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SALVADOR

Azaração, cerveja gelada e burburinho no Parque Júlio César

Por Chico Castro Jr., do A TARDE

05/06/2008 - 19:51 h | Atualizada em 05/06/2008 - 20:40

“Rapaz, aquela mesa ali tá bonita, hein? Tem umas dez mulheres!”, observa o administrador de empresas Roberto Abbehusen, enquanto enche o copo de cerveja, os olhos brilhando como se contemplasse o paraíso.

Era sexta-feira, e Roberto sentava numa mesa sobre a calçada defronte ao Baiuka, um dos bares mais freqüentados da Alameda Benevento, no Parque Júlio César, Pituba. Com ele estavam seu amigo Alan Cosenza Castro, a esposa deste, sua sogra e mais alguns amigos, todos moradores do próprio Júlio César.

“Toda sexta-feira é isso aqui que você está vendo: os bares cheios, a mesas invadindo a rua, os carros às vezes estacionam até no meio da rua. Tem dias que é um inferno”, conta Alan. ”Mas uma coisa a gente tem que dizer: aqui a cerveja é sempre gelada e os tira-gostos muito bem-servidos”, acrescenta, piscando um olho. ”As carnes de sol e de fumeiro daqui são ótimas”, sugere.

Esse é mais ou menos o clima dos muitos bares que ficam nesse movimentado e democrático pedaço da Pituba: entre o caos urbano da disputa por espaço – na calçada e também na rua – e a azaração da happy hour.

Apesar de atrair cada vez mais pessoas de todas as idades e partes da cidade, o grosso da freqüência ainda é mesmo de moradores da comunidade, como a jovem estudante Luana Morais, uma das moças que chamaram a atenção de Roberto.

”Ai, meu filho, tá é faltando homem no mercado!”, reclamava, sentada numa mesa com mais cinco amigas e um único – e felizardo – rapaz. De todo modo, ela não perde as esperanças: “A sexta-feira é sagrada, a gente sempre se encontra“, avisa.

Nesse momento, um carro com um som ensurdecedor de pagode, uns quatro rapazes dentro, passa pela rua, rente à mesa das meninas, para desagrado de algumas delas. “Ah, que nada, se for gatinho, eu olho mesmo“, discordou uma delas, sentada ao lado de Luana. “Meu Deus, você é muito periguete!”, riu uma outra, mais reservada, que tinha torcido o nariz pouco antes.

Variedade – Uma das vantagens da Alameda Benevento é a variedade de opções de cardápio: há desde o prosaico acarajé do dia-a-dia à pizza, passando por carnes regionais e espetinhos variados.

Neste quesito, a dica é o Miau, um dos bares mais recentes da área, com apenas dois anos de funcionamento, e que oferece nada menos que 27 qualidades de espetinhos.

Além dos tradicionais espetos de carne e frango, há ainda alguns bem incomuns, como salmão, lingüiça de carneiro, surubim, coelho, avestruz e frango com provolone. “Hoje só não temos o de kafta bovina, que acabou, mas todos os outros 26 estão saindo”, avisa o gerente Henrique Magalhães.

Numa sexta-feira normal, a casa chega a vender 500 unidades. O segredo do sucesso? “A carne é de um bom fornecedor, mesmo. Mas nosso diferencial é um molho especial secreto desenvolvido pelo nosso chef“, explica Henrique. Bom, se é segredo, melhor deixar quieto.

Respeito – O que fica evidente mesmo naquele pequeno pedaço de chão atulhado de gente é que, apesar da disputa por espaço na rua entre os bares e o prejuízo para o trânsito, a harmonia impera entre os moradores da comunidade e os visitantes.

“Moro há 30 anos ali, no Edifício Otaviano”, aponta Daltro Pereira Raposo, sentado de sua mesa no Bar da Flor. “E todos aqui se respeitam. É aqui que a comunidade se reúne, se sente segura, então é difícil ter uma briga. Aqui eu conheço todo mundo, esses jovens todos, a maioria está na faculdade, se formando para ser advogado, médico”, observa Daltro.

Sentado na mesa com Daltro, Gener Oliveira Grave, visitante, é freqüentador assíduo do Bar da Flor, porque “o ambiente é melhor, tem menos confusão“.

Talvez também porque, cidadã consciente, a proprietária Florinalva Evangelista se recusa a invadir o asfalto com suas mesas, prática de todos os outros bares da rua. “Eu não boto mesa na rua, só da calçada para cá. Até já perdi cliente por causa disso, mas não quero contribuir para essa bagunça aí que só atrapalha o trânsito“, declara Flor.

Jace, baiana de acarajé instalada há 13 anos no local, bem ao lado do Miau, confirma que, apesar da confusão automobilística, é raro sair briga por ali: “Nunca vi briga aqui, só de casal. A maioria do pessoal é da área, mesmo“. Todo dia Jace chega no ponto por volta das 17 horas e só sai depois das 23.

Sem ter do que reclamar, o músico Mateus Borba, visitante, dava generosos goles na cerveja gelada que dividia com seu amigo Josué Santos no bar ao lado, o Restaurante Júlio César. “Rapaz, a moça que traz a cerveja é bem rápida. E tá é gelada“, constatou, encostando a mão na garrafa recém-chegada à mesa.

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