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Usados têm reajustes superiores aos de carros novos

Publicado quarta-feira, 04 de agosto de 2021 às 06:05 h | Autor: Lúcia Camargo Nunes
Preços dos modelos de quatro a 10 anos tiveram reajustes de 13% em 2021 | Foto: Divulgação
Preços dos modelos de quatro a 10 anos tiveram reajustes de 13% em 2021 | Foto: Divulgação -

A falta de carros novos e seus consequentes aumentos de preços refletem diretamente no segmento de veículos usados. Numa média do país, os preços dos modelos de quatro a 10 anos de idade tiveram reajustes de 13% no primeiro semestre de 2021. Já a variação acumulada dos modelos zero-quilômetro passa dos 4% no período. Os dados fazem parte do estudo da Kelley Blue Book Brasil (KBB), empresa especializada na pesquisa de preços de veículos novos e usados.

E os preços podem aumentar mais ainda neste segundo semestre, por causa do reajuste do custo de eletricidade. A Anfavea atribui à alta dos preços ao câmbio e aos aumentos dos custos de insumos – frete, contêineres, plástico, borracha, alumínio e aço, entre outros.

Com base em dados mensais dos Monitores de Variação de Preços (MVP) da KBB, o levantamento aponta que, dentro do grupo dos usados, foram os carros “mais velhos” que puxaram as altas de preços ao longo do semestre, acumulando variação de 15%, acima da média do segmento. Contudo, todos os anos modelos analisados, de 2011 a 2017, tiveram aumentos acima dos 10% no período.

Entre os seminovos, com até três anos de uso, reforçam o momento de valorização que os carros usados vêm passando em 2021. Neste semestre, a variação acumulada dos quatro anos modelos enquadrados nesta categoria foi de 9,75%. O ano modelo 2018 foi o que obteve a maior média de reajuste, de 12,18%.

Os modelos novos ano 2022, segundo a KBB, trazem 7,5% de acréscimo no preço. Enquanto isso, versões 2021, que foram sendo substituídos ao longo do semestre e mais desatualizadas, como os 2020 e 2019, tiveram preços estabilizados durante os primeiros seis meses do ano.

Online x presencial

Na hora da compra, a pesquisa online é imprescindível. “A digitalização tornou-se tão acessível e tão fácil que é preciso checar as opções e comparar. As pessoas não fazem toda a transação online, a maioria vai querer ir ao ponto físico, seja de uma loja ou de uma pessoa que vende, nesse último caso sempre com um pouco de desconforto, já que é algo mais trabalhoso”, avalia Fábio Zveibil, VP de Costumer Solutions da Creditas, plataforma de crédito e soluções financeiras 100% online.

Para ele, é difícil dizer se o melhor preço está no digital ou no presencial. “O preço divulgado na internet, em geral, é o preço cheio. Mais de 80% das transações no Brasil são de lojas e na hora que a pessoa vai lá, ela negocia um valor, à vista ou financiado, com ou sem garantia”, explica. Ele cita que fora do Brasil alguns mercados trabalham com o modelo sem negociação (em inglês, no-haggle price). “É bom porque tira aquele incômodo da negociação, mas não sabemos se isso funciona no Brasil. Vamos fazer testes disso”, conta do VP da Creditas, que começou como fintech e desde 2019 verticalizou suas operações, com a compra e venda de carros de forma digital e física em auto shoppings de São Paulo. A ideia é expandir o Creditas Auto para outras regiões.

Em geral, os lojistas utilizam bastante as plataformas para anunciar – OLX, Webmotors, Mercado Livre e iCarros, entre outras. “Tem que estar nelas, porque fica mais fácil comparar. Cada plataforma tem suas vantagens e pontos fracos, algumas com tráfego mais qualificado, outras com mais volume”, cita o executivo.

Compra segura

Para fazer uma compra segura, Zveibil ressalta que é preciso ficar atento à procedência. “Se for comprar de um lojista, peça laudos ou histórico. Se for de pessoa física, leve o carro para fazer uma vistoria ou use ferramentas online que checam a história do veículo”.

Da parte mecânica, ele indica que o consumidor leve o carro a um mecânico ou faça um laudo para checar as partes “escondidas” sob o capô, lataria e sob o carro. “Da parte estética, depende da pessoa. Tem gente que a quer impecável e outros que não se importam com um risco pequeno”, pontua. “Em geral, as cautelares pegam problemas estruturais. Não economize tempo checando seu histórico. E isso não tem nada a ver com quilometragem. Às vezes carros pouco rodados têm problemas sérios e outros com mais quilometragem estão perfeitos”, completa o VP da Creditas.

Por falar em hodômetro, Zveibil afirma que boas vistorias cautelares conseguem indicar se a quilometragem foi adulterada. “A tecnologia e o cuidado maior ajudam a fazer melhores negócios. Antes, o cliente tinha de confiar na palavra do vendedor. Hoje, você pode confiar no lojista, mas há ainda ferramentas para aumentar isso”, afirma.

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