SALVADOR
Avião acidentado em Ilhéus está desaparecido
Por Ana Cristina Oliveira, do A Tarde
As buscas pelo bimotor Cessna 310Q prefixo PT-JGX da empresa Aero Star, suspensas no sábado, 3, por volta das 18h, serão retomadas na manhã do domingo por volta das 6h. A aeronave desapareceu na última sexta, 2, após deixar o aeroporto de Salvador às 17h com destino a Ilhéus, no sul da Bahia. Seis pessoas estão desaparecidas, entre elas quatro empresários ingleses. A aeronave desapareceu do radar quando sobrevoava o litoral norte de Ilhéus por volta da 17h50 da sexta-feira, horário em que fez o último contato com a torre de controle do aeroporto de Ilhéus. Entre os passageiros estavam os empresários do ramo hoteleiro Sean Woodhall e Ricky Every, e ainda Alan Trevor Kempson, Nigel Hogess, além do piloto Clovis Revault de Figueiredo e Silva e o co-piloto Leandro Oliveira Veloso.
Segundo o capitão Hosannah Rocha, comandante da 4ª Companhia de Polícia Militar de Itacaré, que coordenou as buscas por terra, funcionários da Infraero, em Ilhéus, teriam dito que no diálogo com a torre de controle, em Ilhéus, piloto teria dito que estava chovendo muito. Clóvis Silva teria afirmado ainda que transportava quatro empresários ingleses, mas nada teria informado sobre pane no avião.
SOBREVÔO E QUEDA - Há informações de que a aeronave pode ter caido quando sobrevoava uma área com 210 hectares, que os empresários compraram para construir o resort Lagoa Pearl, nas proximidades do Condomínio Vila Paraíso, que fica as margens da BA-001, entre Ilhéus e o distrito de Serra Grande (município de Uruçuca). Essa informação coincide com o que disseram moradores do condomínio, que teriam visto, por volta das 18 horas, um avião passar meio desgovernado, piscar luzes muito fortes e desaparecer em seguida, na mata fechada.
Equipes de buscas da Polícia Militar e da Companhia de Ações Especiais da Região Cacauiera (Caerc), além do Corpo de Bombeiros, se concentraram nessa área, de cerca de 12 km, até Fazenda Olandy, sem sucesso. As equipes também vasculharam uma área no Parque Estadual da Serra do Conduru, local de difícil acesso e distante de Vila Paraíso cerca de 10 km, onde o técnico em informática Márcio Coutinho Neves, informou ter visto uma luz forte parecendo de avião, que desapareceu em seguida.
Márcio Neves, que acompanhou as buscas, relatou que fazia a instalação de uma repetição de internet, numa área descampada, nas proximidades da Fazenda Bambu, no distrito de Serra Grande (Uruçuca), quando o avião piscou e depois deu uma guinada para a direita, no sentido do mar, e sumiu. A funcionária do Parque do Conduru, Valdineide Souza de Oliveira, contou que estava com o marido, por volta da 18 horas, quando ouviu o barulho de um avião.
Segundo ela, os dois ficaram surpresos, porque aeronaves não costumam passar no local nesse horário, principalmente quando chove forte. Durante todo o dia de ontem, as buscas chegaram a cobrir um raio de 40 km, nas regiões do Conduru, Tibina, Sambaituba e Aderno e foram suspensas por volta de 16 horas, quando o capitão Hosannah Rocha recebeu um pedido da Força Aérea para deixar a área. O capitão informou que, em seguida, o espaço aéreo de Ilhéus a Itacaré teria sido fechado, menos para as aeronaves que faziam as buscas ao bimotor desaparecido.
VÔO FRETADO - Dois helicopteros, um bimotor e lanchas da Marinha também participaram das buscas pela aeronave, concentradas em torno do município de Itacaré, 430 quilômetros ao sul da capital baiana e 70 ao norte de Ilhéus. O avião foi fretado pelos ingleses para fazer a rota Salvador – Ilhéus, no fim da tarde de sexta-feira. Decolou às 17 horas e tinha pouso previsto para as 17h51, mas desapareceu pouco antes.
Segundo Socorro Mendonça, amiga dos empresários desaparecidos, Sean Woodhall estava entusiasmado com a construção do resort Lagoa Pearl, que teria um campo de golfe para garndes torneios, nos mesmos moldes dos que sua empresa, a World Wide Destination (WWD), construiu na Europa e no norte da África. Nesses empreendimentos, o empresário teria parceria com o príncipe Alberto de Mônaco.
Ricky Every, que o acompanhava na viagem, morava no Brasil e representava a WWD na América do Sul. Amigos disseram que, nos últimos dois meses, Ricky esteve em Ilhéus várias vezes, em razão da decisão do governo do estado de construir um porto para exportação de grãos e minérios na área. O assunto preocupa o empresariado do setor turístico de Ilhéus e Itacaré, em razão dos prejuizos ao meio ambiente, numa região que é uma Área de Proteção Ambiental (APA) com enorme vocação ecoturística.
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