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Instalações esportivas trazem vida a antigas áreas degradadas de Salvador

Publicado domingo, 29 de março de 2020 às 08:00 h | Atualizado em 21/01/2021, 00:00 | Autor: Alex Torres*
Parque dos Ventos, na Boca do Rio, fica localizado no terreno do antigo Aeroclube | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE
Parque dos Ventos, na Boca do Rio, fica localizado no terreno do antigo Aeroclube | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE -

Cidade de todos os ritmos, encantos e atrativos, Salvador também pode ser considerada a capital do esporte. Afinal, a primeira sede do Brasil, fundada em 29 de março de 1549, respira esporte por todos os becos e vielas. Aliviar o estresse, esquecer os problemas e experimentar sensações de prazer são os benefícios que a atividade esportiva proporciona para quem mora em um grande centro urbano como Salvador.

Atualmente, quem passa pela extensa orla da cidade tem a percepção de um cenário bastante vivo e com forte presença da prática do esporte, já que, nos últimos anos, algumas áreas carentes de equipamentos passaram por grandes transformações. Um exemplo dessa iniciativa são as regiões dos antigos Aeroclube, na orla da Boca do Rio, e Clube Português, na Pituba. Hoje, polos de esporte e lazer, esses locais abrigam o Parque dos Ventos e Arena Aquática de Salvador, respectivamente, e rendem bons frutos.

Neste domingo, 29, a capital baiana completa 471 anos e, como uma forma de homenagear a cidade, o Portal A TARDE consultou um especialista para saber como essas instalações esportivas públicas revitalizaram e trouxeram vida a antigas áreas degradadas, ajudando a melhorar o convívio social e o meio ambiente.

O arquiteto urbanista Renan Veloso explicou sobre os processos adotados na construção de novos locais para a prática esportiva. Para ele, essas mudanças foram responsáveis pela criação de uma nova identidade dos espaços públicos, que ao longo do tempo sofreram com o abandono.

"Salvador é uma cidade majoritariamente colonial, com estruturas coloniais e antigas. Mesmo assim, temos visto alguns projetos modernos feito de urbanização para atividades esportivas, principalmente na orla. Atualmente, as autoridades têm feito algumas reformas nesses locais, proporcionando novos tipos de atividades, como parkour e até skate, que não eram práticas muito fortes aqui em Salvador. Todas essas ações dão um novo significado e uma nova identidade para esses espaços", explicou Veloso.

Praticante de basquete, Bruno de Andrade da Silva, de 34 anos, tem aproveitado a revitalização do Jardim de Alah, na Pituba, para se divertir com o seu grupo de amigos. Segundo ele, apesar da construção dos espaços, ainda falta investir em projetos e formas de divulgação que consigam trazer o público para dentro das quadras.

"Para nós, que praticamos basquete, é extremamente importante (a revitalização). Nossa cidade é muito futebolística e as outras modalidades terminam ficando meio de lado [...] Os projetos ainda estão engatinhando, não percebemos aquela massificação. A gente vê muitos adeptos, que já tem um tempo maior no esporte, querendo atrair e chamar o público, mas sinto que falta um pouco por parte de algumas entidades. Eles revitalizam o espaço, mas não fomentam da forma que deveriam", afirmou.

Imagem ilustrativa da imagem Instalações esportivas trazem vida a antigas áreas degradadas de Salvador
Parque dos Ventos, na orla da Boca do Rio, tem espaço para os apaixonados por basquete | Foto: Uendel Galter | Ag. A TARDE

Na mesma linha de pensamento, Renan Veloso também defende a fomentação de atividades que possam atrair do público. De acordo com o arquiteto, o investimento nesses projetos traria benefícios não somente para os praticantes, mas também para a própria capital baiana.

"De nada adianta ter um projeto sem público. Imagine eu fazer uma praça para skate, se não tiver skatista. Deve ser feito algo que case a qualidade da obra com a atração dos praticantes. Precisa ser pensado na revitalização, mas também em projetos que consigam atrair essa galera. Dessa maneira, teremos mais valor, será possível até atrair uma renda para cidade", explicou o arquiteto.

Um bom exemplo ocorreu na Cidade Baixa. Morador da região, Caio Leal, de 22 anos, contou que costuma jogar bola no campo próximo da praça do Estaleiro. Apesar do local não ter sofrido nenhuma grande renovação nos últimos anos, a praça ao lado passou por uma reforma que, por consequência, atraiu um público para o 'baba' e até para os campeonatos.

"No campo, a única coisa foi uma melhor terraplanagem do espaço. Entretanto, como houve essa reforma da praça, o local acaba tendo várias opções. Colocaram food trucks, espaço para crianças e isso também atrai a galera. Termina tendo mais do que somente a prática esportiva, que também é um atrativo há alguns anos e, com isso, a tendência é estar aumentando", afirmou.

Projeto na Arena Aquática

Localizada na Pituba e coordenada pelo ex-atleta baiano, Edvaldo Valério, a Arena Aquática foi um dos carros-chefe desses processos de revitalização concretizados em Salvador.

A Arena possui duas piscinas: uma olímpica doada pelos jogos do Rio 2016, e uma semi-olimpica de 25 metros. Com medidas olímpicas, o equipamento já conta com cerca de 80 atletas e tem expectativas para que o número dobre até ano que vem.

Em entrevista ao programa "Isso é Bahia", da rádio A TARDE FM, o medalhista de bronze nas Olimpíadas de Sidney, em 2000, e ouro no Sul-Americano no Brasil, em 2002, revelou que o objetivo do projeto gratuito é revelar futuros atletas na Bahia.

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Arena Aquática, na Pituba, possui projeto de revelar um novo campeão para a Bahia | Foto: Raul Spinassé | Ag. A TARDE

"Nosso objetivo lá é fomentar a prática esportiva, além de revelar um futuro novo campeão. É um trabalho ainda embrionário, claro que a gente não vai revelar e lapidar um grande atleta aqui da noite para o dia, mas a gente já começa a colher frutos", garantiu.

O equipamento gratuito tenta suprir uma necessidade que vem desde a época em que Edvaldo competia: a falta de incentivo e estrutura para o esporte.

A Arena Aquática Salvador também atende ao público PCD (Pessoa Com Deficiência) e possui hoje alunos nessa condição, entre pessoas amputadas, autistas e portadores de Síndrome de Down.

*Sob a supervisão do editor Nelson Luis

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