BAHIA
Após morte de motociclista, motoclubes fazem ação em solidariedade e pedem fim do Cerol
A morte do motociclista João Arcângelo Rend, na manhã do dia 27 de agosto, gerou comoção e revolta entre motociclistas e motoqueiros. No dia anterior, 26, João teve sua garganta cortada por uma linha de pipa com cerol na avenida Octávio Mangabeira, nas proximidades do antigo Aeroclube. Ele deu entrada no Hospital a Bahia (HBA) com sangramento e já em parada cardiorrespiratória, mas por possuir um quadro de saúde grave veio a óbito.
Com a repercussão do caso, a Associação de Motociclistas do Estado da Bahia (AMO-BA) em parceria com mais de 40 motoclubes de toda a Bahia, foi possível fazer uma grande mobilização no estacionamento do antigo Aeroclube, local do fatal acidente, para cobrar das autoridades o fim da prática do uso de cerol nas linhas de pipas.
Para a porta-voz do movimento, Joana da Silva Reis, de 12 anos, os pais que incentivam o uso de cerol fazem com que os filhos sintam a culpa de matar uma pessoa. “O protesto que estamos fazendo é contra o cerol, pois ele é crime. Peço à esses pais que não comprem cerol para usar nas pipas de seus filhos”, conclui Joana, que está no motoclube há 2 anos.
O estacionamento ficou lotado, tanto de motociclistas como de ciclistas (que também aderiram ao movimento), desde às 08h da manhã até aproximadamente às 10h.
Para Neuza Dias, que frequenta motoclubes há alguns anos, o cerol é uma péssima ideia em termos de lazer e pode trazer sérios riscos. Ela conta que, mesmo na garupa, quase sofreu um sério acidente, “estava de garupa e peguei a linha com as mãos para não pegar no meu pescoço. O corte foi feio, mas podia ter sido pior, foi uma experiência horrível”. Ela ainda reforça que o motociclista tem sim, uma parcela de culpa nessa história. “Se você reparar aqui, quase nenhuma moto tem “antena”, não podemos só culpar quem usa o cerol. Ele é ruim sim, é péssimo, mas temos formas de nos proteger, se todas as pessoas que tem moto usarem a antena, os acidentes vão diminuir bastante”.
Para Francisco Rabelo, diretor técnico da associação da AMO-BA, somente só a antena não resolve. “A lei precisa de fiscalização, o cerol é como uma guilhotina, corta até a metade de um espelho da moto. Com a antena, corre-se risco mesmo assim, nenhum equipamento é 100% seguro”, explica. “Enquanto houver o cerol, estamos sendo vítimas dessa intercorrência. Existem leis municipais que multam o uso do cerol, mas isso não coíbe a reincidência, tem que fiscalizar quem vende, precisa-se de penalidades mais duras”, finaliza.
A lei e a fiscalização
No sábado, 1, a Secretaria Municipal de Ordem (Pública), com a Guarda Civil Municipal (GCM) e a Polícia Militar da Bahia (PM BA), promoveu uma rígida fiscalização na região onde o motociclista foi ferido afim de combater o uso da linha temperada com vidro (cerol).
Foram recolhidos vários utensílios de preparação da linha com cerol, como tubo de cola e pó de vidro para preparação da mistura letal.
De acordo com a Semop a fiscalização contra o uso de pipas com linhas cortantes em áreas públicas e comuns em Salvador começou a partir de junho do ano passado, após publicação da Lei Nº 9217/2017, de 2 de junho.
De acordo com a lei, é proibido o uso de cerol ou de qualquer outro tipo de material cortante nas linhas de pipas, de papagaios, de pandorgas e de semelhantes artefatos lúdicos, para fins de recreação ou com finalidade publicitária. Quem descumprir a determinação pode sofrer advertência e multa no valor de R$70,00, no caso de reincidência. Os valores arrecadados através dessa multa serão destinados ao Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FMDCA).
Vale ressaltar que o pagamento da multa não exime o infrator das respectivas responsabilidades civil e penal, no caso de registrarem, com o uso de cerol, danos à pessoa física, ao patrimônio público ou à propriedade privada.
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