Clássico Ba-Vi: rivalidade que move a capital de Todos-os-Santos | A TARDE
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Clássico Ba-Vi: rivalidade que move a capital de Todos-os-Santos

Publicado segunda-feira, 29 de março de 2021 às 06:00 h | Atualizado em 19/11/2021, 12:02 | Autor: Alex Torres
Polarizado por duas grandes torcidas, o Ba-Vi é considerado o evento esportivo de maior apelo popular da cidade | Foto: Lucas Melo | Ag. BAPRESS
Polarizado por duas grandes torcidas, o Ba-Vi é considerado o evento esportivo de maior apelo popular da cidade | Foto: Lucas Melo | Ag. BAPRESS -

Entre os mais tradicionais clássicos do futebol brasileiro, o Ba-Vi é considerado como um dos poucos eventos capazes de “parar” a cidade de Salvador em dia de jogo. Conhecida por seu povo alegre e hospitaleiro, a capital baiana praticamente se divide em duas paixões quando as equipes entram em campo e, assim, se inicia o espetáculo entre tricolores e rubro-negros.

Justamente por esse grau de relevância possuído dentro do cenário soteropolitano que, nesta segunda-feira, 29 de março, data do 472º aniversário da primeira capital do Brasil, iremos falar sobre o evento esportivo de maior apelo popular da cidade. Para isso, nada mais justo do que abordar esse sentimento com os seus principais personagens: os próprios torcedores.

Torcedor fanático pelo Bahia desde o berço, o auxiliar-administrativo Bernardo Palmeira brincou com as palavras ao tentar explicar sua paixão pelo clube. Segundo ele, a emoção de ver o Esquadrão jogar toma conta do indivíduo e oscila em diferentes níveis, principalmente em dia de clássico.

“A paixão pelo Bahia começa desde o momento que escuta o hino. Você se emociona, é algo apaixonante. Dá para sentir o peso do manto no momento em que veste a camisa. O emocional chega a ficar oscilando durante o jogo no estádio. Aquele momento de euforia, quando tira a camisa e comemora o gol. A paixão pelo Bahia é isso”, explicou.

Já o estudante de comunicação Victor Razoni, não só garantiu que seu amor pelo Leão da Barra “quebra barreiras”, como também exemplificou um dos momentos mais marcantes capazes de representar essa paixão. Na busca por seguir à risca a máxima de “estar com o clube em todos os momentos”, ele contou que já deixou até momentos importantes de família.

“Minha paixão pelo Vitória quebra barreiras. Tento acompanhar ao máximo sempre aonde vai, algo sem explicação. Um time que já me fez sair do aniversário de 90 anos do meu avô para ir ao estádio, ainda ver o time perder e sair de lá sem nenhum arrependimento. Então é algo bem complicado (risos)”, brincou Razoni.

O Ba-Vi para a cidade

Ao longo da história do esporte baiano, outros cinco clubes locais já atingiram o patamar de disputar a elite do futebol brasileiro, são eles: Galícia, Catuense, Itabuna, Fluminense de Feira e Leônico. No entanto, mesmo com esses momentos, apenas Bahia e Vitória conseguiram se perpetuar entre as principais divisões nos certames nacionais.

Esse contexto da dupla termina sendo responsável por essa maior polarização existente entre as torcidas no estado. Por mais que os clubes, atualmente, estejam em divisões diferentes — com o Bahia na Série A e o Vitória na Série B — o clássico Ba-Vi sempre será um campeonato à parte para a grande maioria dos adeptos, além de um momento especial para a cidade.

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Ao longo de muitos anos, Bahia e Vitória têm sido os únicos times baianos a conseguirem se manter entre as primeiras divisões do futebol nacional | Foto: Adilton Venegeroles e Raul Spinassé | Ag. A TARDE

“Quando tem Ba-Vi a cidade para. A semana já começa agitada, naquela animação, brincadeira com os amigos. Independente de Série A ou B. A energia é sempre aquela coisa incrível, que tem tudo a ver com Salvador e com o soteropolitano. Quando vence, então... No dia seguinte, as pessoas vão trabalhar com aquele sorriso no rosto, estampando o escudo no peito”, descreveu o bacharel em humanidades Marcos Felipe.

O profissional de Relações Públicas, Felipe Paz, foi um pouco mais além na descrição referente ao clássico. Responsável por mobilizar vários apaixonados por futebol, o Ba-Vi é responsável por tirar parte do protagonismo midiático ao futebol praticado na região sudeste do país e faz com que as pessoas olhem mais para Salvador. Esse impacto, de maneira local, termina também sendo responsável por movimentar a atividade econômica da própria cidade.

“O Ba-Vi possui vários significados e, para mim, um que representa bastante é ‘resistência’. Ainda mais em um contexto que a grande mídia sempre dá ênfase muito no futebol do eixo, principalmente do Flamengo. O clássico soteropolitano quebra muitos paradigmas, fora que movimenta toda a cidade economicamente. As pessoas vão para os bares, estádios, se reúnem. Então isso traz uma importância que transcende essa questão das quatro linhas”, explicou.

Homenagem aos 472 anos

Nascido e criado em Salvador, Marcos não esconde o orgulho de ser soteropolitano. Assim como nos dizeres que acompanham a pomba branca no brasão da capital baiana — “Assim ela (a pomba) retornou à arca” — ele afirma que, se algum dia acontecer de precisar morar em outro lugar, certamente seu retorno é mais do que garantido.

“Salvador dispensa comentário, a cidade é uma poesia. Cheia de belezas naturais, uma cultura riquíssima e um calor humano sem igual. Tenho certeza que quase todo mundo que nasceu aqui carregam muito orgulho, apesar de toda a desigualdade e do calor infernal. É uma cidade única e faço propaganda mesmo. Se um dia eu sair daqui, podem ter certeza que eu volto”, disse Marcos.

Conhecida pela alegria contagiante, Salvador chega em seu segundo aniversário consecutivo onde o soteropolitano não poderá estar nas ruas. Há exatos um ano, a Prefeitura da cidade lançava uma propaganda que tinha a mensagem “não importa a sua religião, o pedido é o mesmo: que no ano que vem, a gente comemore junto”. Apesar de não ter sido dessa vez, o desejo ainda se mantém de pé para o próximo aniversário.

“É uma cidade abençoada por ter o nome do senhor. Infelizmente, por conta da pandemia, vamos precisar estar celebrando essa data dentro de casa, sem aglomeração. Mas que o próximo aniversário possa ser comemorado da melhor forma possível, da forma que a gente sempre soube fazer muito bem”, pediu Victor Razoni.

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