SALVADOR
Barbeiro é alvo de racismo durante trabalho: "macaco e imundo"
Agressão aconteceu após vítima, que é barbeiro, atender agressor em casa
Por Da Redação
O barbeiro Douglas Moreira, jovem negro de 24 anos, relatou ter sido alvo de injúria racial e agressão por parte de Diego Filgueiras, o Zilla, DJ conhecido por se apresentar em casas noturnas no bairro do Rio Vermelho, em Salvador. De acordo com o relato, o caso aconteceu na última sexta-feira, 24, quando após o desentendimento, Zilla teria chamado Douglas de "macaco e preto imundo".
O desentedimento teria iniciado com a mãe do suposto agressor, que criticou o barbeiro por não ter limpado o chão da casa após terminar o serviço. Douglas foi chamado por Zilla para cortar o cabelo em casa, também no Rio Vermelho. Essa não foi a primeira vez que o barbeiro prestou serviços ao DJ.
"A mãe dele se levantou, foi para a porta da casa e impediu que eu saísse. Disse que não era faxineira, que ela não tinha obrigação de ter que limpar o cabelo após o corte e começou a me ofender. Disse que eu era sujo, um prestador de serviço e daí o filho dela se levantou, me chamou de desumilde e, no momento que eu estava saindo da casa, ele começou a proferir palavras racistas, me chamou de macaco e preto imundo, foi quando eu revidei xingando ele", relatou Douglas ao Portal A TARDE.
O barbeiro relatou que subia as escadas para deixar a casa do DJ, quando foi agredido e sofreu alguns socos, sendo um no rosto.
"Saí de lá com um sentimento de impotência e fracasso, tudo aquilo que eu temia aconteceu comigo. Sempre 'estive preparado' para algo assim, mais é muito diferente ao vivo e a cores. Até onde nós negros estaremos sujeitos a isso?", questionou o barbeiro em postagem no Instagram.
Saindo da casa do agressor, Douglas seguiu, na companhia dos pais, para uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) no bairro do Dendezeiros, do Bonfim. "Eu tenho todo um relatório que comprova que foi agressão física, ficou super inchado na hora. Tomei injeções de corticóide, para dor e para baixar a pressão, que ficou muito alta na hora", contou.
O médico que atendeu Douglas pediu que ele fizesse um exame de corpo de delito, para isso, ele precisou solicitar uma guia do IML após realizar um boletim de ocorrência na 7ª Delegacia Territorial, no bairro do Rio Vermelho.
Agora, já com o apoio de um advogado, Douglas pretende entrar com um processo judicial e com o Ministério Público por injúria racial contra Zilla.
A reportagem do A TARDE entrou em contato com Zilla, que relatou ter sido proibido de falar sobre o caso e anunciou que em breve irá divulgar uma nota "esclarecendo tudo que realmente aconteceu".
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Cidadão Repórter
Contribua para o portal com vídeos, áudios e textos sobre o que está acontecendo em seu bairro
Siga nossas redes