Candomblé abre seu ciclo de festejos

Cleidiana Ramos



Está aberta temporada de festas dos terreiros de candomblé em Salvador. A partir desta semana, as divindades das mais variadas nações serão celebradas por seus “filhos” em grandes festejos nos quais o rito sagrado é seguido pela partilha de alimentos, uma característica marcante das religiões de matrizes africanas, para as quais a comida é uma das formas de comunicação com o divino.



“A partilha comunitária do alimento fecha um ciclo ritual que começa pela manhã com a preparação das oferendas para as divindades”, explica o doutorando em história social Jaime Sodré, que é xicarangoma, título para o sacerdote músico do candomblé de nação angola, do Terreiro Tanuri Junssara e oloê, espécie de conselheiro do Terreiro Bogum.



Sodré explica que as festas abertas ao público costumam acontecer no final e início do ano. “Esses períodos costumam anteceder o Carnaval, que logo será seguido pela Quaresma, quando na maioria das casas haverá um recesso litúrgico. A partir de então, só vão acontecer os rituais internos”, completa Sodré.



Espaços sagrados – O período de festas varia de terreiro para terreiro. Cada um deles tem a sua própria lógica interna de festividades e também para o seu recesso litúrgico, período em que são realizados apenas rituais internos. Em algumas tradições, costuma-se dizer que as divindades, nesse espaço de tempo, voltam para as suas próprias batalhas e não visitam os espaços sagrados.



A Casa Branca, por exemplo, segundo o chefe do Departamento de Antropologia da Ufba e ogã da Casa, Ordep Serra, já encerrou o seu ciclo de festividades maiores. A preparação agora é para o “lorogum”, uma festividade que antecede o recesso litúrgico do terreiro, que coincide com a Quaresma católica, iniciada na Quarta-feira de Cinzas, logo após o Carnaval”.