Grupo NewChase, Luciano Campelo.

“Pensando na mecânica do carro, os riscos evidentes são: pane elétrica, interrupção no funcionamento do motor, infiltração de água na região do cockpit, soltura e perda de componentes de acabamento - placa, molduras da caixa de roda, defletores inferiores etc.”, explica Campelo. Quando o veículo trafega em áreas alagadas, um dos problemas mais sérios que pode ocorrer é o calço hidráulico. A depender da circunstância, pode ocasionar a perda total do motor, causando enorme prejuízo.

Perda total

O calço hidráulico ocorre quando entra água ou combustível no sistema do motor, comprometendo o funcionamento dos cilindros e pistões. “Tecnicamente, a perda total do motor é chamada de cálcio hidráulico, isso acontece quando entra água no sistema de ar do motor, causando danos internos na parte estrutural. O recomendado é direcionar o veículo para a concessionaria (oficina), para realização correta dos reparos necessários. Os prejuízos são significantes, devido à complexidade dos reparos e a quantidade de itens a substituir”, alerta Campelo.

Quando o carro passa por alagamentos, a água do exterior do veículo entra no motor e trava o movimento do pistão dentro do cilindro. Ela pode entrar no veículo através do filtro de ar (pela frente do veículo e vai direto para o motor) ou pelo cano de descarga (pela traseira do carro). Em geral, a entrada de água começa a ser um perigo para o funcionamento do veículo quando o seu nível está acima da metade das rodas. “Se esse for o caso, não arrisque seguir conduzindo por esse trecho”, orienta o especialista.

“Se houver a contaminação dos módulos e sensores, além disso o cálcio hidráulico, este veículo será indicado para indenização total (perda total), pois o custo de reparo geralmente é maior do que 70% do valor atual do veículo”, comenta o gerente de pós-vendas da Indiana Veículos, Antônio Roque. Ele faz uma estimativa do prejuízo nessa situação: “É relativo, pode variar de R$ 20 mil até R$ 150 mil, conforme o porte e o segmento do veículo”, explica. Quando o motor apaga no meio da enchente existe apenas uma alternativa segura: “A recomendação é desligar o veículo, sair do carro em segurança e acionar o reboque”, ensina Roque.

Ele esclarece ainda que a água pode trazer danos à parte elétrica do carro. “Principalmente no médio prazo, pois os conectores que foram afetados, podem apresentar corrosões com o passar do tempo, vindo a comprometer a transmissão de dados do veículo”, justifica.

“Os veículos possuem proteção no sistema elétrico que são resistentes a água, porém, não são à prova d’água. Todo carro, quando passa por grande volume de água, corre sérios riscos de problemas elétricos, que são: pane no circuito de lâmpadas, no sistema de Stabilitrak, no sistema de ABS, no sistema de bateria, no sistema de partida e no funcionamento do motor”, esclarece Campelo, do Grupo NewChase.

Quando a água afeta apenas o assoalho do carro, a cabine, é preciso fazer uma higienização completa. “Com a remoção de bancos e carpete, pois abaixo do carpete existe um isolador acústico, que precisa ser secado fora do veículo, evitando odor e corrosão da chaparia”, explica Roque. Na concessionária, o custo desse serviço, que varia de acordo com o modelo e porte do veículo, é em média R$ 2.500.

O empresário Ruy Andrade é um motorista muito experiente, que ama pegar a estrada de carro. Nunca passou por situações de alagamentos, mas recentemente viveu momentos de tensão na BR 324, quando viajava de Salvador para Saubara. “Chovia muito, o trânsito estava lento e com baixa visibilidade. Para piorar, os buracos da estrada criavam mais obstáculos ainda. Acabei caindo num buraco, que estava coberto pela água, bati a roda dianteira e cortei o pneu”. Felizmente, ele estava próximo a um posto da Polícia Rodoviária Federal e deu para trocar o pneu com segurança. “Muitas estradas da Bahia estão esburacadas, isso dificulta ainda mais a vida do motorista”, comenta.

O também empresário Mário Silveira evita ao máximo sair em dias de chuva e não trafega em ruas alagadas. “Eu uso o Waze, que mostra os pontos de alagamento e me indica vias alternativas”, ensina. O especialista Antônio Roque tem o mesmo comportamento: “Tenho conhecimento dos riscos, por isso evito trafegar em regiões alagadas”.

Por fim, os carros elétricos estão sujeitos aos mesmos riscos quando submetidos a vias alagadas. Só não há perigo de ocorrer calço hidráulico, que ocorre em motores movidos a pistão, e não em motores elétricos. Os riscos são interrupção do funcionamento e pane no sistema elétrico.

Dicas de segurança

- Não trafegue em áreas alagadas. Se a água subir rápido, é melhor buscar locais altos

- Em último caso, saia do carro, para não colocar em risco as vidas a bordo

- Ao se deparar com poças, passe pelo ponto de menor acúmulo de água

- Ao trafegar em trechos alagados, mantenha velocidade baixa e contínua, use marchas de força para veículos com câmbio manual

- Para veículos automáticos, use a função (M – Manual) e a 1° e 2° marchas

- Evite passar ao lado de veículos de porte grande, para evitar projeção de água em excesso

- Mantenha a distância em relação ao veículo à frente

- Os limpadores de para-brisa devem estar limpos e em bom estado; troque as palhetas quando necessário

- Bom estado dos pneus é fundamental para evitar aquaplanagem

- O Google Maps informa em tempo real as vias interditadas e os pontos de alagamentos, basta pesquisar pela rota

- App Waze pode ser usado para alertas de enchentes e para traçar rotas alternativas

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