SALVADOR
Charme urbano entre Barra, Graça e Ondina
Por Luisa Torreão, do A TARDE
Entre os limites pouco definidos da Barra, Graça e Ondina, está o Chame-Chame. Muitos prédios, poucas casas e pontos comerciais diversos compõem o cenário local, essencialmente urbano. Bairro nobre da cidade, tem como fio condutor a Avenida Centenário, com suas árvores frondosas. Compreende locais de classes média e alta, como a Rua Professor Sabino Silva e o Jardim Apipema, e outras de baixo poder aquisitivo, como a comunidade Roça da Sabina.
Apesar de tradicional na história da capital baiana, o Chame-Chame está se tornando um bairro fragmentado. O que acontece é que alguns trechos da região acabaram por ficar tão conhecidos que ganharam certa autonomia. A depender da localização residencial, os endereços adquirem nomes mais usuais, como Jardim Apipema, Jardim Brasil e até a própria Av. Centenário.
Seja qual for o termo dado, a predominância residencial em ruas tranqüilas e arborizadas faz valer a moradia. “Aqui é um dos lugares melhores que eu já encontrei para morar. É uma tranqüilidade, parece interior”, elogia o comerciante Sérgio Fernandes Suzart, 47 anos, morador há dez. Depois de ter ficado desempregado, ele resolveu montar o próprio negócio perto de casa, há um ano.
Na Rua Ari Barroso, o ponto comercial vende água, refrigerante, frutas e outras coisas. Tudo o que é preciso se encontra ali perto, sem sair da redondeza. “Aqui tem igreja, hospital, mercado, escola. Faço tudo andando”. Para ele, a única deficiência fica por conta da segurança local. A região conta com dois módulos policiais, um em frente ao Shopping Barra e outro no final da Rua Sabino Silva.
Para quem mora no Chame-Chame, os poucos problemas apontados se referem à segurança, como ocorre em toda parte da cidade, e ao tumulto em época carnavalesca. “Realmente, o Carnaval causa um transtorno muito grande. Principalmente porque a maioria dos moradores é composta por pessoas idosas. Praticamente toda a área fica interditada, e a própria igreja não funciona”, avalia o pároco da Igreja de Santa Terezinha do Menino Jesus, Antônio Rosélio de Oliveira.
Em família
A professora de idiomas aposentada Maria Stela Ferreira, 74, está há 27 anos na região do Chame-Chame. Já passou pelo Morro Ipiranga e atualmente reside na Rua Professor Sabino Silva. Com os anos de vivência no local, por onde passa, ela já conhece todo mundo. “A gente parece que está em família. Estou tão acostumada aqui que, se sair, eu morro”. Casada e com filhos, tem inclusive as irmãs morando perto.
“Aqui é meu bairro preferido, tem tudo o que preciso. Só na rua onde moro tem farmácia, delicatessen, padaria, minimercado, banca de frutas e lojas”, afirma Stela. Moradora desde 1973, quando se mudou do interior para a capital, a aposentada Lygia Maria Viana Dantas, 69, concorda: “Apesar da limitação da idade, tudo por aqui eu faço andando”.
Ela lembra do logradouro quando os prédios ainda eram poucos, a igreja local era pequena e no lugar do Shopping Barra haviam apenas casebres. “Agora está tudo mais agitado, por força do progresso”, diz. Ao longo dos anos, a aposentada viu crescer arranha-céus e passarelas, o que, para ela, não tirou o charme do lugar. “O Chame-Chame é um bairro ótimo, por causa das facilidades que oferece. Nunca pensei em sair”.
Apesar de ser morador de Cajazeiras, Joseval de Souza Andrade, 46, trabalha há 20 anos em uma banca de revistas do bairro e adora. Diariamente, cumpre uma jornada intensa de trabalho, das 6h30 às 21h30. “Na prática, eu moro aqui e passeio em casa”, brinca.
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