REPOVOAMENTO DOS MANGUEZAIS
Bahia Pesca amplia e inova programa de repovoamento dos manguezais
O programa inovou com a larvicultura do guaiamum
Por Da Redação
Com ações de preservação e educação ambiental realizadas ao longo da semana, a Bahia Pesca concluiu na quinta-feira, 04, a terceira etapa do trabalho de repovoamento de manguezais do ano de 2023.
Este ano, o programa inovou com a larvicultura do guaiamum, uma espécie de caranguejo maior que o uçá, azulada, e sem pelos nas patas, que, segundo o ICM-Bio, está ameaçada de extinção. Foram introduzidos 220 mil megalopas desta espécie no manguezal de Acupe, nas proximidades da sede da Fazenda Oruabo, unidade produtiva da Bahia Pesca especializada em maricultura.
Estudantes do Colégio Santa Rita, vinculado à rede municipal de ensino de Santo Amaro, acompanharam as atividades participando de uma palestra e conhecendo de perto todas as etapas da produção dos “filhotes de caranguejo e guaiamum”, desde a desova das fêmeas até o momento em que as megalopas são reintroduzidas no meio ambiente.
“Eu aprendi na Bahia Pesca que a gente tem que preservar os mares, os rios, as águas dos mangues porque a maioria das pessoas daqui de Acupe vive da Pesca, se a gente poluir a rua, o mar a floresta vai voltar tudo pra gente, vai tudo pra dentro do mangue”, contou a aluna do quinto ano Maine Ribeiro da Silva, de 11 anos.
Criado em parceria com o instituto GIA sob a alcunha de Puçá (Programa Integrado de Manejo e Gerenciamento do Caranguejo-Uçá), o programa já reintroduziu ao longo de 16 anos de trabalho ininterrupto nada menos 37,6 milhões de megalopas em manguezais dos municípios de Santo Amaro (Acupe), Ilhéus, Salvador (Ilha dos Frades), Camamu e Esplanada. Todas as megalopas produzidas pela Bahia Pesca são introduzidas no mesmo manguezal de onde foram retiradas as fêmeas que as geraram, evitando assim levar qualquer tipo de elemento exógeno àquele ambiente.
Fungo
O trabalho de repovoamento começou a ser realizado pela Bahia Pesca em 2008 com o objetivo de recuperar parte da população da espécie Ucides Cordatus (caranguejo-uçá), que quase foi dizimada pela ação de um fungo causador de mortandade em larga escala em grande parte do litoral nordestino.
"Era uma espécie que já estava à beira da extinção quando começaram com esse trabalho. Graças a Deus nós não perdemos esse marisco", relembra o pescador Raimundo Jesus da Silva, de 66 anos, nascido e criado em Acupe.
EDUCAÇÃO AMBIENTAL
Para a técnica Eliane Hollunder, assim como o trabalho de larvicultura, a educação ambiental também tem um efeito multiplicador. “As crianças aprendem melhor o que a gente explica. E os adultos estão mais suscetíveis a ouvir mais o que as crianças ensinam do que os adultos”, argumenta.
Ex-presidente da Associação Cultural Nego Fugido, uma das mais renomadas manifestações culturais de Acupe, Monilson estima que 95% da população local vive direta ou indiretamente da pesca, o que torna o mangue um importante ativo socioambiental para uma comunidade. “Entendo que há um lugar nesse trabalho de educação que precisa avançar. O que precisa agora é a construção de uma consciência ambiental e política em torno da salvaguarda do mangue, porque quando se preserva o mangue está se salvaguardando as pessoas e a a cultura produzida neste território”, conclui.
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