Cidade Jardim se destaca pela tranqüilidade

Diferentemente da maioria dos bairros de Salvador, o Cidade Jardim foi bem programado e estruturado. O terreno, onde foram construídos prédios exuberantes da classe média-alta, era dominado por mato e pertencia à OAS Empreendimentos. Em 1989, foi loteado com o nome de Parque da Cidade, logo depois retificado por decreto para Cidade Jardim. O pequeno bairro, de 147.499,38 metros quadrados, tem poucas ruas – todas com edificações modernas de luxo.



Não há muito espaço livre para novas construções. Estas são bem valorizadas no mercado imobiliário. O metro quadrado chega a ser vendido, atualmente, por R$ 3 mil a R$ 3.700. Um dos moradores mais antigos, Vicente Favela Filho, 66 anos, conta que antes de a OAS adquirir o terreno, a Chácara Alvorada, de herdeiros portugueses, ocupava o espaço. “A área foi comprada pela OAS por 200 mil cruzeiros, preço que depois foi cobrado na venda de um lote”, conta. A reportagem não teve retorno da empresa para obter mais informações.



As mansões, como é chamada a maioria das edificações, possuem área ampla e oferecem lazer. No bairro, não há escolas, praças, mercadinhos, jardins públicos, nem posto de saúde. Ônibus não circulam. É possível encontrar apenas pequenos restaurantes e delicatessens, um pequeno shopping, centro médio e outro empresarial. No entanto, a característica residencial é balanceada pelos bairros vizinhos. Os grandes complexos do Itaigara e do Iguatemi atendem às demandas dos moradores do Cidade Jardim.



PLAYGROUND – A ausência de área pública de lazer acaba sendo compensada pelas áreas recreativas de cada prédio residencial. A maioria deles com piscina, academia, lan house, quadras de esporte, etc. As crianças brincam no playground e não nas ruas. É difícil encontrar um morador circulando a pé pelo bairro. A movimentação quem faz é quem vem de fora para usufruir dos serviços dos centros médico e empresarial ali instalados.



Até mesmo na famosa feirinha de frutas e verduras, que acontece toda sexta-feira pela manhã, é mais fácil encontrar com os moradores do bairro vizinho, Candeal Pequeno, e com os empregados dos apartamentos do que com seus proprietários. “O morador não transita muito, chega de carro e entra na garagem. Não tem contato direto, nem familiaridade com quem circula no bairro”, afirma a moradora Aidil Fadul, ressaltando que os moradores do Candeal Pequeno são muito atenciosos e não há do que reclamar.



Quem mora no Cidade Jardim garante ter escolhido o espaço pelo sossego e boa localização. “Adoro essa moradia, é muito tranqüila”, afirma o aposentado Hernani Aragão, 56 anos, há 12 no Cidade Jardim. A comerciante Sureide Barreto, 53 anos, também se diz satisfeita com a moradia. “Excelente, bem organizada, perto de tudo”, classifica. Artistas baianos como os cantores Durval Lélys, Adelmo Casé e Tatau também residem por lá.



Na rua principal do bairro, Leonor Calmon, há ainda uma banca de revista, uma barraca de frutas e um comerciante que vende bolsas e conserta relógios. Este último mora há 17 anos no Candeal Pequeno, mas passa a maior parte do dia no Cidade Jardim. “Não tenho do que reclamar de nenhum dos dois lugares, os dois são meus lares”, diz.