Aplicação de tatuagens e piercings exige cuidados

Realizar uma tatuagem ou colocar um piercing - perfuração para a colocação de uma jóia ou uma peça de metal - em alguma parte do corpo deixou de ser condição do indivíduo que vive à margem da sociedade, para se tornar, em poucas décadas, símbolo de personalidade. No entanto, o interesse por uma marca na pele ou uso de um piercing exige muitos cuidados.

Atualmente, constam nos registros da Vigilância Sanitária 15 estabelecimentos com alvará de funcionamento para a colocação de tatuagens e piercings em Salvador. Segundo o coordenador do órgão, Augusto Amorim, esse número representa apenas entre 20 e 30 por cento dos estabelecimentos onde efetivamente se realiza este tipo de atividades na capital.

Ele explica que a cifra é pequena porque o número e tipo de estabelecimentos que o órgão deve cuidar é muito abrangente, o que dificulta seu trabalho. “Nós cuidamos de padarias a hospitais, passando por hotéis”, justifica, reconhecendo que o ideal que se pretende alcançar é 100 por cento.

Conforme o médico Raimundo Paraná, a existência de um alvará de funcionamento no local onde são realizadas as tatuagens é fundamental para a segurança do cliente. “É a maior prova de que o local foi revisado por especialistas e é seguro.”

Ele explica que tatuagens e piercings são procedimentos invasivos, pois atravessam a pele, que é a proteção natural do corpo contra agentes externos. Por causa disso, os cuidados com a esterilização e higiene do local e dos instrumentos utilizados pelo profissional são primordiais.

“Se não houver cuidados, o cliente pode ser infectado por doenças graves como Hepatite B, C, além do vírus da AIDS e do HLPV, que causa problemas neurológicos no portador”, adverte o médico.

Para ele, evitar este tipo de problema é fácil. Apenas é preciso que o profissional tome alguns cuidados e o cliente preste atenção no local e no tatuador ou body-piercer escolhido. Itens como luvas, material descartável (quando se trata de objetos que entram em contato com a pele do cliente, como agulhas) ou esterilizado (quando o contato direto não existe), além de uma boa higiene geral, são indispensáveis.

Preço - Há 11 anos no mercado, o tatuador Álvaro Medrado, 42, acredita que o preço não deve ser fator fundamental na escolha do profissional. “É preciso que se entenda que tatuagem é arte, e que arte não deve ser escolhida apenas pelo preço”.

Além disso, para Medrado, ter um estabelecimento funcionando de forma a não oferecer riscos gera um custo. “Tem muita gente comprando máquinas de tatuar e trabalhando por ai sem cuidado, mas isso pode sair caro para o cliente”.

O tatuador explica que prestar atenção no local de trabalho do profissional é fundamental. “O cliente tem que observar tudo e perguntar tudo. Ele tem todo o direito de saber como o profissional vai atua e porquê, mesmo quando se trata de um amigo. Além disso, o mais recomendável é que o interessado procure profissionais com tradição e experiência”.

A opinião é partilhada por Daniela Lara, 27 anos, que há 13 anos fez seu primeiro desenho no corpo. A jovem recomenda que a pessoa interessada reflita sobre o desenho e o local onde vai fazer a marca. "É muito importante que o profissional tenha um trabalho reconhecido. Hoje tatuagem virou moda. É perigoso, porque se houver arrependimento, é difícil tirar ou cobrir. Eu mesma já me arrependi de desenhos feitos”.

Evento - Para tratar sobre questões relativas à biossegurança e à higiene dos locais onde é realizada a atividade e dos instrumentos utilizados será feita, nesta terça-feira, 15, a “I Oficina de Prevenção das Hepatites Virais para Tatuadores”.

O evento acontece de 09h às 17h, no auditório da sede da Secretaria Municipal de Saúde dos Aflitos e deve beneficiar 30 tatuadores e piercers da capital.

Segundo a assessoria do evento, as inscrições para a oficina já foram encerradas. A realização de uma nova edição do evento é dada como certa, mas as datas ainda não foram definidas.