SALVADOR
Cada vez mais jovens, avós assumem papel de segunda mãe

Por Ashley Malia | Foto: Arquivo Pessoal

Se você pensa que todo avô e avó usa óculos, roupa de tricô e têm cabelos bem branquinhos, pode tirar essa imagem da mente. Não é muito raro encontrar, nos tempos de hoje, avós da Segunda Idade – 21 a 49 anos –, eles estão cada vez mais jovens de idade e de comportamento. Mesmo assim, o amor açucarado, característico desses entes queridos, continua o mesmo e com bastante energia.
A fotógrafa Juliana Andrade, 36 anos, não imaginava que sua filha passaria pela mesma experiência de ser mãe cedo. Ela contou que se tornou avó aos 30 anos e, assim como ela, sua filha foi mãe aos 15. “Foi um momento que eu não quis acreditar, que minha filha iria passar pelo que passei em ser mãe nova e assumir responsabilidade por uma criança. Mas depois que o Joaquim nasceu, o amor é tanto que assumimos a responsabilidade juntas”, disse.
Juliana conta que o neto é cheio de amor dos avós e que, além dela, ele recebe o carinho e cuidado da bisavó – mãe da Juliana – e também da avó paterna. Para ela, a saudade é grande, já que o menino mora no interior com a bisavó. “No momento sou avó só de visita mesmo, mas ele vem aqui e eu vou lá sempre que posso”, explicou ela.
Com a experiência de ser avó bastante jovem, a fotógrafa teve que lidar com muitas ‘piadinhas de mau gosto’, como ouvir as pessoas falando que ela ‘começou cedo’. Juliana afirmou que isso já foi um incômodo antes, mas hoje não é mais. “Tenho maturidade e cuido bem da minha família, é isso que importa”, enfatizou.
Quando questionada sobre de onde vem o desempenho e referência para ser uma boa avó, Juliana Andrade disse que vem da própria mãe. “Além de ser uma mãe guerreira, criando nove filhos sozinha, ela me ajudou com a criação de minha filha e agora do meu neto”, contou ela, que não teve contato com os avós paternos e só um pouco com a avó materna, que já tem 103 anos.
Avó emprestada
Não só de laços sanguíneos se constroem as relações de avós. Assim como muitas mães e pais assumem filhos ‘emprestados’, há também os avós que criam afeto e cuidam dos netos como se fossem seus. Arlene Maria, 43 anos, também é uma avó da Segunda Idade e tem uma neta ‘emprestada’, mas, mesmo não tendo uma ligação de sangue com a criança, ela sente e trata como se fosse sua.
Ela contou que a relação com o enteado – pai da criança – nem sempre foi boa, porém existe um laço familiar e, com o nascimento da pequena Nicolly, 1 ano, ele foi fortalecido. “Acho que hoje ele me compreende mais do que quando era mais jovem. Ela [a neta] é um renascimento, fortaleceu mais o nosso laço como mãe e filho”, disse ela, que ficou surpresa quando o enteado ligou perguntando se ela não iria conhecer a neta. “Eu fiquei surpresa, porque não esperava”, assumiu.
Segundo Arlene, mãe nem sempre é quem coloca no mundo. Sua neta, Nicolly, tem não só uma avó como também uma segunda mãe.“Nicolly me olha com um olhar de filha, ela pensa que sou a mãe dela. Eu sinto que ela me olha como meus filhos me olhavam quando tinham essa idade”, contou.
Para ela, o cuidado que teve como mãe foi redobrado quando se tornou avó. “Realmente, avó é avó com açúcar. Quando você é avó, é mais velha, tem um pouco mais de experiência e paciência. A gente fica pensando ‘eu deveria ter sido assim com meus filhos’”, finalizou ela.
Siga o A TARDE no Google Notícias e receba os principais destaques do dia.
Participe também do nosso canal no WhatsApp.
Compartilhe essa notícia com seus amigos
Siga nossas redes



