SALVADOR
Artesãos de Santa Brígida querem entrar de vez no mercado

Por Maria Clara Lima, do A Tarde On Line
Nesta sexta-feira, 9, o desfile Coleção Encantada reunirá 30 modelos de bolsas feitas com fibras de licurí, retiradas da palmeira.
O evento começa às 19h e integra a Feira do Empreendedor, no Centro de Convenções de Salvador.
Todas as peças foram produzidas pelos artesãos de Santa Brígida – município localizado a 50km de Paulo Afonso e que apresenta o quarto pior Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M) da Bahia. Os materiais utilizados são típicos da região: fibra de licuri, madeira de umburana caída, “galho de sacatinga”, “velande” e “bonomi”.
Um dos expositores é José Valdo Rosa, 47, trabalha com madeira há cerca de dez anos. Ele aprendeu o trabalho sozinho e a produção era caseira. “Até que passou um lá, viu o trabalho e disse que se eu fizesse para vender, eu vendia”. Foi assim que começou a trabalhar profissionalmente.
Rosa é um dos fundadores da Associação de Artesanato de Santa Brígida (AASB). A idéia da associação é fortalecer o seu trabalho e dos outros artesãos que, assim como ele, trabalham com produção de bolsas, pequenas esculturas, objetos de decoração, descansador de pratos, enfim, uma variedade de peças. “O trabalho em grupo fortalece e a associação junta mais gente”, diz Rosa.
Os resultados podem ser vistos pelo menos uma vez por mês em feiras de artesanato de Salvador e em outros estados. “Na feira do Instituto Mauá, por exemplo, a gente consegue vender uma média de R$ 2 mil por mês”, diz o presidente da AASB, José dos Santos Braga, 43. Mas as vendas ainda são individuais: “Queremos que a associação compre os produtos nas mãos dos artesãos e que, quando for vender, seja com o nome dela”.
José Braga aprendeu o ofício através de um programa de capacitação no município promovido pelo Sebrae. Hoje, os próprios artesãos ensinam gratuitamente para a população local que queira aprender e trabalhar com o artesanato.
O projeto – Os artesãos foram estimulados pelo Projeto de Artesanato de Fibra Vegetal de Santa Brígida, financiado pelo Sebrae. Segundo a coordenadora do projeto, Carmem Arimatéia, o Sebrae escolheu o município para incentivar a economia. “Quando chegamos, já havia um grupo montado, uma associação, mas com o trabalho voltado para a religiosidade”. O que o Sebrae fez, continua Carmem, foi “incentivar o trabalho de design para inserir os produtos no mercado sem mudar a identidade cultural deles”.
Oficinas de capacitação de associativismo, qualidade de produto e empreendedorismo foram ministradas para os artesãos. Assim como a questão ambiental, que está sendo trabalhada. “Eles já sabiam desde que nasceram como retirar a palha sem prejudicar o meio-ambiente, mas ainda assim, estamos finalizando agora um trabalho de manejo da palha de licurí”.
Além do valor social, é interessante agregar outros valores às obras para que haja um aumento na renda. Para o design Mário Bestteti “o sucesso dos produtos está fazendo com que os outros artesãos vejam o artesanato como fonte de renda”.
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