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TRANSPLANTE DE ÓRGÃOS

Caso de Faustão estimula interesse por doação

Sistema Estadual de Transplantes tem percebido movimento maior na busca por informações

Por Lívia Oliveira*

30/08/2023 - 6:01 h
Central de Órgãos, no Hospital Roberto Santos, faz a captação para o transplante no subsolo da unidade de saúde
Central de Órgãos, no Hospital Roberto Santos, faz a captação para o transplante no subsolo da unidade de saúde -

O apresentador Fausto Silva, conhecido como Faustão, realizou uma cirurgia de transplante de coração no último domingo. A operação tem despertado o interesse maior na população em conhecer mais sobre doações de órgãos e até mesmo em doar. O Sistema Estadual de Transplantes da Secretaria de Saúde da Bahia (Sesab), tem percebido um movimento maior na busca por informações.

Neste primeiro semestre do ano houve um aumento de 5% de doações de órgãos. Em paralelo a isso, a fila de espera tem aumentado em 10% nos últimos três meses na Bahia.

Segundo Eraldo Moura, coordenador do Sistema Estadual de Transplantes da Sesab, “teve um interesse maior da população de procurar informação com a gente ou nos hospitais onde tem as comissões de transplante”.

Na Bahia, no primeiro semestre deste ano, o órgão mais doado foi a córnea. “Córnea a gente tem o número maior de doadores, total de 391 doações de janeiro a julho deste ano. Depois vem os múltiplos órgãos, dentre os pacientes que doam fígado, rim, coração, que foram até o mês passado 87. Atualmente são 2.930 pessoas na fila para transplante na Bahia”, aponta o coordenador.

Registros

O coordenador afirma haver aumento tanto da fila de transplante, quanto de doações no estado. Três meses atrás eram cerca de 2.700 pessoas na espera de transplantes, houve um aumento de cerca de 10%.

É uma tendência que segue o mesmo período do ano passado, quando houve aumento de 12% na espera por transplantes entre maio e julho. Em maio de 2022, foram 2.568 pessoas na lista de espera, já em julho subiu para 2.886.

“O aumento das doações tem sido menor. Enquanto a fila atualmente está em torno de 10%, a lista de doação aumentou 5% só nos primeiros 6 meses deste ano. Então, proporcionalmente, a gente tem uma fila muito maior do que a quantidade de doadores”, destaca.

Karen Alessandra Arantes de Matos, 52 anos, fez transplante de coração em janeiro do ano passado. “Depois da cirurgia por doença de Chagas não foi bem sucedida, eu já estava na fila do transplante. Já o processo de recuperação foi muito difícil. Fiquei quase 4 meses me recuperando”, relata Karen.

Suporte

Para ela, foi fundamental o apoio de amigos, familiares e a equipe do hospital. Devido ao ocorrido, toda sua família se tornou doadora de órgãos.

“O que eu puder fazer para ajudar eu faço, porque eu precisei e foi uma coisa que até hoje é sem explicação. No dia que iam desligar a máquina, que eu não ia mais conseguir viver, apareceu o meu coração. Rezo todos os dias para essa pessoa que doou”, disse.

Numa enquete feita pelo A TARDE com 10 pessoas, 6 alegaram ter interesse em doar após o transplante do apresentador Faustão.

“Quando eu soube que eu poderia doar meus órgãos, eu achei incrível, poder salvar a vida de alguém depois da minha morte é lindo e poético e todo mundo deveria doar seus órgãos. Doarei todos possíveis e cuido do meu corpo para que eles estejam em boas condições para alguém que esteja precisando”, afirma Caio Gabriel Góis, 21 anos.

Para a designer Lavínia Santos, 23 anos, a doação é uma forma de garantir o fluxo de ajuda às pessoas e suas necessidades principais.

“A vida de mais pessoas pode ser salva a partir da nossa doação com solidariedade e compaixão pelo próximo. Ao morrer, nossos órgãos iriam ser enterrados, enquanto que, uma vez doados, teríamos mais vidas sendo beneficiadas”.

Mudança

O artista plástico e consultor de comunicação corporativa de Nivaldo Fortes, 53 anos, conta que a maioria da família concorda com a doação. “Acho importante a necessidade de doar, visto que muitos dependem da ajuda da família do doador para salvar novas vidas. O incentivo a doações estimula mais empatia, cuidado e compromisso com o próximo. É na verdade uma extensão real de uma nova oportunidade de vida”.

A doação de órgãos só pode ser feita com autorização da família. Por isso é imprescindível conversar com os familiares sobre o interesse em doar.

Os hospitais maiores têm comissões inter-hospitalares de doações e são organizados para informar sobre o processo e fazer o acolhimento.

“Primeira ação é o termo de autorização da doação com os órgãos que a família autoriza a doação e, a partir daí, é toda parte de trâmite, que é encaminhar a documentação para Central de Transplante. A Central coloca os dados do doador no ranking no sistema que faz a identificação de qual receptor é compatível com o doador”, explica Eraldo.

*Sob a supervisão da editora Meire Oliveira

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