BAHIA
Bahia vira potência mineral estratégica para a transição energética
Estado, que ocupa a terceira posição na produção mineral no Brasil, é o primeiro em diversidade mineral
Por Joana Lopo
Rica em minerais críticos e estratégicos (concentrados em poucos lugares do mundo), a Bahia se destaca no cenário global da transição energética com suas reservas geológicas únicas. O estado, que ocupa a terceira posição na produção mineral do Brasil, é o primeiro em diversidade, o que o coloca em uma posição estratégica para fornecer minerais essenciais à transição energética.
Tal diversidade inclui uma vasta gama de minerais como níquel, cobre, cobalto, lítio, sílica, grafita e terras raras, que são abundantes em municípios como Jacobina, Juazeiro, Sobradinho, Irecê, entre outros. Esses minerais são fundamentais para a produção de baterias de carros elétricos, armazenamento de energia, construção de redes elétricas e de infraestrutura para energias renováveis.
De acordo com o presidente da Companhia Baiana de Pesquisa Mineral (CBPM), Henrique Carballal, é imprescindível preparar o estado e a indústria para aproveitar o potencial da mineração baiana. “Precisamos criar condições para desenvolver uma mineração que abasteça o mundo dos insumos sustentáveis, garantindo que a transição energética ocorra. Não podemos perder o timing”, alerta.
Segundo Carballal, o estado tem a chance de se tornar um polo global de fornecimento de insumos para a energia limpa e renovável, o que é indispensável para que ocorra a transição energética “Precisamos garantir que o estado esteja preparado para atender a demanda global por esses minerais”, ressalta.
Preparar o estado passa também pela compreensão de que a exploração mineral, quando realizada adequadamente, não é causadora de impacto ambiental e gera desenvolvimento econômico e social, afirma o vice-presidente da CBPM, Carlos Borel.
Ele observa que a mineração está presente em todos os aspectos da vida, como na fabricação de celulares, computadores e eletrodomésticos, na construção, no transporte, nos combustíveis, na pavimentação, no setor de saúde, na moda e na energia, especialmente nas renováveis.
Ele destaca também o papel da mineração na agricultura. Os fertilizantes utilizados no plantio dos alimentos, por exemplo, são derivados de minerais. “A exploração mineral não é apenas um pilar da economia, mas também um elemento indispensável para a melhoria da qualidade de vida”, afirma.
Investimentos
Nesse cenário, o presidente Carballal ressalta a importância dos investimentos públicos e privados, como o recém-anunciado pela empresa britânica Brazil Iron, que vai injetar cerca de US$ 5 bilhões na instalação de uma mina, na construção de uma estrada de ferro de 120 km e de uma siderúrgica, na Chapada Diamantina.
Além disso, ele afirma ser preciso combater informações falsas disseminadas contra os investimentos. “A mineração é a atividade econômica do setor primário que tem o menor impacto ambiental e social”, assegura.
Para eliminar a desinformação, o gestor destaca que a companhia tem realizado fóruns com a participação do setor produtivo, do governo e da sociedade, a fim de discutir o desenvolvimento do segmento e a criação de um ambiente saudável à mineração sustentável. “Também buscamos parcerias para aproveitar todo o potencial da mineração, que vai colocar a Bahia no centro do mundo, principalmente em relação à mudança da matriz energética”, afirma.
Nesse contexto, a transição energética, seus desafios e o protagonismo global da Bahia na mineração serão discutidos no II Fórum CBPM Mineração & Sustentabilidade, evento realizado pela CBPM em parceria com o Grupo A TARDE, amanhã (17).
Realizado no Fera Palace Hotel, no Centro Histórico, o encontro restrito a convidados reunirá autoridades políticas, especialistas, representantes empresariais e líderes do setor.
Parcerias
De acordo com Carballal, a CBPM tem estabelecido parcerias estratégicas com instituições de pesquisa, universidades e empresas, nacionais e internacionais, para impulsionar o desenvolvimento do setor, especialmente no que se refere à transição energética.
Entre as instituições parceiras, destacam-se o Serviço Geológico do Brasil (SGB), o Sindicato de Mineração na Bahia (Sindimiba) e o Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram). Com esta última, por exemplo, a CBPM trouxe para a Bahia a edição de 2025 da EXPOSIBRAM, considerada a maior feira de mineração da América Latina. Para Carballal, essa conquista ressalta a importância da colaboração entre entidades para o avanço do setor.
Além disso, o presidente conta que a companhia tem buscado fortalecer a transversalidade na gestão pública por meio de acordos com secretarias estaduais. Essa integração, de acordo com ele, tem o intuito de incorporar a mineração em políticas de educação, meio ambiente, infraestrutura e inovação.
No âmbito privado, a companhia fechou parcerias com empresas como a Galvani, que resultou no lançamento da Pedra Fundamental do Projeto Irecê. Esse projeto prevê um investimento de R$ 500 milhões na produção de fosfato na Bahia, o que, segundo a CBPM, posiciona o estado como responsável pela produção de 25% do fertilizante consumido no Norte e Nordeste do Brasil.
Na indústria, a parceria com a Homerun Resources envolve a instalação de uma indústria de vidro solar na Bahia, com investimento de R$ 1,2 bilhão. “Esse projeto representa um impulso significativo para a transição energética e industrial no estado”, observa Carballal.
Ele ainda destaca a ampliação da colaboração com a empresa Largo, que promove avanços na produção de pigmentos de dióxido de titânio e no desenvolvimento de baterias de vanádio. “São tecnologias essenciais para um futuro sustentável”, afirma, ressaltando que, nesse segmento, a companhia continua expandindo a atuação com as empresas Atlantic Nickel, Si&Mex e Equinox Gold.
Garimpo Legal
Simultaneamente às parcerias com grandes empresas do setor mineral, a CBPM também colabora com os garimpeiros. “Estamos comprometidos em promover a sustentabilidade e o respeito ao meio ambiente entre esses trabalhadores, cuja subsistência depende da mineração”, ressalta Carballal.
Recentemente, a companhia firmou parceria com três cooperativas de garimpeiros em municípios baianos. “O objetivo é oferecer capacitação profissional e acesso a tecnologias mais limpas, além de práticas de mineração sustentável”, destaca.
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