SÃO FRANCISCO DE ASSIS
Ação judicial ameaça futuro de abrigo que acolhe 430 animais
Além disso, o abrigo tem enfrentado sérias questões financeiras, com dívidas de cerca de R$ 95 mil
Por Mayara Fernandes*
A Associação Brasileira Protetora dos Animais – Seção Bahia (ABPA-BA), responsável pela administração do Abrigo São Francisco de Assis, tem passado por problemas estruturais com dívidas e foi notificado com uma ação judicial de reintegração de posse com demolição do imóvel, em Paripe, no Subúrbio Ferroviário, para que uma estrada seja construída pela concessionária Via Bahia. A ação impacta diretamente na impossibilidade assistencial de 430 animais atendidos pela ONG.
Com a ação judicial, parte do terreno que sedia a organização deve ser demolido, o que implica no desmoronamento de toda estrutura do imovel, além da destruição direta de 30 canis. Além disso, o abrigo tem enfrentado sérias questões financeiras, com dívidas de cerca de R$ 95 mil.
A presidente da organização, Cristina Della-Cella, explicou a situação atual do abrigo. “O terreno foi doado para ABPA em 1982. A antiga presidente comprou esta construção e fez a doação. Temos um contrato de compra e venda, mas nunca foi lavrada a escritura, pois nunca encontramos a pessoa que vendeu. Fizemos uma adição compulsória que está correndo desde 2020. Recentemente foi encontrado um pedido de reintegração de posse em nome da Via Bahia, de parte do abrigo, onde pedem demolição do terreno para que se construa uma estrada”, contou ela.
“Gastamos diariamente 120 kg de ração e temos R$ 95 mil em boletos a pagar. Já temos todos esses problemas, os animais já vão passar fome e agora sem lar“, completou Della-Cella.
A situação precária não é exclusividade do Abrigo São Francisco, diversas organizações não recebem qualquer auxílio governamental, seja em esfera municipal, estadual e federal.
“Estamos sem ração, com sete boletos atrasados, precisando fazer reformas no espaço, como murar para dar mais segurança aos 350 cachorros e 19 gatos que atendemos. Sem apoio da prefeitura, governo, os políticos não chegam a ajudar. Esta é uma realidade de todos os abrigos”, comentou Angela Gomes, presidente da AGAPA.
“O CRMV (Conselho Regional de Medicina Veterinária) defende políticas públicas para poder melhorar a situação dos animais, bem estar e diminuir riscos de zoonoses. Em Salvador não existem abrigos públicos, apesar da boa iniciativa do hospital veterinário. Contudo, há a necessidade de haver abrigos públicos para acolher os animais que estão abandonados ou sem tutoria e vítimas de maus tratos. Os animais de rua pertencem ao estado”, destacou o médico veterinário e membro do CRMV, Willadesmon Silva.
*Sob a supervisão do editor Rafael Tiago Nunes
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