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CONTAMINAÇÃO

Acúmulo de microplásticos gera cenário alarmante no litoral brasileiro

Expedição científica constata microplásticos em 100% das 306 praias brasileiras analisadas

Por Priscila Dórea

03/10/2024 - 6:00 h
Garrafa plástica encontrada por pesquisadores na Praia Barra do Itariri, em Conde, na Bahia
Garrafa plástica encontrada por pesquisadores na Praia Barra do Itariri, em Conde, na Bahia -

Tão pequenos que podem entrar nas células do nosso corpo, o aumento de microplásticos em todo o planeta tem assustado e gerado resultados alarmantes. Divulgada recentemente, a primeira expedição científica “Ondas Limpas na Estrada” - realizada pela Sea Shepherd Brasil em parceria com a Odontoprev e apoio técnico do Instituto Oceanográfico da USP -, analisou as águas do litoral brasileiro (306 praias em 201 municípios de 17 estados), constatou a triste realidade: 100% dessas águas estão contaminadas com micro (até 5mm) e macroplástico (até 2,5 cm). Sim, do Oiapoque ao Chuí.

Desses 17 estados, a Bahia ocupa o 5º lugar entre os com menor densidade de microplástico. Entre os casos mais críticos está Pântano do Sul (Florianópolis), que é a praia mais poluída do Brasil, com 144 partículas de microplástico por metro quadrado - para se ter uma noção, a praia mais poluída por microplástico da Bahia é a Jardim de Alah (Salvador), com 21,6 partículas por metro quadrado. São Vicente (São Paulo), lidera em concentração de resíduos (madeira, metal, borracha e etc), com 10 resíduos por metro quadrado.

“A Bahia foi o estado em que tivemos mais praias investigadas, 40 em 29 municípios, e a quantidade de micro e macroplásticos analisados equivalem a dois campos de futebol. A densidade de plásticos encontrados é menor que a média nacional e o estado ocupa uma ‘boa posição’ no ranking, mas ainda é algo caótico e que precisa de atenção. Sobretudo pelo tipo de plástico mais comum encontrado no estado: os de uso único. Descartáveis, bandejas, canudos e afins correspondem a 46% dos plásticos encontrados no estado”, relata a presidente da Sea Shepherd Brasil, Nathalie Gil.

A maioria desses itens, afirma Nathalie, podem ser facilmente substituídos por outros que as pessoas vão reutilizar depois. “É uma forma de mudar o jogo, entende? Durante a pesquisa pelo país, algo que nos deixou em choque foi encontrar plásticos em lugares inóspitos, com pouca ou nenhuma presença humana, lugares que demoramos quatro horas para chegar e que achávamos ser verdadeiros paraísos”, lamenta.

Por meio dos animais marinhos, os microplásticos entram em várias cadeias alimentares, inclusive na dos seres humanos. Com relatos de microplásticos sendo encontrados no pulmão, coração e até cérebro de pessoas pelo mundo, é um resíduo cheio de toxinas que sim, podem ficar um tempo no corpo das pessoas e logo então eliminadas, mas também podem causar inflamações e problemas no trato digestivo. E a presença deles não para de crescer.

Pontos críticos

Encontrar resíduos, micro e macroplásticos em todas as praias do litoral brasileiro não foi exatamente uma surpresa, explica o Prof. Dr. Alexander Turra, professor do Instituto Oceanográfico da USP que é parte do apoio técnico da expedição, “mas foi uma constatação que não queríamos chegar”, aponta. O estudo revelou pontos críticos ao longo da costa brasileira, e enfatizou a urgência de ações para reverter a situação. Um ponto importante a se levar em conta é que as características desses resíduos variam de um lugar para outro.

“No Sul do país, por exemplo, há a predominância de resíduos da pesca, como redes, iscas luminosas, boias e etc. Em regiões remotas, os resíduos são diversos e percorrem longas distâncias. Nas grandes cidades e capitais, junto a má gestão de resíduos, o lixo produzido em casa acaba se juntando aos resíduos gerados na praia. Em locais turísticos como Salvador, esse lixo gerado na própria praia acaba se destacando. E cada um deles demanda uma ação diferente”, afirma o professor, que é coordenador da Cátedra Unesco para a Sustentabilidade do Oceano.

Ver essas informações e dados, aponta Nathalie Gil, deve chocar muita gente que logo irá colocar a culpa nos governantes e empresas. “E essas pessoas não estão erradas nesse julgamento, mas todos nós estamos fazendo escolhas diárias, adquirindo coisas e descartando milhares de outras coisas. Está tudo bem criticar e ficar desapontado, mas também temos que fazer a nossa parte. Muitas coisas descartáveis que usamos podem ser substituídas por algo mais durável, assim como hábitos podem ser mudados. Todos nós podemos ser a gota de mudança nesse oceano”, afirma.

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