SALVADOR
A tradição da queima do Judas continua viva em bairros de Salvador
Na comunidade do Calafate, na Av. San Martin, a malhação do boneco anima as ruas
Por Madson Souza
A malhação ou queima de Judas no Sábado de Aleluia é uma tradição em comunidades católicas e ortodoxas, mas com o tempo o costume perdeu força. No entanto, em alguns bairros de Salvador a prática ainda é presente. No bairro Calafate, na Avenida San Martin, a tradição segue viva e reúne membros da comunidade há 25 anos para viver junto esse momento.
"Hoje em dia, se você perguntar para algumas crianças, elas não sabem do que se trata, não conhecem essa brincadeira", afirma o líder comunitário Ubirajara Correia. Ele explica que no Calafate a situação é diferente. "Aqui não, aqui nós tentamos manter essa tradição. Quando os meninos me veem descendo com o boneco, eles já vêm correndo”.
Bira relata que, quando era criança, a celebração era mais intensa. Não apenas a Queima de Judas, mas também outras atividades como Quebra-Pote, Corrida de Saco e Pau de Sebo. Ele enfatiza que essas tradições são importantes e devem ser preservadas. "Nós lutamos para manter essas tradições aqui na comunidade do Calafate, porque é um momento de diversão, de alegria, que reúne amigos e vizinhos, onde todos riem e correm quando as crianças começam a ouvir os estouros da queima de Judas. É algo que precisa continuar".
É a combinação entre a parte religiosa da tradição e o momentos dos estouros que chamam atenção do oficial de manutenção geral, Djalma Mateus da Silva. “A diversão mesmo é na hora que o Judas queima, aí começa a rodar, os fogos vem e é um momento muito rápido, é muito curto”, explicou.
A queima de Judas é um costume adotado pelo catolicismo, porém a origem da celebração é pagã. A festividade era uma forma dos romanos comemorarem a passagem do inverno e anunciarem a chegada da primavera, de acordo com o historiador Murilo Mello (@murilomellohistoria).
Quando a tradição é adotada pelos cristãos ela ganha um outro sentido. “O ato de queimar Judas é a gente expurgar o mal, de purificar, para que chegue o bem, se nasça um novo dia, uma nova energia”, explica Murilo.
Tradição
Com o tempo, a tradição ganha um outro caráter que é a brincadeira de todo ano colocar um nome no boneco, geralmente de um político ou alguém envolvido em algum episódio escabroso.
Para o fogueteiro Fernando Encarnação, que trabalha na coordenação da montagem do boneco Judas, as vendas desse ano foram melhores do que no ano passado. “Fizemos poucos bonecos esse ano, mas já não tem nenhum. Os 500 que fizemos já foram. Foi melhor que ano passado, mas ainda tem uma queda muito grande em comparação com o período pré-pandemia. Antes a gente vendia 1.000, 1.200 bonecos”.
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