ENTREVISTA - CELSO VASCONCELLOS
A escola pública é uma máquina de fazer democracia
Professor, filósofo e escritor explica, em entrevista exclusiva ao A TARDE, sua visão humanista da educação
Por Divo Araújo
Defensor de uma visão humanista da educação, o professor, filósofo, pesquisador e escritor Celso Vasconcellos esteve em Salvador, onde proferiu uma palestra para 1,3 mil coordenadores pedagógicos da rede estadual de ensino. Horas antes da conferência, ele deu esta entrevista exclusiva ao A TARDE, na qual destacou a importância da aprendizagem efetiva, do desenvolvimento humano pleno, e do que chama de alegria crítica nas escolas.
E lembrou que tudo isso só acontece dentro da sala de aula. “Objetivamente a alma da escola, o núcleo duro e mais importante, é a sala de aula”. Para ele, o mais importante é o professor prestar atenção no aluno. Citando Paulo Freire, Vasconcellos explica que é preciso compreender, usufruir e transformar. “A relação de conhecimento tem uma base afetiva”, argumenta. Conheça o pensamento do educador na entrevista que segue.
Professor, o senhor costuma dizer que a sala de aula é a alma da escola, onde as coisas acontecem. O caminho para melhorar a educação é a boa gestão da sala de aula?
A gestão da sala de aula é uma estrutura fundamental. Até assusta um pouco quando a gente vê as pesquisas sobre melhoria da educação e só se fala dos equipamentos, dos materiais. Se a coisa não acontece ali, no chão da sala de aula, todo o resto é figuração. Tudo deve convergir para que as coisas aconteçam na sala de aula.
Quais são as melhores as estratégias para que o professor possa aperfeiçoar a gestão na sala de aula?
Antes das estratégias, tem os horizontes. O que a gente quer com a sala de aula? Aprendizagem efetiva, a gente quer que o aluno aprenda. Desenvolvimento humano pleno, porque tem aluno que aprende, mas digamos, tem uma visão de mundo muito pequena, uma incapacidade de empatia. E alegria crítica, a gente quer que os alunos sejam felizes. Tudo isso é importante. Porque se você tem um gestor que não colabora e alunos que têm uma relação conflituosa com ele, provavelmente esse conflito vai se manifestar, não com o diretor, mas na sala de aula. Então, objetivamente a alma da escola, o núcleo duro e importante, é a sala de aula.
Ainda nessa questão, a transmissão de conhecimento é o aspecto mais clássico e enfatizado na atividade do professor. Mas, para atingir o resultado esperado, ele precisa desenvolver outras competências, como o senhor está explicando. Quais são as mais importantes?
Quando a gente fala da gestão da sala de aula, todo o trabalho que o professor precisa fazer é extremamente complexo. Sempre digo, ser dador de aula, tomador de conta de aluno, é muito fácil, mas ser professor é muito difícil. Porque tem três grandes dimensões. Tem o trabalho com conhecimento, que é uma questão mais clássica, como você falou. Mas também tem a questão da organização da coletividade, aquilo que a gente chama de disciplina. E o relacionamento interpessoal. Se você não tem disciplina, dificilmente você consegue fazer o trabalho de construção do conhecimento. E quando há dificuldade na disciplina ou na construção do conhecimento, se você não for capaz de se aproximar do aluno, conseguir criar um vínculo mais profundo com ele, você não resolve nem o problema da disciplina, nem da aprendizagem. É por isso que essas três grandes competências são fundamentais para o professor – o trabalho com conhecimento, a organização da coletividade e o relacionamento interpessoal.
Qual a importância do resgate da autoestima do professor até para que ele possa desempenhar esse papel na sala de aula?
Você toca num ponto muito importante que costumo chamar de dialética do desenvolvimento humano. São três aprendizados que valem para qualquer ser humano e valem também para o professor. Que são: a autoestima, a autocrítica e a auto-superação. Sou, ainda não sou, posso vir a ser mais. Como é uma visão dialética, não se trata de uma coisa ou outra, é uma coisa e outra. Por isso, é muito importante que o professor tenha uma autoestima elevada, que ele acredite no seu trabalho, que acredite ter uma coisa importante para transmitir aos alunos. Hoje em dia, com tantas coisas acontecendo, muitas vezes o professor está com a autoestima muito baixa. Ah, será que a Inteligência Artificial, o ChatGPT vai me substituir? Pelo contrário. Se o professor trabalha com a produção de sentido e a gente está com uma crise profunda de sentido na sociedade, então hoje é o tempo do professor. Mas é muito importante que ele tenha a autoestima elevada. Ao mesmo tempo é muito importante que ele tenha autocrítica, porque o professor que tem a auto-estima elevada demais, se acha e isso pode inclusive virar uma barreira na relação com o aluno. Ninguém gosta de se relacionar com uma pessoa arrogante, prepotente. Então é importante também que ele perceba seus limites, suas contradições. E, ao mesmo tempo, que ele pode superá-las.
De forma geral, como está essa questão da autoestima entre os professores hoje?
Preocupante. Quando vai chegando ali em 15 de outubro me assusta ver, nas redes sociais, o professor dizendo ‘Ah, não temos nada a comemorar’. Cara, se você não tem nada que comemorar, pede demissão. Se o próprio professor não perceber o valor do trabalho... É verdade que temos uma questão muito séria da atratividade da profissão de docente. Poucos querem ser professor. Quando se trabalha essa questão da atratividade, o que os professores colocam? A questão do salário, das condições de trabalho. Tudo isso é importantíssimo, mas você não está falando da essência da atividade. O salário, o ambiente são condições para que o trabalho aconteça. Agora, qual é o trabalho? Por isso que tenho insistido muito na questão das grandes alegrias da docência. Se o professor não encontrar sentido naquilo que ele faz, ele pode ganhar R$ 35 mil por mês, ter 12 alunos em sala de aula, ter laboratórios modernos, e vai continuar reclamando.
Quais seriam essas grandes alegrias?
Uma alegria é trabalhar numa atividade extremamente importante. O trabalho do professor é importantíssimo, não importa se a sociedade não valoriza. Por que é importante? Porque ele trabalha com desenvolvimento. Desenvolvimento econômico, desenvolvimento humano, desenvolvimento social, desenvolvimento ecológico. Sobretudo, da família. A outra grande alegria é o encontro humano. É um privilégio. Tem gente que trabalha com papel, tem gente que trabalha com petróleo, com feltro. Nós trabalhamos com gente. Todo dia você está lá, tem alunos de 4, 5, 14, 15 anos. Se você for esperto, tem uma fonte da juventude o tempo todo. A gente sabe de donos de grandes empresas que vão dar aula em faculdade para poder ter contato com essa fonte da juventude. É uma grande oportunidade para a gente se desenvolver. A terceira grande alegria é a alegria da aprendizagem. Isso vale para qualquer profissão. Você tem que está estudando o tempo todo. Mas, no caso do professor, é diferente porque ele tem que estudar para poder ensinar. O estudo dele tem que ser mais sofisticado. E aí entra um negócio muito legal, que é o prazer de conhecer, de aprender. Freud comparava o prazer de conhecer ao prazer sexual. Não estou falando de memorizar a informação, isso é horrível. O professor que de fato é professor está sempre estudando e tendo esse prazer. Muitas vezes é difícil, tem momentos que você está estudando, bate uma angústia. Mas quando as coisas começam a se encaixar dá um prazer enorme.
E quando o professor não vê significado naquilo que está passando fica mais difícil convencer o aluno a estudar...
Justamente. Se ele mesmo não está vendo como ele pode provocar no aluno esse interesse? É claro que é uma condição necessária, mas só ela não é suficiente. Mas se o professor chegar em sala de aula e dizer, ‘ó gente tenho que ensinar isso aqui porque está no programa...’ Pelo amor de Deus! Sem mobilização, não tem conversa. O aluno pode memorizar, mas não aprende. E a quarta grande alegria é a alegria do ensino, que é essa coisa inexplicável. Por mais que você goste do aluno, você não pode aprender por ele. Mas quando você vê o aluno aprendendo com a sua ajuda, dá uma alegria, uma satisfação. Mas, às vezes, o professor está tão bloqueado pela questão do salário, das dificuldades, que ele não se permite viver isso. Já vi alguns professores que de fato falam, aqui não é meu lugar e mudam de profissão. Mas muitos outros mudaram o olhar e aí perceberam que são lutas simultâneas. Esse é o outro grande problema - o nosso pensamento dicotômico. Ou isso ou aquilo - é isso e aquilo. Nós temos que mudar as estruturas e as pessoas. O que os dirigentes falam: o professor tem que mudar, tem que estudar mais. O que o professor fala? O dirigente tem que pagar melhor, tem que dar melhores condições. E aí não tem saída.
Por tudo isso muitas vezes o professor não consegue entrar nessa zona de autonomia relativa que o senhor tanto defende?
É claro que existem muitos limites porque é muito difícil. Quando você olha o cotidiano de uma sala de aula, de uma escola, têm coisas que não dá para acreditar. Há escolas que não tem saneamento básico, que não tem biblioteca. Classes que deveriam ter 40 alunos e têm 50 e o professor não consegue nem se movimentar. É muito difícil. Mas, ao mesmo tempo, existem coisas que nós podemos fazer já. Por exemplo: se procuro respeitar o aluno, o que vai acontecer? O aluno vai começar a me respeitar também, porque é uma coisa recíproca, e vai começar a melhorar o clima. Agora, se eu não respeitar, o aluno vai ficar cada vez mais agressivo comigo. Ou seja, o inferno pode ficar maior ainda. Tem um livro chamado “Princípio Esperança”, de Ernest Bloch, e ele fala do “ainda não”, que é justamente o fundamento da zona de autonomia relativa. Tem coisas que estão dadas na realidade, mas ainda não desenvolvidas. Eu sempre lembro do relato que me foi feito pelas professoras da rede municipal do Rio de Janeiro, de uma escola na comunidade da Maré. A comunidade da Maré até hoje não foi pacificada, então é barra pesada. Duas professoras trabalhavam no mesmo sexto ano. Uma professora sofria ameaça de morte, riscavam o carro dela. A outra professora, os alunos iam lá fora buscá-la como uma espécie de anjos da guarda. Como você explica? O salário é o mesmo, a família é a mesma, o Estatuto da Criança é o mesmo. Mas quando você via a maneira como a primeira professora se portava, cheia de preconceito, não vendo a hora de cair fora... Aquela violência dos alunos era uma espécie de resposta a esse comportamento.
Já ouvi que, quando o professor trabalha numa escola de região periférica, a responsabilidade dele ainda é maior...
Muito maior, porque muitas vezes ele é a única oportunidade de reverter àquela destinação social. Ainda mais no Brasil que é muito cruel em termos de desigualdade social. Por isso que a grande escola, como Anísio Teixeira insistia, é a escola pública. Não que ele fosse contra a escola particular, mas a escola pública é a escola para todos. Tem professor que vê isso como uma desvalia. Ah, se eu trabalhasse numa escola particular... Mas, quando você trabalha numa escola pública, você está mexendo na máquina de fazer democracia. É um papel fantástico.
A gente assiste hoje uma grande evasão nas escolas, principalmente as públicas. O que se pode fazer para resgatar esse interesse do aluno?
Acho que a primeira coisa, e aparentemente até óbvia, é prestar atenção no aluno. Muitos professores parecem que não enxergam os alunos que estão ali. A relação de conhecimento tem uma base afetiva. Se você não estabelece um vínculo afetivo fica mais difícil. Falando tecnicamente, o conhecimento novo se dá a partir do conhecimento prévio. Ninguém conhece nada absoluto novo. Só que o conhecimento prévio, para que seja liberado, é necessário chaveamento afetivo. Se o aluno não se sente seguro, não se sente aceito, ele se fecha. E quando se fecha, ele não solta representação mental prévia. Por exemplo, vamos estudar a Revolução Francesa. O aluno já ouviu falar algumas coisas. Se ele se sente num clima seguro, aceito, respeitado pelo professor, o que vai acontecer? Aquele conhecimento que tem, ele vai disponibilizar para poder ajudar, juntar com informação nova e construir conhecimento novo. Caso contrário, ele se fecha. Então, não é um detalhe, não é ser bonzinho, é uma questão epistemológica, uma questão do conhecimento. Por isso, um dos primeiros pontos para evitar o abandono é prestar atenção. Eu vejo você, você é importante, tem valor.
Assisti uma entrevista na qual o senhor fala que, a partir da pré-escola, é privado ao estudante o lado lúdico do conhecimento e ele passa ali 200 dias do ano olhando o pescocinho do colega sentado à frente. Como isso interfere no aprendizado?
Infelizmente há essa ruptura. De modo geral, na educação infantil, a gente trabalha de um modo muito legal o lúdico, projetos, rodinhas, o parquinho. Aí quando chega ao primeiro ano agora é sério, agora para valer. É muito triste isso. Qual é a lógica. Você tem o exame do vestibular. E aí o Ensino Médio começa a se deformar para preparar o aluno para o vestibular, que inclusive já mudou. O Enem, por exemplo, foi um avanço em termos de se pedir mais competências e habilidades. Mas você condiciona o Ensino Médio para o vestibular. Aí você tem que condicionar o Ensino Fundamental 2 para o Ensino Médio. Aí você tem que condicionar o Ensino Fundamental 1 e agora querem fazer isso com o Infantil. Quando deveria ser o contrário. A gente tem que exportar a boa tecnologia da Educação Infantil. Na Educação Infantil, os alunos aprendem muito e não tem prova, não tem aula no sentido clássico. A gente tem feito esse esforço para sensibilizar os professores.
O senhor falou em novas tecnologias, Inteligência Artificial, mas a gente vê o ensino ainda muito engessado, naquele esquema ainda de quadro negro. Como o senhor vê o futuro da educação?
A pandemia de Covid mostrou que é possível a tecnologia entrar na educação e ela entrou. Vamos ter que incorporar. Me dói dizer isso, mas muitos professores não têm ideia de como o aluno aprende. Eu tenho pesquisas sobre isso. O professor Fernando Becker, da Federal do Rio Grande do Sul, tem um livro chamado “A Epistemologia do Professor”. Ele está entrevistando um professor universitário e pergunta ‘professor, como seu aluno aprende?’. E a resposta foi ‘ô, rapaz, você me pegou de surpresa’. E essa resposta não foi tão isolada. Era professor há 20 anos e nunca tinha feito uma reflexão. A gente viu, o núcleo é o trabalho com conhecimento, o processo de aprendizagem. Por isso, o primeiro ano é tão grave. O aluno inteligente aprende. Quando esse aluno, um dia vira professor, aí ele pensa: ‘Eu já sei’.
O professor leva essa experiência que ele teve como estudante para sua vida profissional?
Isso você não encontra em outra profissão. Você vai fazer jornalismo, que experiência você tem? Você no máximo brincou de jornalismo. Medicina é a mesma coisa. Mas quando você vai fazer pedagogia, você já tem pelo menos 11 anos de vivência na escola.
Você considera que a formação do professor precisa ser mudada?
Tem. Você imagina você, por exemplo, o aluno chega no curso de Pedagogia no primeiro dia de aula e fala: “Eu não estou achando a minha a minha sala”. Aí a mulher da secretaria pergunta: “Meu jovem, qual é o seu grupo?” E ele retruca: “Senhora, eu sou do primeiro semestre da pedagogia, eu quero achar a sala”. E ela continua: “Meu jovem, aqui não tem sala do primeiro semestre de Pedagogia. Não sei se você viu no edital, mas essa faculdade aqui trabalha com projetos, com temas geradores. Então você tem que ver a que grupo você pertence”. Você já viu uma faculdade de pedagogia assim? Eu, infelizmente, só vi de medicina, de pedagogia não vi ainda. É a aprendizagem baseada em problemas. Quando o aluno de pedagogia chega na faculdade e encontra um colega atrás do outro, ele pensa: “Já sei, aprendi no primeiro ano”. Agora se ele chegar lá e ôpa, não tem sala de aula. Como é isso? É uma sala, uma mesa, dez cadeiras, um monitor para o professor passar o problema e eles têm que ir atrás para resolver. Esse nosso modelo vem de pelo menos 200 anos.
Nós tivemos no Brasil, recentemente, a suspensão da reforma do Ensino Médio. O que deu errado?
É uma questão muito delicada. Tem, por exemplo, dois aspectos do novo Ensino Médio que eu gosto muito. O primeiro é o aspecto dos itinerários formativos. Fantástico, o aluno poder escolher. Era uma coisa que a gente sempre criticava. O aluno vai, da Educação Infantil até a faculdade, sem a possibilidade de optar pelo que mais lhe interessa. O segundo aspecto é abrir a possibilidade do curso profissionalizante. Eu sou técnico em eletrônica. Com 18 anos eu estava formado, tinha um diploma, tinha emprego, me sentia gente. Hoje em dia o aluno termina o Ensino Médio e o que resta? Se preparar para o vestibular. Agora, qual é o problema? Essas coisas viraram arremedos. Meu curso profissionalizante era de tempo integral. Eu ficava o dia todo na escola. Foi uma formação fantástica e me tornei técnico em eletrônico.
Muito se fala que até 70% das profissões que existem hoje, não existirão mais num futuro próximo. Como os educadores precisam encarar isso?
Tem uma “competência-tronco”, que é aquela capaz de gerar outras competências. Que é justamente a competência de projeto. Seriam os elementos nucleares do projeto. O sujeito tem que ser capaz de fazer análise da realidade, projeção de finalidade, e dessa tensão entre realidade e finalidade nascer o plano de ação. Se os alunos aprendessem de fato a essência isso pode ser aplicado em qualquer contexto.
Para concluir, queria falar um pouco sobre a sequência de casos de violência ocorridos dentro de escolas, com a professora que foi esfaqueada e a chacina numa escola de Educação Infantil de Santa Catarina. Isso acaba contaminando o ambiente escolar?
Sem dúvida. Existem três tipos de violência. A violência na escola, contra a escola e a violência da escola. A gente está sofrendo muito agora a violência na escola. Há algum tempo, a gente sofreu a violência contra a escola. E não é só escola pública Me lembro que tinha uma escola particular, em São Paulo, em que eles não podiam avisar para os alunos do terceiro ano do Ensino Médio qual seria o último dia de aula. Eles chegavam a informar, por exemplo, que o último dia de aula seria dia 15 de dezembro, e no dia 13 terminavam. Porque senão destruíam tudo, arrancavam ventilador, arrancavam ar-condicionado. E era uma escola particular. Mas precisamos ver também a violência da escola. Quando você não olha para o ser humano, você não sabe como o aluno aprende, isso é uma profunda violência. É muito complicado quando você vê uma luta entre a família e a escola. Você vai em algumas escolas públicas e tem na secretaria uma placa que diz algo assim: “Desacato a autoridade é crime”. Aquela placa valeria para quem? Três, quatro pais. Então, deixa aquela placa de lado e quando for necessário puxa. Mas, assim, todos os pais vão ver aquilo e já cria uma relação de distanciamento. Esse é o momento da roda de conversa. Vamos conversar. Isso que a sociedade está pedindo. Até porque nós temos que encontrar outra forma de organizar a sociedade. Josué de Castro dizia que, daqui a algum tempo, nós vamos ter no mundo dois tipos de pessoas: os que não comem, porque não têm o que comer; e os que não dormem com medo dos que não comem. É isso que a gente quer? Ou a gente vai mostrar para o aluno que outro mundo é possível. É preciso compreender, usufruir e transformar. Paulo Freire na pedagogia da autonomia dizia o tempo todo: ‘O mundo não é, o mundo está sendo’. Portanto, ele pode ser diferente. É possível resgatar essa ideia de esperança que Paulo Freire trouxe tanto.
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