HERANÇA
História dos pioneiros deixa legado de perseverança
Agrônomo está animado para mais uma edição da Bahia Farm Show
Por Miriam Hermes
Riograndense de Taquara, o engenheiro agrônomo José Cláudio de Oliveira chegou à Bahia em 1987 e, desde então, participa ativamente da trajetória dos pioneiros na produção agrícola em larga escala no Oeste do estado. Em 37 anos de experiência no processo que transformou a região em celeiro agropecuário, ele enveredou na área da pesquisa agrícola para o Cerrado brasileiro e se tornou uma referência em bioprodutos para lavouras.
Ele está animado para mais uma edição da Bahia Farm Show, onde participa como produtor rural e expositor através da empresa JCO Bioprodutos, sediada em Barreiras. Vai levar diferentes inoculantes, biofungicidas, fertilizantes orgânicos e minerais, inseticidas biológicos e acaricidas microbiológicos.
Para Zé Cláudio, como é mais conhecido, a temática da BFS – ‘Agro, a herança do Brasil’ – evoca o lado pessoal e afetivo dos produtores rurais, em agradecimento aos antepassados ‘colonos’, que tornaram a agropecuária um dos pilares mais importantes da economia brasileira.
O tema também o remete à sucessão de empreendimentos agropecuários, considerando que filhos e netos dos pioneiros estão assumindo a direção dos negócios. “A grande maioria é de grupos familiares, e os membros dividem as tarefas”, disse, destacando, no entanto, que em alguns casos, a nova geração não tem interesse de continuar na atividade.
“Já estou há alguns anos preocupado com isso e preparando minha filha Luciana para me suceder”, afirmou, salientando que o processo ocorre naturalmente. “Hoje, já trabalho com muitos filhos ou netos daqueles imigrantes que chegaram nas últimas quatro décadas, fornecendo para eles nossos produtos”.
Para o empreendedor, é relevante que as famílias dos produtores, mesmo que morem na cidade, mantenham ligação constante e prazerosa das crianças com fazendas e outras atividades, para que desenvolvam o desejo de investir na produção rural.
Oliveira ressaltou ainda que a agricultura está em constante mudança e cada vez mais tecnificada nas diferentes etapas da produção, o que leva a uma interdisciplinaridade das ações e exige que dirigentes e colaboradores renovem conhecimentos e usem ferramentas inovadoras.
Desde que chegou ao Oeste baiano – como funcionário de fazenda, na assessoria agronômica para feijão irrigado, com especialidade em química de solo –, ele demonstrou perseverança e curiosidade sobre a produção no Cerrado, que ainda era novidade, com poucas pesquisas.
Preocupado com uma doença que ataca as raízes e mata as plantas antes de produzirem, buscou alternativas em outras regiões agrícolas e experimentou diferentes opções, iniciando naturalmente sua trajetória neste campo.
Em 1989, criou a JCO Fertilizantes. Acumulou experiências no percurso e, em 2005, fundou a JCO Bioprodutos. “O (produtor) Paulo Mizote (em memória) me deu a primeira autoclave”, relembrou, afirmando que também recebeu necessário apoio de vários outros empreendedores agrícolas da região na história de mais de três décadas.
Sem esconder o orgulho com os resultados, disse que tudo foi feito com recursos privados. “Iniciei com adubo foliar à base de cobre e zinco”, salientou, pontuando que foi ampliando as opções de produtos biológicos, atendendo a demanda crescente por insumos não tóxicos e preservação ambiental.
Hoje, a equipe de pesquisas conta com 24 doutores em diferentes áreas, e todo o complexo tem, em média, 180 colaboradores, “entre a fábrica, o campo, vendas e assistência”, ressaltou, citando a atuação da empresa em 11 estados brasileiros. Zé Cláudio explicou que os biológicos são utilizados com manejo integrado nas lavouras a produtos convencionais, gerando redução do uso dos agroquímicos tradicionais.
“Trabalhamos com a venda e pós-venda direta aos produtores”, afirmou, enfatizando que as equipes são preparadas para fornecer diagnósticos de doenças, fazer a bioprospecção, análises para nematóides e microbiológicas do solo em laboratório, prestando assistência técnica.
Para finalizar, o engenheiro agrônomo e pesquisador disse que a história da JCO, assim como da região, está alinhada à inquietação humana na busca por aperfeiçoamento da produção e produtividade, utilizando microrganismos naturais para produzir com saúde e sustentabilidade.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes