CENSO
Bahia é o segundo estado em população indígena no País
Quantidade de pessoas que se autodeclararam indígenas aumentou 281,08%, chegando a 229.103
Por Priscila Dórea
Com um aumento de 281,08% em relação ao Censo 2010, o número de pessoas que se autodeclaram indígenas na Bahia é de 229.103–- segunda maior (13,5%) população indígena do Brasil –, de acordo com os dados do Censo 2022, divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), na manhã da segunda-feira, 8.
Dessas, 27.740 estão em Salvador, alta de 266,79% em relação ao Censo 2010. “Esse aumento se deve, principalmente, à liberdade de se auto afirmar que essas pessoas passaram a sentir nos últimos anos”, explica o secretário executivo da Federação Indígena das Nações Pataxó e Tupinambá do Extremo Sul da Bahia (Finpat), Kâhu Pataxó.
No Brasil, o número de pessoas que se declararam indígenas no Censo de 2022 foi de quase 1,7 milhão e para Kâhu Pataxó, esses dados também reafirmam a existência de uma dívida histórica que precisa ser paga. “Estima-se que haviam mais de 5 milhões de indígenas nessas terras quando Portugal chegou aqui. Mesmo agora, temos vivenciado diversas atrocidades contra comunidades, lideranças e nossos direitos. Então, mesmo com essa realidade, nos alegra observar esses dados, pois eles revelam que estamos conseguindo vencer as muitas tentativas de apagamento dos povos indígenas”, afirma.
Um dos grandes diferenciais desse último Censo Demográfico foi o refinamento de suas abordagens e, pela primeira vez, os recenseadores indagaram as pessoas que vivem fora de terras demarcadas se elas se consideravam indígenas.
“Essa pergunta permitiu uma melhoria da cobertura territorial, e houve ainda um treinamento mais específico para os recenseadores e reuniões de abordagem que ocorreram antes das coletas nas áreas indígenas”, explica a supervisora de Disseminação de Informações do IBGE na Bahia, Mariana Viveiros.
Todo o processo de construção desse refinamento de metodologia foi feito em conjunto com os órgãos que tratam dos indígenas e com as lideranças indígenas no país inteiro.
“Quando o IBGE faz isso, traz um número muito mais fidedigno, uma fotografia com uma resolução mais precisa dessa população. Mostrando, inclusive, qual o peso dessa população na identificação indígena fora das terras indígenas oficialmente delimitadas, nos grandes centros urbanos”, aponta a supervisora.
Essa opção do Censo de 2022 de permitir que as pessoas se reconheçam como indígenas se somou ao longo processo de fortalecimento de identidade que tem sido pauta há alguns anos dentro dos órgãos e lideranças dos povos originários.
“Agora, é preciso compreender que as demandas dos indígenas que estão dentro das comunidades e os que estão nos centros urbanos são igualmente importantes, mas precisam de políticas públicas diferentes. Acima de tudo, o Censo de 2022 mostrou a pluralidade dos povos indígenas”, salienta a ouvidora adjunta da Ouvidoria da Defensoria Pública da Bahia, Rutian Pataxó.
Desafios
Há muito a ser feito pelas comunidades indígenas e a partir desses dados - e outras tantas informações que ainda serão divulgados pelo IBGE -, é preciso pensar em uma série de soluções para inúmeros problemas.
O primeiro deles é encontrar essas pessoas, afinal, apesar da imensa importância que é ter em mãos esses dados do Censo 2022, agora é preciso efetivamente achar e ir de encontro a essa população para entender quais as suas necessidades.
“A lista de soluções a serem pensadas vai desde saneamento e acesso à água potável e energia, até a aposentadoria. É uma lista longa de recortes e será nosso grande desafio a partir daqui, pois é um quantitativo enorme que deve ser assistido por diferentes políticas públicas”, explica o coordenador de Políticas Públicas para Povos e Comunidades Tradicionais (CPPCT) da Secretaria de Promoção da Igualdade Racial (Sepromi).
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