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50 anos da Pedagogia da Alternância: governo celebra método de Paulo Freire

Educação do Campo conta com sistema educacional diferenciado

Redação

Por Redação

26/10/2025 - 13:36 h
Neste mês de outubro, completam-se 50 anos da Pedagogia da Alternância na Bahia
Neste mês de outubro, completam-se 50 anos da Pedagogia da Alternância na Bahia -

Neste mês de outubro, completam-se 50 anos da Pedagogia da Alternância na Bahia. O sistema dá régua e compasso às organizações sociais voltadas à educação do campo, como as 31 Escolas Famílias Agrícolas (EFAs) e as 03 Casas Familiares Rurais em território baiano. A Escola Família Agrícola Regional (EFAR) de Brotas de Macaúbas celebra esse marco com a presença da comunidade, parceiros, idealizadores e do Governo da Bahia, em ações realizadas até o sábado (25).

Representante do governador Jerônimo Rodrigues na celebração, Tiago Pereira, coordenador geral do Bahia Sem Fome (BSF) e oriundo do movimento EFA, lembra as raízes do projeto: "A Escola em Brotas de Macaúbas nasce da atuação social da Igreja Católica em 1975, que na segunda metade do século passado trabalhou pelo desenvolvimento das comunidades carentes nas áreas de pastoral, saúde e educação. Hoje, estamos colhendo os frutos de um longo trabalho de construção da Pedagogia da Alternância no Brasil, consolidado na Bahia após a redemocratização, com respaldo legal da LDB de 1996 e principalmente com os governos progressistas que apoiam a experiência”.

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Os conteúdos ensinados e aprendidos nas EFAs não são pré-determinados; são construídos pelos estudantes em conjunto com as famílias, a partir da investigação da realidade, da memória e da identidade de cada um. Esses são os princípios da Pedagogia da Alternância, modelo educativo criado na França na década de 1930, que combina períodos de estudo na escola com vivências práticas na comunidade, integrando teoria e prática.

Imagem ilustrativa da imagem 50 anos da Pedagogia da Alternância: governo celebra método de Paulo Freire
| Foto: Ascom | Bahia Sem Fome

“O método VER-JULGAR-AGIR continua vivo, transformando realidades, fortalecendo vínculos e formando cidadãos conscientes de seu território”, completa Tiago Pereira, que, além de ter estudado lá, também dirigiu a Escola Família Agrícola de Sobradinho, no Território Sertão do São Francisco, e a Rede das Escolas Famílias Agrícolas Integradas do Seminário (REFAISA).

O processo formativo da EFAR de Brotas de Macaúbas se entrelaça com as experiências dos territórios dos 80 estudantes oriundos de seis municípios próximos. A alternante Keylane de Araújo Oliveira, 18 anos, conta com emoção a experiência vivida ao longo desses quatro anos de formação na EFAR, que a acolheu e ensinou muito além da técnica: "Aqui aprendi a valorizar meu meio, cuidar das pessoas ao redor e planejar melhor a vida. Conviver com colegas de realidades diferentes me ensinou a lidar com a diversidade e a melhorar minha comunicação em casa e na comunidade. É uma experiência que todos deveriam viver”.

Sistema da Alternância chegou ao Brasil em 1969

Foi no contexto macabro da Ditadura Empresarial-Militar, que marcou profundamente a história do país, que a primeira Escola Família Agrícola, se chama Olivânia, e instalada no município de Anchieta, no estado do Espírito Santo, pelo italiano Pietro Tabacchi, em 1969.

Tabacchi já vivia no país quando contratou a primeira expedição em massa de imigrantes italianos para o Brasil, que chegou ao porto de Vitória em 1874. Este movimento foi impulsionado pela crise agrária no norte da Itália, especialmente nas regiões do Vêneto, Trentino e Lombardia, e pelas políticas de colonização do governo brasileiro. Elas buscavam povoar áreas rurais e substituir a mão de obra escrava após a abolição em 1888, uma vez que o país já vinha sendo pressionado por outras nações pelo fim da escravidão.

A EFA de Olivânia está vinculada ao Movimento de Educação Promocional do Espírito Santo (Mepes), pioneiro na Pedagogia da Alternância no Brasil e na América Latina. “Os temas geradores e os planos de estudo das EFAs no Brasil expressam uma singularidade, que é o encontro com a pedagogia freiriana, nesse diálogo de saberes com a realidade do sujeito imbricado nos territórios", reforça Joel Duarte Benísio, assessor pedagógico do Mepes e integrante da coordenação colegiada da Equipe Pedagógica Nacional (EPN) da Unefab.

O assessor pedagógico da EFA de Brotas de Macaúbas, Thierry De Burghgrave, acrescenta os princípios estruturantes da Pedagogia da Alternância. “A alternância se sustenta em quatro pilares, que representam princípios fundamentais: gestão associativa compartilhada pelas famílias; protagonismo estudantil; aprendizagem vinculada à vida comunitária e integração entre teoria e prática. São esses pilares que permitem a formação integral e a construção coletiva do conhecimento."

Burghgrave é belga e radicado no Brasil, chegou ao território baiano em 1972, aos 26 anos, nos tempos de chumbo, e acompanhou desde o processo de instalação da Escola Comunidade Rural, em 1975, como era denominada, até o fechamento, após 21 anos, em 1996. A instituição foi reaberta em 2015 sob o nome Escola Família Agrícola Regional. Ele lembra o caráter diferenciado da EFA. “Tanto a primeira quanto a atual direção da EFAR foram constituídas por mulheres e homens comprometidos”, destaca.

A educação por alternância, celebrada na Bahia com o apoio de políticas públicas e a força dos movimentos sociais, forma a nova geração de líderes rurais. Eles voltam para suas casas na certeza, como diz Keylane, de que "aqui, o trabalho em grupo, a aquisição de responsabilidades que você nunca imaginou ter... isso tudo influencia no futuro”. As EFAs continuam sendo o laboratório de uma revolução pedagógica.

A celebração dos 50 anos da EFAR em Brotas de Macaúbas, com a presença de mais de 500 pessoas de diversas regiões da Bahia, demonstra a força do movimento da Pedagogia da Alternância. Entre as representações do governo, destaca-se a participação da Secretaria Estadual de Educação (SEC) e da Companhia de Ação e Desenvolvimento Regional (CAR).

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