CASO CARREFOUR
Casal torturado em supermercado vai pedir prisão de envolvidos
Ao Portal A TARDE, o advogado de defesa disse que vítimas estão com medo e receberam ameaças de morte
O advogado Wallison Pereira, responsável pela defesa do casal de negros que foram agredidos e torturados por supostos seguranças do mercado Big Bompreço do bairro de São Cristóvão, da rede Carrefour, revelou que vai pedir a prisão preventiva dos envolvidos. A afirmação aconteceu durante entrevista exclusiva ao Portal A TARDE.
Morando atualmente no Distrito Federal, Wallison chega à Salvador na quinta-feira, 11, mas disse que já conversou com as vítimas. Segundo o advogado, os dois estão com medo porque chegaram até a receber ameaças de morte, no dia da sessão de tortura.
"A Carrefour vem agredindo negros em suas redes com frequência e nada acontece. A gente quer algo sério. O crime que o casal cometeu é algo insignificante pelo que foi feito com eles. Eles foram torturados e expostos. O crime só veio à tona porque um dos agressores postou o vídeo nas redes sociais. Quero pedir a prisão preventiva dos suspeitos. Eu quero que eles sejam todos presos", afirmou o advogado.
Wallison ainda disse que pretende processar a empresa de segurança e a Carrefour pelos crimes de tortura, racismo e cárcere privado. "Vamos avaliar o caso direito quando eu chegar".
Caso
O caso aconteceu no Big Bompreço do bairro de São Cristóvão e ganhou repercussão nacional na última sexta-feira, 5, após um vídeo ser divulgado nas redes sociais. As imagens mostram um homem e uma mulher sendo agredidos diversas vezes por supostos seguranças da rede. Em determinado momento, o casal admite que 'roubou' o alimento porque precisava levar para a filha, porém, a sessão de tortura continua.
A mulher ainda tenta proteger o rosto quando recebe tapas de um dos agentes, mas é recriminada. “Tire a mão, sua desgraça”, diz o agressor.
No domingo, 7, a Polícia Civil informou que um inquérito policial foi instaurado pela 12ª Delegacia Territorial (DT) de Itapuã. Na segunda-feira, 8, a corporação disse que diligências investigativas ao estabelecimento comercial e em outros pontos da cidade, oitivas de representantes do mercado e busca de imagens de câmeras de vigilância já estão sendo realizadas, para identificar os envolvidos.
Além disso, a Coordenação Especializada de Repressão aos Crimes de Intolerância e Discriminação (Coercid) acompanha as apurações do caso.
O Ministério Público do Estado (MP-BA) informou na segunda que irá instaurar um procedimento para apurar se houve prática de racismo no caso por meio da 1ª Promotoria de Justiça de Direitos Humanos.
No mesmo dia, o ministro dos Direitos Humanos e da Cidadania, Silvio Almeida, afirmou que a pasta adotará medidas rígidas e acionará o Ministério da Justiça e Segurança Pública e a Polícia Federal para discutir a regulamentação das empresas de segurança no Brasil.
Também será acionado o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura para que sejam tomadas medidas sobre esse e outros casos semelhantes. Em outra frente, a pasta proporá a responsabilização penal das empresas por prática discriminatória.
A Carrefour também se posicionou sobre o caso. Confira a nota da rede na íntegra:
"Assim que tomamos conhecimento do caso lamentável, empenhamos de forma imediata todos os esforços para apurar o ocorrido e tomar todas as medidas cabíveis. A primeira delas e fundamental foi, de forma proativa, realizar uma denúncia de agressão e lesão corporal à Polícia Civil, para que esse crime inaceitável seja rigorosamente apurado. Esta denúncia foi registrada eletronicamente, com número de protocolo 2023/0000257096-0, e encaminhada à 12ª Delegacia Territorial - Itapuã. Esta medida reforça o nosso compromisso de sermos incansáveis no combate a qualquer tipo de violência.Em um vídeo que mostra o fato, é possível identificar que o agressor tem uma tatuagem na mão. No avanço das nossas investigações internas, apuramos que nenhum profissional direto ou indireto que atua na unidade tem essa tatuagem. Mesmo assim, não podemos aceitar que um crime como esse tenha ocorrido em nossas dependências. Por isso, na própria sexta-feira (5/05), desligamos a liderança e equipe de prevenção da loja. Reforçando nossa tolerância zero com a violência, inclusive nos cargos de gestão. Além de rescindir o contrato com a empresa responsável pela segurança da área externa, onde a violência ocorreu. Assumimos a nossa responsabilidade e tomamos medidas rápidas e duras.
É inadmissível que qualquer pessoa seja tratada desta maneira. É um crime, com o qual não compactuamos. Estamos buscando o contato das vítimas para nos desculparmos pessoalmente, além de oferecer suporte psicológico, médico ou qualquer outro apoio necessário."
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